Estética
Ocorrência: 2008/2009 - 1S
Ciclos de Estudo/Cursos
Língua de trabalho
Português
Objetivos
Dotar os alunos dos instrumentos conceptuais capazes de permitir o exercício e de reflexão crítica da criação e recepção das obras de arte. O contacto com um percurso temático que percorre alguns dos principais agentes de reflexão estética contemporâneos deverá potenciar a autonomia crítica e a interiorização da intrínseca interdependência entre a dimensão de produção e recepção artísticas e o discurso conceptual.
Programa
Assumindo o carácter constitutivamente problemático das relações de produção e de recepção de obras de arte, procuraremos apresentar a Estética como uma abordagem capaz de fornecer os um instrumentos conceptuais susceptíveis de, por um movimento de duplicação reflexiva dessa relação, permitir um aprofundamento da experiência da obra de arte.
Se entendermos a experiência artística como momento privilegiado de constituição representacional do real (isto é, de produção de cultura e de realidade), teremos de admitir a sua natureza inultrapassavelmente contextual: quer ao nível da sua produção, quer ao nível da sua recepção, a experiência da obra de arte é fruto do contexto cultural e epocal em que se desenvolve. Mas ela é também lugar de uma paradoxal experiência do tempo e da cultura: experiência de um momento inaugural que nunca é duplicável pelo movimento de recepção, e experiência de uma relação capaz de ultrapassar as coordenadas restritas do contexto em que emerge. A dimensão paradoxal da obra de arte e da relação estética surge novamente na sua articulação com a realidade, isto é, com a não arte: ao longo da história da cultura e do pensamento ocidentais esta foi uma relação a vários títulos problemática; sem pretendermos ultrapassar o carácter aporético desta relação, procuraremos pôr em evidência constitutivamente desta relação.
- Tópicos a desenvolver
1 - Arte e Cultura: o lugar da estética.
a) A arte como constituição representacional do real.
b) As aporias da definição do conceito de arte;
2- Arte, Tempo e História: a experiência da obra de arte entre o contexto e a transcontextualidade.
a) Platão: O anátema lançado à arte em nome de uma representação de mundo que condena a arte à condição de representação de segundo grau:
1— A representação platónica de real e a representação platónica de arte: a crítica à arte mimética na obra A República.
2 — A ambiguidade da crítica platónica às artes: A tentativa de uma definição universal do belo — problematização.
b) Arte e Modernidade: do real como modelo da arte à arte como modelo do real.
c) Kant: A Estética kantiana como paradigma da modernidade crítica.
1 — O carácter desinteressado da experiência estética.
2— A utopia da reconciliação da subjectividade e da universalidade:
a) O juízo de gosto: a exigência de um sensus communis.
b) A universalidade do juízo de gosto — problematização.
3 — O conceito de génio e a noção de Sublime: a experiência do não representável.
d) Hegel: A arte como momento de um processo de auto-representação dialéctica do real.
1 — O devir-conceito da representação.
2 — A noção de “fim da arte”: problematização.
e) Nietzsche: A Arte como modelo da relação entre o homem e o real:
1 — O filósofo da suspeita: relativismo e perspectivismo.
2— A categoria do trágico: arte enquanto intensificação da experiência.
3— O relativismo axiológico e a crítica à racionalização da arte — problematização.
f) T. Adorno: A arte como transformação do real.
1— A arte e a história: o lugar do novo.
2— Arte, realidade e revolução: as aporias do comprometimento político.
3— Arte e comunicação: a irredutibilidade da arte à comunicação; a exigência de radicalidade da investigação artística.
g) J.-F. Lyotard e J. Derrida: O figural e a crítica ao logocentrismo
1— J.-F. Lyotard: Vanguarda, presença e representação: a experimentação como modo privilegiado de acção criativa na pós-modernidade.
