Assunto:
Arquitectura e Cinema
Resumo (PT):
Este texto propõe-se analisar a obra de António da Cunha Telles, particularmente no que se refere ao seu papel como um dos fundamentais realizadores do novo cinema português. Mais conhecido pelo seu papel como produtor de quase todos os filmes que interessam naquele período particular da cinematografia portuguesa, Cunha Telles assumiu igualmente a realização de dois filmes essenciais: O Cerco, em 1970 e, quatro anos mais tarde, Meus Amigos. Para além de um retrato da sociedade urbana no período que antecedeu a Revolução de 1974, em que se percebe nos personagens o desencanto sentido no Portugal de então, os dois filmes analisados são também um registo de uma Lisboa em final de ciclo. N’O Cerco, os espaços filmados são diversificados, alternando entre interiores habitacionais e de escritório (o mundo da publicidade é, tal como em Perdido Por Cem, sintomaticamente representado) e os espaços urbanos de Lisboa, que conjugados com a música de António Victorino d'Almeida e a candura de Maria Cabral (caso singular de cumplicidade com a câmara no cinema português) deixam uma memória da cidade, perdurável por longo tempo. Em Meus Amigos, o espaço arquitectónico desempenha um papel central na narrativa, já que quase todas as filmagens são feitas em interiores de apartamentos, dando um retrato dos espaços vividos por uma burguesia culta, muito politizada e em clara perda de identidade, acentuando a claustrofobia em que se encontrava o país.
Abstract (EN):
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica
Nº de páginas:
13
ISBN:
978-989-98215-0-7