Dirige-se a estudantes e profissionais das Ciências da Educação e outras áreas que valorizam o conhecimento e a reflexão sobre modos de intervir no campo social, cultural e económico e onde as dimensões educativa e formativa sejam determinantes.
2º ciclo em Ciências da Educação da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto tem como objetivos:
Este curso visa, com base no contacto orientado e reflexivo sobre a diversidade de contextos educativos formais e não formais e no desenvolvimento de processos de investigação/ação/intervenção, a formação de profissionais altamente qualificados/as, como Mestres em Ciências da Educação, cujo perfil compreende as seguintes competências:
A partir destas competências, pode afirmar-se que se configura um perfil de gestor/a, avaliador/a, animador/a, consultor/a sócio-educativo e da formação.
O plano de estudos deste 2º ciclo pretende constituir-se em articulação com o 1º ciclo, apresentado também no âmbito do processo de Bolonha, constituído fundamentalmente por uma formação de base e por uma iniciação e integração à profissionalidade, com base num perfil profissional de Mediador/a Sócio-Educativo/a e da Formação, que habilita os seus licenciados para atuarem em instituições com fins educativos formais e não formais.
Para além das pessoas licenciadas em Ciências da Educação com o 1º ciclo (processo de Bolonha), este 2º ciclo em Ciências da Educação dirige-se a estudantes e profissionais de outras áreas que percecionam como importante, para os seus percursos estudantis e profissionais, o conhecimento e a reflexão sobre modos de concretizar uma intervenção nos domínios da educação – em contextos de educação formal e de educação não formal, de proteção social, de reeducação ou outros -, da formação – de formadores, de gestão e animação da formação, do desenvolvimento pessoal, local e comunitário -, e em atividades de natureza cultural, social e económica, onde as dimensões educativa e formativa são determinantes.
A oferta de formação integra, quer a tradição das Ciências da Educação na FPCEUP, quer outras perspetivas nacionais e internacionais. Ao mesmo tempo, valoriza uma lógica integrada, de rigor e de inovação, na investigação e na intervenção nas realidades sócio-educativas, através de aprendizagens adequadas às transformações da educação e às exigências de empregabilidade.
Para a edição de 2023-2025 a iniciar em Setembro de 2023, o 2º Ciclo de Estudos em Ciências da Educação organiza-se em quatro domínios:
Educação, Género, Corpo e Violência
A violência é cada vez mais um problema social e educativo que assume características de género, hoje intoleráveis. Numa perspetiva histórica, a construção social do género vem sendo concetualizada de forma complexa, que ultrapassa as conceções biolologistas e binárias de feminino e masculino. De igual modo, a herança da modernidade sobrevalorizou a mente na Educação, estabelecendo uma dicotomia com o corpo que é desafiada pelo conhecimento atual.
As diferentes formas de violência exercidas sobre mulheres, crianças e idosos/as são sinais de formas de vida desumanizadas cuja tolerância acaba por contaminar toda a vida social. A tomada de consciência acerca do sofrimento das vítimas — até há pouco silenciado — é o resultado de movimentos sociais, das transformações culturais, da investigação e de uma maior exigência ética que tem levado à produção de políticas públicas para o combater.
Toda a violência tem uma dimensão corpórea, como locus de vivências, o que exige da Educação novas perspetivas e posicionamentos na ação educativa.
As Ciências da Educação têm produzido conhecimento e formação de forma estruturada, traduzidos em pós-graduações (Prevenção da Violência de Género na Escola e na Família) e domínios do MCED (Risco, Vulnerabilidade e Violência, 2010-11; Género, Educação e Cidadania 2006-2009). Numa perspetiva histórico-cultural, os domínios do MCED da herança cultural (2005-07; 2012-14) e da cultura (2016-18) e Educação intercultural (2006-08) têm salientado a emergência do corpo na Educação quer como objeto de higienização e cuidado médico, quer como fortalecimento e robustez física da população ou ainda numa dimensão antropológica como locus de apresentação e representação do individual, do social e do simbólico.
Neste domínio, privilegiaremos uma abordagem educativa emancipatória interdisciplinar que tenha em conta o género, a corporeidade e a violência, cruzando as perspetivas histórica, antropológica, sociológica, dos estudos culturais e feministas.
Educação, Política e Democracia: Participação e cidadania juvenil
A educação é essencial à construção da democracia, e continua a ser um significativo preditor da participação cívica e política. Nos últimos anos, cenários de crise económica, política e climática têm trazido desafios à democracia sob a forma de ameaças à justiça social e intergeracional. Estas ameaças exigem um esforço de imaginar novas formas de relação entre educação e política. Por um lado, os grupos juvenis estão entre os mais vulneráveis à marginalização política, aprofundada na interseção com dimensões de desigualdade socio-educacional e instrumentalizada por discursos populistas e de desinformação. Por outro lado, os grupos juvenis praticam a cidadania de modos crescentemente mais amplos, individual e coletivamente, na rua e na escola, em movimentos sociais e nas redes sociais, em formatos visuais e performativos. É, portanto, crucial a ligação entre diferentes contextos onde emergem novos imaginários políticos e educacionais.
Este domínio alicerça-se em investigação desenvolvida no CIIE, em torno da educação política em contextos formais, não-formais e informais, a partir de esforços interdisciplinares, abordagens participativas e métodos mistos. Concretamente, visa-se desenvolver a aquisição de conhecimentos e competências que permitam aos estudantes:
i) compreender as transformações nas culturas políticas juvenis, o papel das redes sociais na politização e o modo como se desenvolve a inter-relação entre a educação e a política quotidiana, associativa e institucional;
ii) investigar a ação política, offline e online, como experiência pedagógica e de aprendizagem democrática, com implicações para a problematização de práticas de educação no ativismo e formas de ativismo na educação;
iii) desenvolver projetos de intervenção que aprofundem a ligação entre diversos contextos educativos (escolas, ONGs, municípios, movimentos sociais) e promovam a participação e o empoderamento sociopolítico e educacional de grupos em risco de exclusão;
iv) avaliar criticamente as potencialidades e os limites da escola como espaço de democracia, considerando os níveis do currículo e das práticas de educação para a cidadania na interface com a comunidade;
v) conceber estratégias socioeducativas que mobilizem ferramentas digitais e facilitem a integração das agendas juvenis pelas políticas institucionais, territórios autárquicos e organismos da sociedade civil.
Ensino Superior: Políticas, governação, gestão e administração institucionais
Este domínio visa promover a formação especializada das/os estudantes no âmbito do estudo das políticas, da governação, da gestão e da administração do ensino superior. Pretende-se que adquiram conhecimentos e competências que lhes permitam:
Aos estudantes será dada a possibilidade de se envolverem em projetos de investigação nas áreas de estudos do ensino superior e a opção pelo estágio curricular será apoiada pela inserção em contextos institucionais, com vista a favorecer a iniciação à prática profissional autónoma e integração no meio profissional.
Escola, Participação e Tecnologias Digitais
Os desafios da transição digital fazem-se sentir nas mais diversas esferas da sociedade, provocando mudanças nas políticas e contextos de educação/formação, com efeitos visíveis nas condições de participação e na ação educativa dentro e fora das escolas. Tais efeitos sentem-se, por um lado, através do aumento exponencial da quantidade e variedade de informações e de recursos digitais disponíveis, das possibilidades crescentes de personalização dos ambientes e das situações de aprendizagem, bem como da diversidade de meios de colaboração e comunicação dentro e fora da sala de aula. Por outro lado, coexiste o fenómeno de exclusão digital como consequência quer da falta de acesso às tecnologias digitais, quer da falta de competências para o seu uso crítico e de condições equitativas de participação na sociedade. O domínio “Escola, Participação e Tecnologias Digitais” insere-se na confluência de saberes teórico-práticos das áreas de intervenção: “Educação escolar, Participação e Tecnologias Digitais”, numa proposta que tem como objetivo promover a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de competências que permitam aos estudantes:
Na Edição 2022-2024, em curso, o 2º Ciclo de Estudos em Ciências da Educação está organizado em quatro domínios :
Avaliação e Gestão da Qualidade em Educação: Políticas e práticas
Avaliação e a gestão da qualidade têm vindo a assumir uma grande centralidade e relevância na coordenação política dos sistemas educativos e nas estratégias institucionais, com impactos nos processos educativos, a nível europeu, nacional e institucional. Para responder às necessidades de formação especializada neste âmbito, este domínio organiza-se em torno das políticas e das práticas de avaliação em educação. Em primeiro lugar, o foco incide sobre a análise da construção das políticas de avaliação, da gestão institucional e pedagógica da qualidade em educação como tecnologias políticas. Em segundo lugar, assume a avaliação em educação aos diferentes níveis do sistema educativo, das instituições e da própria avaliação educacional, com ênfase nos seus aspetos práticos, designadamente ao nível da reconfiguração da intervenção profissional.
O domínio destina-se a estudantes, professores e outros profissionais de educação, visando a aquisição de conhecimentos e competências que lhes permitam atuar ao nível da conceção de projetos e do desenvolvimento de processos de avaliação e de gestão institucional e pedagógica em diferentes domínios do campo educacional.
Pretende-se, mais especificamente, que os/as estudantes adquiram conhecimentos e competências que lhes permitam:
Esta proposta assenta no pressuposto da forte articulação entre educação, artes e cidadanias numa relação de mútua interpelação e reforço. Tira partido da formação, saberes e experiência das pessoas proponentes, o que inclui a participação em projetos nacionais e internacionais relevantes para a compreensão e aprofundamento dos temas.
