Resumo: |
A Neuroeconomia é um campo relativamente recente de investigação e integra conhecimento de várias disciplinas, incluindo economia, psicologia e as neurociências, com o objetivo explícito de fornecer melhores modelos para a tomada de decisão individual [1]. Esta multidisciplinaridade tem o potencial de fornecer uma compreensão mais abrangente da tomada de decisão e de promover uma melhor compreensão dos padrões de tomada de decisão não-adaptativos.
O presente projeto pretende aplicar uma abordagem Neuroeconómica ao estudo do processamento da incerteza na tomada de decisão. O ser humano enfrenta diariamente uma variedade de desafios, que envolvem processos de tomada de decisão, em aspetos diversos da vida, incluindo as esferas financeira, social, da saúde e política. A maioria dessas decisões são tomadas sob incerteza, um conceito que descreve um conhecimento imperfeito sobre os resultados esperados para uma determinada escolha [2, 3). Embora a distinção conceptual entre incerteza e risco tenha sido formulada no início de 1920 por Frank Knight [5), a distinção nem sempre é claramente explicitada no estudo neurocientífico da tomada de decisão [4), levando a um uso indiscriminado dos conceitos de risco e incerteza. Ainda que a investigação em neurociência tenha fornecido alguma evidência para a dissociação das bases neuronais da tomada de decisão em situações de risco e incerteza, a distinção entre risco e incerteza é frequentemente negligenciada, com a maioria dos estudos a abordar exclusivamente os correlatos neuronais para decisões que envolvem risco, partindo da noção implícita de que tal leva a uma compreensão geral dos processos de tomada de decisão [13). Para além disso, o uso indiscriminado do conceito de variância de recompensa como um proxy para o risco e para a incerteza, leva a desenhos experimentais ineficazes, onde variações de incerteza são acopladas a variações de risco, tornando impossível dissociar os correlatos cerebrais da incerteza e do risco |
Resumo A Neuroeconomia é um campo relativamente recente de investigação e integra conhecimento de várias disciplinas, incluindo economia, psicologia e as neurociências, com o objetivo explícito de fornecer melhores modelos para a tomada de decisão individual [1]. Esta multidisciplinaridade tem o potencial de fornecer uma compreensão mais abrangente da tomada de decisão e de promover uma melhor compreensão dos padrões de tomada de decisão não-adaptativos.
O presente projeto pretende aplicar uma abordagem Neuroeconómica ao estudo do processamento da incerteza na tomada de decisão. O ser humano enfrenta diariamente uma variedade de desafios, que envolvem processos de tomada de decisão, em aspetos diversos da vida, incluindo as esferas financeira, social, da saúde e política. A maioria dessas decisões são tomadas sob incerteza, um conceito que descreve um conhecimento imperfeito sobre os resultados esperados para uma determinada escolha [2, 3). Embora a distinção conceptual entre incerteza e risco tenha sido formulada no início de 1920 por Frank Knight [5), a distinção nem sempre é claramente explicitada no estudo neurocientífico da tomada de decisão [4), levando a um uso indiscriminado dos conceitos de risco e incerteza. Ainda que a investigação em neurociência tenha fornecido alguma evidência para a dissociação das bases neuronais da tomada de decisão em situações de risco e incerteza, a distinção entre risco e incerteza é frequentemente negligenciada, com a maioria dos estudos a abordar exclusivamente os correlatos neuronais para decisões que envolvem risco, partindo da noção implícita de que tal leva a uma compreensão geral dos processos de tomada de decisão [13). Para além disso, o uso indiscriminado do conceito de variância de recompensa como um proxy para o risco e para a incerteza, leva a desenhos experimentais ineficazes, onde variações de incerteza são acopladas a variações de risco, tornando impossível dissociar os correlatos cerebrais da incerteza e do risco na tomada de decisão [3).
Como forma de fazer face às limitações existentes na literatura e clarificar os correlatos cerebrais associados ao processamento da incerteza, propomos um plano de investigação que visa: (a) dissociar experimentalmente os correlatos neuro-imagiológicos do processamento do risco e da incerteza na tomada de decisão, assegurando o controlo de variáveis econometricamente relevantes tais como valor esperado e utilidade esperada; e (b) fornecer uma avaliação multinível do processamento do risco e da incerteza, agregando dados comportamentais com dados de neuroimagem.
Para responder aos objetivos traçados, sugerimos uma abordagem experimental ao estudo dos correlatos cerebrais do processamento do risco da incerteza na tomada de decisão através de Imagem por Ressonância Magnética Funcional (fMRI). Uma amostra de 30 indivíduos adultos recrutados na comunidade será convidada a participar no estudo. Serão recolhidas medidas de autorrelato para avaliar atitudes diferenciais em relação ao risco e à incerteza, utilizando respetivamente a Escala de Atitudes face ao Risco [23] e a forma abreviada da Escala de Intolerância à Incerteza [24). Como forma de avaliar os correlatos comportamentais e de atividade cerebral do processamento da incerteza, propomos uma tarefa experimental de tomada de decisão que permite a manipulação paramétrica independente para o risco e para a incerteza, controlando variáveis econometricamente relevantes, tais como o valor esperado e utilidade esperada (adaptado de [8]). As respostas BOLD, recolhidas com recurso a um scanner de ressonância magnética de 3T, serão registadas durante a tarefa e em repouso. A análise de dados centrar-se-á nas regiões cerebrais que respondem de forma distinta a variações paramétricas de incerteza e de risco. O desenho experimental está projetado de forma a permitir a recolha dos dados necessários para uma avaliação multinível do processamento do risco e da incerteza.
Considerando que a maioria dos estudos de tomada de decisão em ambiente experimental visa exclusivamente o processamento do risco, com poder preditivo reduzido para cenários do quotidiano (por exemplo, para investimentos financeiros ou para a seleção de uma apólice de seguro), e dado que a maioria das decisões naturalísticas englobam resultados incertos onde as probabilidades dos diferentes resultados são frequentemente intangíveis [15), a presente proposta de investigação oferece valor não só para a neurociência básica mas também para a sua interface com processos naturalísticos de tomada de decisão. |