Resumo: |
Os benefícios do treino de exercício nos factores de risco modificáveis, aptidão cardiorespiratória e tolerância ao exercício em pacientes com doença das artérias coronárias (DAC) estão bem documentados. Contudo, o mesmo não se verifica relativamente ao efeito do exercício na atenuação da disfunção endotelial e inflamação vascular, para o qual a evidência científica não é robusta, já que a maioria dos estudos são observacionais, não randomizados, não controlados, e sem critérios de inclusão rígidos [1]. De facto, apenas três [2-4] estudos controlados e randomizados (ECR) foram realizados investigando os efeitos do exercício nos biomarcadores de inflamação em pacientes com DAC. Contudo, mesmo estes estudos apresentam vários pontos que merecem reflexão, incluindo o momento da avaliação inicial pós-evento agudo e a utilização de apenas um biomarcador de inflamação, o que não ilustra a complexidade da reacção inflamatória subjacente à DAC [2,3]. Estas limitações podem explicar os resultados contrastantes reportados neste estudos. Adicionalmente, ao autores não controlaram as modificações na dieta, actividade física e gordura corporal, consequentemente não avaliando a sua contribuição para as alterações na disfunção endotelial e inflamação, e desta forma não observando o efeito independente do exercício na atenuação do processo aterosclerótico. Os referidos estudos também não avaliaram marcadores de disfunção endotelial, disfunção esta fundamental para o início e progressão da aterosclerose [4]. Adicionalmente, como a disfunção endotelial e a inflamação vascular parecem estar relacionadas com alteração da função autonómica e aumentado da rigidez arterial [5], o exercício ao atenuar os processos subjacentes à DAC deverá ter um impacto favorável sobre estas alterações. Contudo, que seja do nosso conhecimento, não existe um único ECR avaliando simultaneamente o impacto do exercício na função endotelial, inflamação, rigidez arterial e função autonómica, contribuindo desta |
Resumo Os benefícios do treino de exercício nos factores de risco modificáveis, aptidão cardiorespiratória e tolerância ao exercício em pacientes com doença das artérias coronárias (DAC) estão bem documentados. Contudo, o mesmo não se verifica relativamente ao efeito do exercício na atenuação da disfunção endotelial e inflamação vascular, para o qual a evidência científica não é robusta, já que a maioria dos estudos são observacionais, não randomizados, não controlados, e sem critérios de inclusão rígidos [1]. De facto, apenas três [2-4] estudos controlados e randomizados (ECR) foram realizados investigando os efeitos do exercício nos biomarcadores de inflamação em pacientes com DAC. Contudo, mesmo estes estudos apresentam vários pontos que merecem reflexão, incluindo o momento da avaliação inicial pós-evento agudo e a utilização de apenas um biomarcador de inflamação, o que não ilustra a complexidade da reacção inflamatória subjacente à DAC [2,3]. Estas limitações podem explicar os resultados contrastantes reportados neste estudos. Adicionalmente, ao autores não controlaram as modificações na dieta, actividade física e gordura corporal, consequentemente não avaliando a sua contribuição para as alterações na disfunção endotelial e inflamação, e desta forma não observando o efeito independente do exercício na atenuação do processo aterosclerótico. Os referidos estudos também não avaliaram marcadores de disfunção endotelial, disfunção esta fundamental para o início e progressão da aterosclerose [4]. Adicionalmente, como a disfunção endotelial e a inflamação vascular parecem estar relacionadas com alteração da função autonómica e aumentado da rigidez arterial [5], o exercício ao atenuar os processos subjacentes à DAC deverá ter um impacto favorável sobre estas alterações. Contudo, que seja do nosso conhecimento, não existe um único ECR avaliando simultaneamente o impacto do exercício na função endotelial, inflamação, rigidez arterial e função autonómica, contribuindo desta forma para explicar a relação entre estes parâmetros e, consequentemente, tentando ilustrar os mecanismos que estão subjacentes aos benefícios promovidos pelo exercício físico crónico. Desta forma, constituem-se como objectivos deste projecto avaliar, num ECR em pacientes com DAC, os efeitos de um programa de treino de exercício: (i) nos biomarcadores de função endotelial, (ii) nos biomarcadores de inflamação, (iii) na função autonómica e (iv) na rigidez arterial. Adicionalmente, pretendemos analisar a (v) contribuição da idade e das alterações nos factores de risco tradicionais para a modificação da disfunção endotelial e da inflamação, e (vi) a contribuição das alterações nos biomarcadores inflamatórios e de função endotelial para a modificação da função autonómica e rigidez arterial. Para alcançar esses objectivos iremos recrutar 64 pacientes, após o primeiro enfarte do miocárdio, e dividi-los aleatoriamente pelos grupos de exercício e de controle. Os pacientes do grupo de exercício irão participar num programa de exercício aeróbio com 8 semanas de duração. O grupo de controle receberá os cuidados médicos habituais. No início do estudo e após a conclusão do programa de exercício, ambos os grupos serão submetidos ás seguintes avaliações: antropometria, perfil lipídico e parâmetros metabólicos, hemodinâmica em repouso, actividade física diária, hábitos alimentares, função ventricular esquerda (fracção de ejecção em repouso e os níveis em circulação da fracção N-terminal do peptídeo natriurético tipo B), aptidão cardiorespiratória e hemodinâmica no pico do exercício, rigidez |