Numa perspetiva de educação ao longo da vida, com diversos grupos da população e nos mais diversos contextos, advoga-se a necessidade e possibilidade de desenvolver uma educação com artes, num enquadramento emancipatório, ou seja, potenciador da descoberta e da afirmação da voz pessoal, como dimensão constitutiva da construção das cidadanias de sujeitos únicos, inseridos em grupos sociais e relações de poder particulares.
Esta abordagem propõe uma visão mais holística do ser humano e do seu potencial de produção cultural e social, enquanto autor e ator da sua história. Para além de desocultar as desigualdades sociais presentes e reproduzidas pela educação, este domínio explora uma visão de possibilidade na educação, enquanto processo socioeducativo construído com as pessoas e com as comunidades. A aprendizagem com artes configura uma educação outra, como experiência ética, estética e solidária, que cria espaço para o exercício da cidadania, podendo provocar o empoderamento dos grupos da população em condições de desfavorecimento, discriminação e exclusão.
O domínio “Educação, Comunidades e Mudança Social” procura promover o desenvolvimento de modos de investigação e de intervenção atentos às dinâmicas de construção local e participativa de processos de educação e formação e às dimensões sociopolíticas que as envolvem e configuram.
Nesta edição (2022/2024), haverá um foco específico nas questões de Educação em contexto de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.
A intervenção em processos de Cooperação para o Desenvolvimento na área da Educação realizada por movimentos e atores sociais diversos (desde instituições públicas a ONG) espoleta questionamentos e desafios ao campo das práticas e da reflexão educativas e salienta espaços e formas de intervenção profissional onde os mestres em Ciências da Educação poderão encontrar a sua pertinência social, quer do ponto de vista da investigação, consultoria, avaliação e/ou intervenção.
Pretende-se, neste domínio de especialização, apresentar e debater os modos como se equaciona o papel da Educação em processos de Cooperação para o Desenvolvimento. Para tal, será central:
Este domínio de especialização pretende, assim, integrar no campo da reflexão educativa a discussão das dimensões política, social, cultural e económica dos processos de desenvolvimento, numa lógica em que se destacará essencialmente a dimensão educativa da intervenção política e social.
O campo da reflexão sobre a problemática da inovação pedagógica é um campo marcado por tensões e contradições que obrigam a um esforço de clarificação concetual, o qual nos conduz à valorização da Epistemologia como área de referência que tem vindo a ser subestimada. Trata-se de uma tendência que poderá ser explicada, em larga medida, pelo peso que a Psicologia, enquanto área vista como capaz de revelar os contornos das ações educativas nas escolas, assumiu no movimento de recusa do paradigma da instrução. Focalizando-se nos alunos e no seu desenvolvimento pessoal e social, essa tendência contribuiu para desvalorizar o património de informações, instrumentos, procedimentos e atitudes culturalmente validado, desvalorizando-se, por isso, a reflexão epistemológica sobre este património. Neste sentido, o debate educativo acabou por se empobrecer e gerar um conjunto de impasses concetuais que, de algum modo, têm prejudicado a reflexão com evidentes prejuízos no campo da formação de professores, no campo da investigação e no próprio debate público sobre a transformação dos projetos de educação escolar. É urgente, por isso, demonstrar os equívocos que têm vindo a ser alimentados pelo paradigma pedagógico da aprendizagem (Trindade & Cosme, 2010)1 e explorar as possibilidades concetuais que se abrem com uma reflexão no âmbito da qual é a relação entre os alunos, nas suas singularidades, e o património culturalmente validado, nas suas particularidades, que passa a constituir o foco da atenção dos professores.
Se esta é uma das dimensões que estrutura o domínio do Mestrado em Ciências da Educação que nos cabe dinamizar, importa ter em conta uma outra e que diz respeito à necessidade de valorizar o desenvolvimento da literacia dos estudantes, nas mais diversas áreas do saber, como objetivo dos projetos de educação escolar no mundo contemporâneo. É este objetivo que justifica, mais uma vez, a importância da reflexão epistemológica como componente incontornável da reflexão sobre os sentidos dos projetos de inovação pedagógica.
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[1] Trindade, Rui; Cosme, Ariana (2010). Educar e aprender na Escola: Questões, perspectivas e respostas pedagógicas. V. N. de Gaia: Fundação Manuel Leão.
Comissão Científica
Isabel Maria Alves e Menezes Figueiredo
Maria Teresa Guimarães de Medina
Contactos
Código Oficial: | 6031 |
Diretor: | Alexandra Sá Costa |
Sigla: | MCED |
Grau Académico: | Mestre |
Tipo de curso/ciclo de estudos: | Mestrado |
Início: | 2007/2008 |
Duração: | 4 Semestres |