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Investigador da FMUP aplica «nova arma» no tratamento do linfedema

Ricardo Horta tem vários trabalhos em curso na área da engenharia de tecidos

Quando um cientista procura soluções para problemas do mundo real, quem sai a beneficiar são sempre os doentes. Como no caso de Ricardo Horta, que além de professor e investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), é médico especialista em Cirurgia Plástica e Reconstrutiva da ULS de São João. 

Como cirurgião plástico e investigador, Ricardo Horta implementou uma técnica minimamente invasiva inovadora que permite tratar o linfedema, que se caracteriza pela acumulação de líquido, inchaço, sensação de peso, limitação de movimento e dor, resultando muitas vezes de cirurgias e tratamentos para o cancro, como o esvaziamento axilar e a radioterapia. 

“O linfedema ocorre em consequência da estase de líquido hiperproteico na derme e tecido celular subcutâneo traduzindo um desequilíbrio entre o aporte de fluido linfático (produção) e a capacidade de transporte do sistema linfático”, explica Ricardo Horta, que é também diretor do Serviço de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva da ULS São João, no Porto.

O novo tratamento, que consiste na implantação de um dispositivo por via subcutânea, permite reestruturar, reparar e regenerar as estruturas linfáticas, constituindo uma “nova arma” para uma condição que tem um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes.

“A função estrutural temporária desta tecnologia permite orientar e promover a regeneração de novos vasos linfáticos através da acumulação e estruturação das células endoteliais. Assim, ao longo do tempo, leva à regeneração de vasos linfáticos totalmente funcionais e naturais nos membros do doente”, acrescenta.

Nesta mesma área, o investigador da FMUP está a desenvolver um estudo com tubos hidrofóbicos em silicone, ao mesmo tempo que prossegue outros trabalhos, em parceria com várias instituições, nomeadamente em reconstrução auricular com bioprint 3D combinada com reconstrução autóloga, bem como na área de engenharia dos tecidos, com base no potencial das células estaminais do tecido adiposo e no potencial de criopreservação como alternativa às células do cordão umbilical.

Os seus projetos incluem, entre outros, o desenvolvimento de um infinite book para cirurgia plástica (livro reutilizável, ecológico, contendo ilustrações de procedimentos mais frequentemente realizados quer cirurgias estéticas quer reconstrutivas e reconstrução mamária), malformações vasculares complexas, reconstrução maxilar complexa e efeito de fatores psicopatológicos e/ou biológicos sobre a elegibilidade de doentes candidatos a cirurgia plástica de contorno corporal após cirurgia metabólica (bariátrica).