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Notícias gerais

Público e privado debateram desafios e oportunidades da transformação digital e da inovação em Saúde em Portugal

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Parceiros da SauDInoB encontram-se pela primeira vez na FMUP

fonseca e altamiro

“Um marco histórico”, “um dia especial”, “um momento determinante” foram algumas das expressões utilizadas para descrever o I Encontro de Parceiros da Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica – SauDInoB, que decorreu no auditório da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), no dia 29 de setembro.

Integrado na iniciativa “Change Health Days@FMUP”, promovida por esta Faculdade, a iniciativa reuniu representantes de dezenas de entidades parceiras (académicas, científicas e da indústria) para, juntamente com professores e investigadores da FMUP, debater os desafios, necessidades e oportunidades que a transformação digital e a inovação em Saúde trazem ao setor, bem como as necessidades e as aptidões dos futuros profissionais.

Na sessão de abertura, o diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, prestou o seu reconhecimento e deu as boas vindas a todos os parceiros. “É muito importante que haja cooperação. Estamos aqui para ouvir as perspetivas das várias entidades presentes, que poderão ser os empregadores dos nossos estudantes”, desejou.

Também o vice-reitor da Universidade do Porto, José Castro Lopes, realçou a “mais-valia” que os parceiros da FMUP representarão na formação dos estudantes do novo ciclo de estudos da FMUP, que arranca no ano letivo de 2024/25.

“A interdisciplinaridade é um fator crítico de valorização das instituições do ensino superior. As respostas científicas mais interessantes surgem na interseção das diferentes áreas de estudo. Também na medicina há todo o interesse em promover o cruzamento com diferentes domínios do conhecimento”, afirmou.

O presidente do Conselho Científico da FMUP, Adelino Leite Moreira, salientou que “a saúde digital vai crescer e que a inovação é “crítica”, no sentido de acrescentar valor ao conhecimento e alavancar a economia e as instituições, numa altura em que o financiamento público é escasso.


"É preciso formar profissionais de saúde híbridos"

Numa sessão dedicada à Licenciatura, o professor da FMUP e responsável pela SaudeInoB, João Fonseca, salientou a “ligação essencial entre a saúde digital e a inovação biomédica” e a necessidade de formar “profissionais de saúde híbridos”, que sejam capazes de fazer pontes. Por sua vez, Nuno Vale, Inês Falcão Pires, Bernardo Sousa Pinto, que estão na base da nova Licenciatura, e Elísio Costa, representando a academia, apresentaram os seus conceitos, princípios, objetivos, estrutura e desafios pedagógicos do novo ciclo de estudos.

António Parada, CEO e fundador da FairJourney Biologics, que conta com 100 doutorados e 14 anticorpos em desenvolvimento clínico, chamou a atenção para “a quantidade de dados que acumulamos hoje”, que considerou “absolutamente estratosférica”. Não por acaso, anotou, a própria Google está a apostar cada vez mais na área biomédica. Por isso, “temos de crescer muito rapidamente” e “a FMUP pode ser”, mais do que um membro, “o cimento deste ecossistema”.

Ao longo do dia, os participantes neste Encontro estiveram em quatro painéis, subordinados aos temas “Análise de dados e Inteligência Artificial em Saúde”, “Investigação Clínica e Gestão de Inovação em Saúde”, “Sistemas de Informação em Saúde” e “Investigação Biomédica e Bioinformática”.

Filomena Barreto (Unilabs), Ruben Pereira (Associação Nacional das Farmácias), Cláudio Pereira (Siemens-Healthineers) e Francisco Goiana (Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde), moderados por Alberto Freitas e Bernardo Sousa Pinto, protagonizaram o painel dedicado à “Análise de Dados e Inteligência Artificial em Saúde”.

A representante da Unilabs explicou o papel que a inteligência artificial já desempenha no seu laboratório. Ruben Pereira, da ANF, indicou o enorme volume de dados das farmácias comunitárias portuguesas (um milhão de transações por dia) e lamentou a “deficiência” na formação de pessoas para trabalhar em bases de dados na área da saúde”, com o devido conhecimento da legislação aplicável.

Francisco Goiana (DE-SNS) referiu-se à “grande reforma do SNS nas Unidades Locais de Saúde”, em que um dos ganhos foi passar a ter um único sistema de informação. “Até agora, os centros de saúde não usavam, muitas vezes, o mesmo sistema dos hospitais e a comunicação era impossível”, exemplificou. Outro problema é tornar o setor público atrativo para os profissionais dos dados, em competição com empresas como a Google, em que a remuneração é muito superior.

Já o responsável da Siemens-Healthineers falou em falhas na literacia digital, nomeadamente entre os profissionais de saúde, do medo e da desconfiança em relação às tecnologias e à IA e da falta de formação dos utilizadores. Em relação aos futuros profissionais, desejou que as competências humanas se aliem às técnicas, de modo a criar confiança nos utilizadores.


"Hospitais são hoje mineiros de dados de saúde"

“Investigação Clínica e Gestão de Inovação” foi o título do painel que juntou Isabel Vaz (Luz Saúde), João Massano (Centro Hospitalar Universitário de São João/FMUP), Susana Marques (Pfizer) e Maria José Barros (CUF Academic Center), com a moderação de Luís Azevedo (FMUP) e Emília Monteiro (Nova Medical School).

Para Isabel Vaz, “os hospitais são hoje mineiros de uma nova commodity, que são os dados de saúde”, e os nossos centros de investigação têm de os transformar em “ouro médico”, em articulação com a academia e com a indústria. João Massano considera que “é preciso repensar o hospital de investigação do futuro, estabelecer pontes e fazer investigação para o mundo real”. Susana Marques, diretora médica da Pfizer, fez notar que os ensaios clínicos estão muito aquém do potencial de Portugal, sendo que 92% são da responsabilidade da indústria farmacêutica, e deixou o repto para que haja promoção da literacia em saúde e seja dado espaço e tempo à investigação.

Maria José Barros (diretora do Cuf Academic Center) identificou aqueles que devem ser os quatro stakeholders da saúde – a indústria, a academia, o setor público e o setor privado – e definiu os quatro desafios que o setor da saúde enfrenta – melhoria do diagnóstico, o patient safety, a gestão da doença crónica e a otimização dos processos e sustentabilidade.

No painel sobre “Sistemas de Informação em Saúde e Telessaúde”, foram intervenientes José Bastos (Knok Healthcare), José Mesquita (Glintt), Tiago Costa (VirtualCare) e José Castanheira (ULSM).

O responsável da Knok Healthcare, empresa líder da prestação de cuidados de saúde em telemedicina em Portugal (incluindo um assistente virtual com recurso a IA), sublinhou questões como a falta de recursos, a sustentabilidade e a exigência de qualidade por parte dos “clientes” para justificar a transformação digital, enquanto o representante da Glintt fez um discurso centrado na “normalização” dos dados e no “gap comunicacional” entre os clínicos e as tecnologias.

Já o CEO da VirtualCare contou a sua própria experiência como licenciado em Ciência dos Computadores que tem de lidar com clínicos. “Como empresa que faz registos eletrónicos, temos de levantar as necessidades dos hospitais, mas já percebemos que ninguém melhor do que um profissional de saúde para fazer esse levantamento. Estou ansioso pelos primeiros licenciados deste novo curso”, admitiu. O diretor do departamento de Tecnologias de Informação da ULSM referiu projetos que decorrem na Unidade, designadamente em telemedicina, mas apontou também os problemas, como a existência de inúmeras aplicações e sistemas muito diferentes que são um obstáculo à interoperabilidade.

Sintetizando, Tiago Taveira Gomes (FMUP), como moderador, observou que o desafio que se coloca hoje à saúde é como mudar as peças de um avião que está em andamento e não pode parar. O também moderador Henrique Martins, falando à distância, lembrou que é preciso pensar a telessaúde, em que Portugal foi “pioneiro”, em conjunto com os processos clínicos eletrónicos, e fazer integração dos dados das diferentes plataformas, a nível nacional e até europeu.

O quarto e último painel, sobre “Investigação Biomédica e Bioinformática”, contou com as intervenções de Nuno Gomes (FairJourney Biologics), Filipa Mota e Costa (Janssen) Joana Paredes (i3S) e Cristiana Branco da Cunha (Stemmatters), com moderação de Nuno Vale e Inês Falcão Pires (FMUP).

Coube ao CIO da FairJourney Biologics destacar os desafios da digitalização, como o investimento, a integração de sistemas, a mudança cultural e a segurança cibernética. Os benefícios incluem rastreabilidade, otimização de tarefas e redução de custos, resultando em mais rentabilidade. Em desenvolvimento está uma base de dados única, com recurso a IA e machine learning, que aumentará a competitividade no mercado.

Filipa Mota e Costa (diretora geral da Jannsen) acredita que “o medicamento do futuro vai ser cada vez mais associado à tecnologia. Aliar tecnologia e ciência de dados vai surpreender-nos a todos pelo que vai trazer em benefícios para os doentes, que é o que todos procuramos”.

Em representação do i3S, Joana Paredes entende que “a qualidade de investigação de hoje depende da integração de um grande número de dados, pelo que se torna crucial ter pessoas que falem a mesma linguagem”. Tal como é crucial, em Oncologia, a Medicina de Precisão. “Não basta gerar dados, temos de fazer a translação para a Medicina”, disse.

A capacidade de comunicação interdisciplinar foi o aspeto realçado por Cristiana Branco da Cunha (Stemmatters). “Haver quem consiga harmonizar a comunicação entre os stakeholders é fundamental. Quem consegue perceber os dados de saúde de forma integrada deve conseguir comunicar de forma mais eficiente”, acredita. Espera ainda mais empreendedorismo na área biomédica para criar mais valor para o país.

Para além deste I Encontro de Parceiros da Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica – SauDInoB, cujo número ultrapassa as quatro dezenas, o “Change Health Days@FMUP” incluiu, no dia 28 de setembro, o VIII Meetup “Gestão da Mudança nas Organizações de Saúde” e, no dia 30 de setembro, o SocialMedX – 1.º Encontro de Formadores de Opinião Digital em Saúde.

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