Resumo (PT):
A expansão urbana e a moldagem da sua configuração estão intimamente relacionadas com as intensidades de fluxos ou pressões que a população exerce sobre o espaço. O fluxo migratório tem demonstrado um crescimento contínuo e num ritmo muito acelerado, das áreas rurais para as áreas urbanas, e numa escala generalizada. Se em 1960 a população urbana era de 33,6%, hoje ronda mais de 51 %, e a previsão para 2050 é de 67,2% (United Nations, 2011) No futuro, o crescimento urbano será mais expressivo sobretudo na África subsariana e na Ásia. (Fuller, 2014).
Em Cabo Verde esta pressão é bem expressiva nos principais centros urbanos. A proporção da população urbana em 1990 representava 44,1% da população total, em 2000 passou para 53,4%, enquanto que em 2010 representava 61,8%. Na ilha de Santiago, a cidade da Praia, capital do país, destaca-se no sistema urbano, albergando 42,1% da população urbana do país, 76,8% da população da ilha, e 97% do município (INE, 2010).
A cidade da Praia teve uma expansão bastante rápida e contínua, moldando as formas urbanas e agudizando os problemas ambientais, sociais e económicos. A expansão urbana tem implicado formas urbanas de dispersão. A expansão urbana dispersa, acarreta custos uma vez que é consumidora de solo, implica o aumento dos custos de infra-estruturação do território, sobretudo dos serviços básicos e da rede viária, aumentando assim a dependência do transporte individual privado e a segmentação espacial.
Nesta investigação constitui um ensaio metodológico, que tem como objectivo principal, testar três métricas espaciais (a densidade edificada, o índice de compacidade e a complexidade da forma urbana), e vem no seguimento de vários trabalhos desenvolvidos sobretudo no Norte de Portugal (Marques, Silva, & Delgado, 2009; Delgado, 2012) . Aplicamos estas métricas em contextos urbanos diferentes, na África e num país insular, Cabo Verde.
Alguns autores fazem a quantificação das formas urbanas utilizando imagens de satélites, sobretudo para escalas mais abrangentes (Huang, Lu, & Sellers, 2007) ou escalas locais (Carvalho & Pais, 2011). Esta investigação recorre-se a dados vectoriais (planimetria escala 1:10000) relativos ao edificado para diferentes épocas, 1969, 1993, 2003 e 2010 modelados com recurso aos SIGs, usando algoritmos específicos tanto para a desagregação de polígonos (Marques, Silva, & Delgado, 2009) como para a própria quantificação das métricas espaciais utilizadas por McGarigal & Marks, (1994); Huang, Lu, & Sellers, (2007). O enfoque assenta numa análise comparativa das três métricas para cada uma das diferentes épocas referidas, tendo como unidade de análise a quadricula de um hectare de área. A distância de agregação dos polígonos foi 20 metros. Os resultados obtidos chegam a diferenciar valores de densidade, compacidade e complexidade em áreas aparentemente homogéneas.
Os mapas e gráficos resultantes, demonstraram um crescimento contínuo e bastante rápido da cidade da Praia, onde as densidades da área edificada foram aumentando sobretudo nos bairros mais antigos. As áreas de baixa densidade tiveram pouca variabilidade entre 1969 e 1993, mas assistiu-se a um avanço das formas urbanas mais compactas nas áreas centrais. Regista-se uma tendência para a proliferação e segregação da dispersão na periferia da cidade, havendo um crescimento da cidade com base na edificação dispersa que posteriormente vai-se progressivamente compactando. As formas urbanas mais simples estão sobretudo na parte central dos bairros mais antigos e importantes, e as mais complexas estão nas periferias dos mesmos, com a edificação dispersa.
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica