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Dicotomias urbanas em Moçambique: cidades de cimento e de caniço

Título
Dicotomias urbanas em Moçambique: cidades de cimento e de caniço
Tipo
Artigo em Livro de Atas de Conferência Internacional
Ano
2012
Autores
Fernandes, Mário Gonçalves
(Autor)
FLUP
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Mendes, Rui
(Autor)
FLUP
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Ata de Conferência Internacional
Páginas: 1362-1379
2ª Conferência da Rede Portuguesa de Morfologia Urbana : Morfologia urbana nos países lusófonos (PNUM 2012 - Portuguese Network on Urban Morphology)
Lisboa, ISCTE, 5 e 6 de Julho de 2012
Classificação Científica
FOS: Humanidades
Outras Informações
Resumo (PT): As urbes moçambicanas são frequentemente cidade duais, coexistindo numa mesma cidade duas realidades morfotipológicas claramente distintas, temporal e tecnicamente diferenciáveis, mas interdependentes e imbricadamente ligadas entre si. A cidade de cimento é a cidade herdada do poder, uma cidade para aqueles que dominavam e onde assentava a estrutura administrativa do território. Como o nome indica, uma cidade edificada em materiais nobres, perenes, e estruturada formalmente de forma planeada e, pelo menos pretensamente, mais racional. No entanto, fruto do crescimento económico e da consequente demanda de mão-de-obra para o sector industrial que se instalava nas cidades moçambicanas, nasceram nas franjas dessas urbes outras cidades ou novas partes da mesma cidade, improvisadas pelas gentes provenientes do hinterland próximo e do interior mais longínquo, que trazem modos de vida próprios e ancestrais e os incorporam no espaço urbano. Esses novos espaços, bairros originalmente “espontâneos” que pelas suas dimensões superam hoje a cidade formal de cimento num continuum urbano aparentemente caótico e improvisado, são construídos em materiais perecíveis, frequentemente recolhidos da natureza, como a madeira, o capim e o caniço que lhes dá o nome. Tecnicamente e morfologicamente opostas, estas duas faces da mesma moeda estabeleceram relações de interdependência muito fortes: de um lado a cidade de cimento que necessita da mão-de-obra daqueles que habitam na cidade de caniço; nesta, aqueles que demandam a cidade formal para assegurar o seu modo de vida. A independência de Moçambique alteraria a perspectiva com que os poderes encaravam a cidade de caniço. De espaços tolerados mas não reconhecidos e sem direitos de propriedade, eternamente suspensos em terrenos muitas vezes impróprios para habitação, passou-se para uma fase em que essas áreas são reconhecidas como parte integrante da cidade, encetando-se, em consequência, políticas de valorização e organização dos espaços e das pessoas, frequentemente com o apoio de organismos internacionais. As alterações políticas, a guerra, os maus anos agrícolas provocaram em Moçambique um intenso êxodo rural, do qual decorreu o crescimento exponencial dos bairros de caniço, levando a que várias das cidades moçambicanas sejam hoje maioritariamente constituídas pelas áreas de caniço, que envolvem a cidade formal e por vezes ocupam espaços públicos livres (praças, jardins,…) do coração urbano. Fenómeno singular da evolução, contacto e partilha de espaços dá-se em anos mais recentes, quando o próprio caniço, nas principais metrópoles como Maputo e a Beira, conhece profundas alterações na sua estrutura. A sinergia entre espaços e gentes provoca a transformação do caniço tradicional/formal, de maeriais perecíveis, organização orgânica e edificado vernacular tradicional, consoante as origens/etnias dos povos que aí se estabeleciam, em espaços organizados, com os materiais perecíveis a serem substituídos por materiais mais perenes e com a imagem do edificado a emular os modelos da cidade de cimento. O caniço tradicional é, assim, remetido para as áreas mais afastadas do contacto com a cidade de cimento, embora subsista nas áreas de menor dinamismo económico, particularmente nas cidades de segunda linha. (...)
Idioma: Português
Tipo (Avaliação Docente): Científica
Notas: Resumo nas pag. 242 a 245
Tipo de Licença: Clique para ver a licença CC BY-NC
Documentos
Nome do Ficheiro Descrição Tamanho
a-mario_fernandes_dicotomias 1939.03 KB
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