Resumo: |
Este é um estudo multi-disciplinar que integra três áreas científicas - Microbiologia, Química Analítica e Tecnologia de Tratamento de Águas Residuais. Embora seja consensual que os desinfectantes, metais pesados e antibióticos são continuamente libertados para os esgotos municipais, não é claro que estes não se encontram na água residual tratada. Também não é claro se a presença destes resíduos nas águas residuais impõe a selecção de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos. Através de um estudo integrado, este projecto tem por objectivo elucidar sobre estes dois aspectos e sobre a qualidade das águas residuais. Neste estudo é proposto identificar, e sempre que possível, quantificar a influência de factores químicos, biológicos e físicos responsáveis pela sobrevivência e/ou proliferação de bactérias resistentes a antibióticos durante o tratamento das águas residuais urbanas.
Este projecto foi desenhado com base em estudos anteriores e em curso do nosso grupo que, confirmando diversos trabalhos de outros autores, mostraram que uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) a funcionar normalmente, apesar de reduzir a carga microbiana, não elimina as bactérias resistentes a antibióticos, e que pode contribuir para a disseminação destes organismos e /ou dos seus genes. Estas observações levantaram algumas hipóteses que serão abordadas neste estudo: 1) se um efeito semelhante ao acima descrito é observado em ETARs com sistemas de tratamento diferentes; 2) se este efeito é meramente uma consequência do processo de tratamento ou se resulta da presença de pressão selectiva, como resíduos de antibióticos.
Duas ETARs, uma com tratamento secundário por leito percolador e outra com um biorreactor de leito fixo submerso, serão comparadas com outra, previamente estudada, que usa um sistema de lamas activadas. Para que a comparação seja clara, todos os parâmetros serão analisados como razões entre afluente não tratado e efluentes tratados. A normalização d |
Resumo Este é um estudo multi-disciplinar que integra três áreas científicas - Microbiologia, Química Analítica e Tecnologia de Tratamento de Águas Residuais. Embora seja consensual que os desinfectantes, metais pesados e antibióticos são continuamente libertados para os esgotos municipais, não é claro que estes não se encontram na água residual tratada. Também não é claro se a presença destes resíduos nas águas residuais impõe a selecção de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos. Através de um estudo integrado, este projecto tem por objectivo elucidar sobre estes dois aspectos e sobre a qualidade das águas residuais. Neste estudo é proposto identificar, e sempre que possível, quantificar a influência de factores químicos, biológicos e físicos responsáveis pela sobrevivência e/ou proliferação de bactérias resistentes a antibióticos durante o tratamento das águas residuais urbanas.
Este projecto foi desenhado com base em estudos anteriores e em curso do nosso grupo que, confirmando diversos trabalhos de outros autores, mostraram que uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) a funcionar normalmente, apesar de reduzir a carga microbiana, não elimina as bactérias resistentes a antibióticos, e que pode contribuir para a disseminação destes organismos e /ou dos seus genes. Estas observações levantaram algumas hipóteses que serão abordadas neste estudo: 1) se um efeito semelhante ao acima descrito é observado em ETARs com sistemas de tratamento diferentes; 2) se este efeito é meramente uma consequência do processo de tratamento ou se resulta da presença de pressão selectiva, como resíduos de antibióticos.
Duas ETARs, uma com tratamento secundário por leito percolador e outra com um biorreactor de leito fixo submerso, serão comparadas com outra, previamente estudada, que usa um sistema de lamas activadas. Para que a comparação seja clara, todos os parâmetros serão analisados como razões entre afluente não tratado e efluentes tratados. A normalização destas análises será feita com base na comparação da eficácia do tratamento, aferida através de parâmetros padronizados (CBO; CQO; heterotróficos totais, coliformes fecais, enterococos). Outros parâmetros químicos a analisar incluem o conteúdo em metais pesados (ex. Hg, Pb, As, Zn, Cd, Cr), em resíduos de antibióticos (ex. quinolonas, beta-lactâmicos, tetraciclinas, sulfonamidas, aminoglicosídeos, macólidos) e em desinfectantes (ex. triclosan, compostos de amónio quaternário). Os padrões de resistência a antibióticos e a sua prevalência no afluente (água residual) e no efluente tratado serão obtidos por análise fenotípica de isolados de enterobactérias, pseudomonadas e outras Proteobacteria não-fermentadoras, enterococos e estafilococos. A diversidade da microbiota da água residual e do efluente tratado será comparada através do método PCR-DGGE.
A caracterização fenotípica dos perfis de resistência a antibióticos e as suas percentagens relativas serão correlacionadas com as análises químicas para detectar e, sempre que possível, quantificar os factores geradores de pressão selectiva responsáveis pela manutenção de bactérias resistentes a antibióticos na água residual tratada. Para além de selecção clonal também a transferência horizontal de genes pode contribuir para a obtenção de elevadas percentagens de bactérias resistentes a antibióticos em águas residuais urbanas. Através do isolamento e caracterização de elementos genéticos relacionados com este processo de recombinação será avaliada a relevância da transferência horizontal de genes em cada ETAR. |