Resumo (PT):
A generalização do problema da falta de habitação acessível na Europa, associado aos recordes ao nível das chegadas de pessoas migrantes ao espaço europeu., tem gerado uma preocupação política e social acerca do problema do acesso à habitação. A população estrangeira apresenta um risco superior de estar em condições de pobreza ou de exclusão social quando em comparação com a população nativa, correndo por isso mais riscos de poder viver de forma mais temporária ou definitiva em situação de sem abrigo. Com o objetivo de aprofundar o conhecimento deste fenómeno no contexto português, conduziu-se um estudo qualitativo através da realização de entrevistas semiestruturadas (n=7), com pessoas migrantes a viver em situação de sem abrigo em Portugal, no período de pós-migração. Pretendeu-se compreender quais as perceções desta população acerca do processo de acolhimento em Portugal, nomeadamente quanto aos fatores de risco e de proteção percebidos e sugestões de melhoria na promoção de um ajustamento resiliente de pessoas migrantes em Portugal.
Os resultados da análise de conteúdo destas entrevistas mostram que os fatores de risco mais identificados entre os participantes foram a dificuldade de acesso a uma habitação adequada, a rendimentos adequados ao custo de vida, ao emprego e a dificuldade de integração na comunidade. Em contrapartida, os objetivos e sonhos para o futuro e ao apoio comunidade e das instituições surgem como os fatores de proteção mais mencionados. As sugestões para a melhoria da integração são consistentes com as dificuldades encontradas e incidem maioritariamente na alteração de políticas de aceitação de pessoas migrantes. Este estudo permite identificar algumas especificidades desta população com implicações para a investigação e intervenção futuras, nomeadamente ao nível da identificação da perceção das próprias pessoas do impacto das políticas e representações sociais e do que pode fazer a diferença na sua integração mais resiliente nos países de acolhimento.
Idioma:
Português