2— J. Derrida: Desconstrução, Logocentrismo, Disseminação : O discurso nos limites da representação.
h) Arthur C. Danto: O devir-conceito da obra de arte. O pluralismo como regime da arte na contemporaneidade.
Bibliografia Obrigatória
JANAWAY, Christopher; Images of Excelence: Plato’s Critique of the Arts, Claderon Press, Oxford, 1995
MARGOLIS, Joseph; What, After All, Is a Work of Art?, The Pennsylvania S. University Press, 1999
ADORNO, Theodor W.,, trad. Artur Mourão; - Teoria Estética, Edições 70, Lisboa, 1993.
DICKIE, George; Introduction to Aesthetics: An Analytic Approach, Oxford University Press, 1997
FERRY, L., trad. de Miguel Serras Pereira; Homo Aesteticus : A Invenção do Gosto na Era Democrática, Almedina, Coimbra, 2003
JIMENEZ, Marc; Qu’Est-Ce Que l’Esthétique ?, Éditions Gallimard, Paris, 1997
DANTO, Arthur C; After the End of Art: Contemporary Art and the Pale of History, Princeton University Press, Princeton, New Jersey, 1997
DANTO, Arthur C; The Transfiguration of the Commonplace: A Philosophy of Art, Harvard University Press, Cambridge, Massachusetts, 1981
GOMES, Helder; Relativismo Axiológico e Arte Contemporânea: De Marcel Duchamp a Arthur C. Danto; Critérios de Recepção Crítica das Obras de Arte, Edições Afrontamento, Porto, 2004
ROCHLITZ, Rainer; L’Art au Banc d’Essai: Esthétique et Critique, Gallimard, Paris, 1998
SCHAEFFER, Jean-Marie; L’art de l’Âge Moderne: L’Esthétique et la Philosophie de L’Art du XVIII Siècle à Nos Jours, Éditions Gallimard, Paris, 1992
CHATEAU, Dominique; Duchamp et Duchamp, L’Harmattan, Paris, 1999
LYOTARD, Jean-François; Discours, Figure, , Klincksieck
MARGOLIS, Joseph; Interpretation Radical But Not Unruly: The New Puzzle of the Arts and History, University of California Press, Berkeley, 1995
DERRIDA, JACQUES; trad. Joaquim T. Costa e António M. Magalhães; Margens da Filosofia, Rés Editora
BENJAMIN, Walter; , Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, Relógio D’Água, Lisboa, 1992
Observações Bibliográficas
Esta é uma bibliografia genérica; para cada tema será fornecida uma bibliografia específica.
Métodos de ensino e atividades de aprendizagem
Seminário: Apresentação, análise e comentário de textos.
Tipo de avaliação
Obtenção de frequência
De acordo como o R.R.E.A., a existência de assiduidade implica a presença a 75% das aulas previstas.
Fórmula de cálculo da classificação final
A componente distribuída (ou contínua) da avaliação é fornecida pela participação do aluno nas aulas; neste sentido, obtenção de aprovação nesta cadeira está sujeita ao cumprimento do pré-requisito de assiduidade; esta é definida, de acordo com as normas emanadas do Senado da U. P. como a presença a um mínimo 75% das aulas previstas.
De acordo com a formação anterior do estudante, ser-lhe-á indicado uma modalidade de avaliação (final ou contínua).
A valiação final consiste,e para além da presença regular nos trabalhos do seminário, na realização de uma prova final; a avaliação contínua implica, para além da presença regular nos trabalhos do seminário, a apresentação de um ensaio com número mínimo de 15 páginas e máximo de 20, subordinado a tema a acordar entre o discente e o docente, e sujeito a apresentação pública no decorrer do seminário.
Critérios de avaliação das duas componentes:
— Rigor científico e conceptual;
— Distanciamento crítico;
— Conhecimentos específicos demonstrados;
— Participação e interesse demonstrados.
Melhoria de classificação
Por exame ou trabalho.