Resumo: |
O objectivo principal deste Projecto é compreender a diferença entre as abordagens da natureza da mente feitas na ciência cognitiva e na filosofia. Para isso, tomaremos como referência tentativas, levadas a cabo na ciência cognitiva e na filosofia, de desenvolver uma teoria da racionalidade. Como no projecto anterior do grupo (RBD1, sub-projecto da Unidade I&D 502), entendemos que uma teoria da racionalidade envolve (i) uma descrição ou caracterização dos factores em jogo nas ocasiões em que agentes passam de determinadas crenças para outras crenças, adicionam ou eliminam crenças do seu corpo de crenças, ou optam, a partir de um conjunto de crenças e desejos, por um curso de acção por entre várias alternativas, (ii) um conjunto de hipóteses acerca da forma como decidimos entre critérios de correcção quando falamos da justificação ou racionalidade de crenças e acções, (iii) um conjunto de hipóteses acerca das razões por que queremos saber (se de facto queremos) se as nossas crenças são verdadeiras e os nossos raciocínios e acções racionais.
Enquanto no Projecto RBD 1 o foco do nosso interesse foi a motivação dos agentes para a acção, concebida esta quer do ponto de vista da ciência cognitiva quer da filosofia, o nosso interesse reside agora na própria relação entre filosofia e ciência cognitiva. Pensamos que uma teoria da racionalidade deve ter como ponto de partida a investigação em ciência cognitiva (nomeadamente estudos acerca de raciocínio, decisão, emoções e teoria da mente) mas não pode identificar-se com essa investigação. Para defender esta tese, pretendemos seleccionar problemas específicos (respeitantes a raciocínio, decisão, emoções e teoria da mente) e comparar abordagens desses problemas na ciência cognitiva e na filosofia. Na nossa tentativa de tornar explícitas relações e diferenças entre estudos científicos da cognição e filosofia, que virá também a permitir-nos caracterizar a agenda da filosofia da ciência cognitiva, guiar-nos-emos pelo trabal |
Resumo O objectivo principal deste Projecto é compreender a diferença entre as abordagens da natureza da mente feitas na ciência cognitiva e na filosofia. Para isso, tomaremos como referência tentativas, levadas a cabo na ciência cognitiva e na filosofia, de desenvolver uma teoria da racionalidade. Como no projecto anterior do grupo (RBD1, sub-projecto da Unidade I&D 502), entendemos que uma teoria da racionalidade envolve (i) uma descrição ou caracterização dos factores em jogo nas ocasiões em que agentes passam de determinadas crenças para outras crenças, adicionam ou eliminam crenças do seu corpo de crenças, ou optam, a partir de um conjunto de crenças e desejos, por um curso de acção por entre várias alternativas, (ii) um conjunto de hipóteses acerca da forma como decidimos entre critérios de correcção quando falamos da justificação ou racionalidade de crenças e acções, (iii) um conjunto de hipóteses acerca das razões por que queremos saber (se de facto queremos) se as nossas crenças são verdadeiras e os nossos raciocínios e acções racionais.
Enquanto no Projecto RBD 1 o foco do nosso interesse foi a motivação dos agentes para a acção, concebida esta quer do ponto de vista da ciência cognitiva quer da filosofia, o nosso interesse reside agora na própria relação entre filosofia e ciência cognitiva. Pensamos que uma teoria da racionalidade deve ter como ponto de partida a investigação em ciência cognitiva (nomeadamente estudos acerca de raciocínio, decisão, emoções e teoria da mente) mas não pode identificar-se com essa investigação. Para defender esta tese, pretendemos seleccionar problemas específicos (respeitantes a raciocínio, decisão, emoções e teoria da mente) e comparar abordagens desses problemas na ciência cognitiva e na filosofia. Na nossa tentativa de tornar explícitas relações e diferenças entre estudos científicos da cognição e filosofia, que virá também a permitir-nos caracterizar a agenda da filosofia da ciência cognitiva, guiar-nos-emos pelo trabalho de autores como D. Davidson, D. Dennett and J. Fodor. |
Observações: |
Rationality has for millennia been considered the mark of the human. However, and although philosophers have continuously tried to characterize thought processes and logicians have, for over a century, sought to develop formal systems to capture the nature of valid inferences, it was the development of a theory of rational decision in the 20th century that has instituted a dominant normative perspective, or at least a central reference, in the studies of rationality. The axiomatic theory of rational choice was developed over 50 years ago in the context of economics (Von Neumann e Morgenstern 1947, Savage 1954), although for example the philosopher and mathematician F. Ramsey had previously elaborated a theory of partial belief and inconclusive argument based on a subjectivist theory of probability (Ramsey 1926), and mathematicians like Pascal and Bernouilli had also, much earlier on (17th, 18th centuries), sought to conceive the relations between agents and goods or values in situations of alternative choice in terms of probabilities.
According to rational choice theory, a theory which intends to be neutral relative to any psychological and philosophical assumptions about the mind, what characterizes the behaviour of rational agents in situations of choice is the maximization of expected utility. Several objections to this definition of rationality have been raised since then, based on empirical studies of cognition. In our former research project (RBD1) we have tried, working mainly from the point of view of the philosophy of mind and action, to find out is if the idea of a neutral description of rational decision (without going deeper into the nature of mind and motivation) could even be defended.
We were thus confronted with the need to distinguish cognitive science and philosophical approaches, not only of rational action but of mind and rationality in general. That was how the present project was born – not only do we feel that there is a need for a general theory of rationality, relating the so-called rational behaviour of agents with a more explicit characterization of the nature of the mind and motivation underlying this behaviour, but also we think that investigations of the nature of rationality constitute a very significant case study if we are interested in comparing cognitive science and philosophy, in their respective approaches to the nature of mind. As philosophers such as S. Stich (Stich 1993), S. Blackburn (Blackburn 1998) and R. Nozick (Nozick) saw, this has to do with the fact that there is a normative/ descriptive problem in the study of rationality, which may generate ambiguities and inexplicit assumptions. We start, then, by stating our own basic assumptions. They are the following: (i) what we do when we speak about rationality is open to several interpretations (normative, descriptive, prescriptive), (ii) it is difficult, or next to impossible, to interpret empirical data on rationality (which are, themselves, largely a result of the application of theoretical models) without a theory of mind and a theory of normativity, (iii) those theories of mind and normativity have to be stated clearly. Through this project we intend to develop these assumptions in order to obtain a comparative picture of the nature of philosophy and cognitive science. |