Resumo (PT):
Face à pluralidade de ameaças que pendem sobre a humanidade e a Terra, as narrativas pessoais e institucionais
tendem a adquirir uma conotação salvífica ou lutuosa que faz depender o destino do planeta do (in)sucesso da
mobilização de políticas públicas, dos meios apropriados ou do voluntarismo esclarecido de um qualquer líder mundial. A retórica da ciência e do poder surgem como a única bússola que pode orientar a navegação: a acumulação de mais ciência é a etapa que antecede a sua tradução em poder, isto é, num fazer que afectará benevolamente a praxis.
Estas narrativas são porém a continuação da profissão de fé de vários pressupostos modernos. Sob o auspício de
uma crescente gestão planetária, é esquecido haver uma classe de problemas que pode bem não admitir resolução.
Através da consideração da impotência surpreendemos uma superação conceptual da equação entre conhecimento e poder e uma nobilitação da acção nos seus limites próprios.
Abstract (EN):
Given the range of threats that nowadays have a bearing over mankind and the Earth, too many times personal and institutional narratives are crossed with a salvaging or a mourning meaning that places the Earth’s fate in either the successful mobilization of public policies, more appropriate means or the enlightened awareness of a world leader.
The rhetoric of power thus appears as the only guiding principle for faring in an unknown ground: one acquires more knowledge before translating it into power, that is, into a making that will benevolently affect praxis. Such narratives are nevertheless nothing more than a continuation of modern prejudices. Under the spell of an encroaching global management, one forgets how there is a class of problems for which a straightforward solution might not be available.
By considering powerlessness, one goes beyond the equation between knowledge and power while granting action its proper limits.
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica