Resumo (PT):
Desde os anos 80 do século XX cresce o número de escritores de língua alemã de origem judaica nascidos depois da Shoah e oriundos quer de países de leste quer de Israel e muitos deles descendentes de judeus alemães. Os seus textos muito heterogéneos têm em comum uma inflexão temática e perspetívica, já que neles a memória da Shoah, sem perder importância, perde, contudo, a centralidade (Bodemann apud Hessing 2016: 245). Os textos surgem ancorados nas experiências políticas da dissolução do bloco soviético e da reunificação da Alemanha e da Europa, saldando-se, assim, numa mudança de paradigma. A Europa deixa de ser para estes autores judeus de segunda, terceira e quarta gerações apenas “um lugar de memória”, para ser analisada nas suas coordenadas sociais e políticas contemporâneas, marcadas por questões como os emigrantes de segunda geração e as migrações. Comum a muitos é também o facto de orientarem para Leste o seu eixo de ancoragem geográfica e referencial.
Escolhi para o meu artigo os textos Chronik meiner Strasse [Crónica da minha rua] de Barbara Honigmann e Ohnehin [Mesmo assim] de Doron Rabinovici, que pelas múltiplas histórias e pelas opções estético-literárias e ideológicas que convocam se abrem, cada um a seu modo, à construção de uma imagem da Europa de valor verdadeiramente cosmopolita e transnacional.
Abstract (EN):
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica