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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

José de Oliveira Ferreira

Fotografia de José de Oliveira Ferreira José de Oliveira Ferreira
1883-1942
Escultor



Monumento aos Mortos da Guerra Peninsular, LisboaJosé de Oliveira Ferreira nasceu no Porto, na freguesia de S. Nicolau, em 8 de janeiro de 1883. Era filho dos pasteleiros Henrique Gomes Ferreira e Maria da Anunciação de Oliveira e irmão de António (nascido em 1880), Rita (nascida em 1883) e Francisco (nascido em 1884), e meio irmão de Tomás Ferraz Ferreira (nascido em 1854), fruto do primeiro casamento do pai com Margarida de Jesus Ferraz (?-1877

A família viveu inicialmente no Porto, na rua de Belomonte, mas, em data desconhecida, transferiu-se para Vila Nova de Gaia, primeiro para o Candal e depois para a Quinta da Beleza, nas proximidades do ateliê do escultor António Teixeira Lopes. José Ferreira foi aprendiz do mestre, enquanto estudava em horário noturno na Escola de Desenho Industrial Passos Manuel (1895-1898), em Vila Nova de Gaia. Concluiu os estudos neste estabelecimento de ensino com a classificação de vinte valores e, de seguida, matriculou-se na Escola de Belas Artes do Porto, em 1898.

Foi particularmente distinto nas aulas de Desenho Histórico e de Escultura, que viriam a marcar o seu futuro. No ano letivo de 1899-1900 recebeu o segundo prémio do concurso anual da aula de Desenho de Álvaro de Brito, com o estudo a sombreado Rapaz tirando um espinho do pé. No ano letivo seguinte (1900-1901) recebeu uma menção no concurso anual da mesma disciplina com uma cópia de Narciso. Também frequentou a aula de Arquitetura de Geraldo Sardinha e, claro, as aulas de Escultura de António Teixeira Lopes – nesse ano escolar obteve a classificação de dezassete valores. No ano letivo de 1901-1902 recebeu o primeiro prémio no concurso anual de Desenho Histórico com um estudo a sombreado do Escravo, de Miguel Ângelo. No 5.º ano (1902-1903) obteve a classificação final de dezoito valores e venceu o concurso anual. Dezassete valores foi a classificação alcançada na disciplina de Escultura.

Em 1905, com outros condiscípulos da EBAP reivindicou a reforma da Escola e do Ensino Artístico e concluiu o curso de Escultura com a classificação máxima, tendo apresentado como prova final Uma mulher cai desfalecida num banco público, segurando duas crianças ao colo.

Enquanto estudante participou nas obras de reconstrução do Palácio de S. Bento, dirigidas por Ventura Terra, e na produção do grupo escultórico A Pátria de Teixeira Lopes.

Após conclusão dos estudos continuou a colaborar no ateliê do seu mestre até que, em 1907, participou no concurso para pensionista do Estado no estrangeiro, com A prisão do mendigo, disputando o lugar a Rodolfo do Couto e a Alves de Sousa. Ganhou a competição e viajou até Paris.

Nesse centro artístico e cultural de referência estudou, entre outros escultores, com Mercié (1845-1916), confraternizou com outros artistas compatriotas (como os escultores Costa Mota, Simões de Almeida e João da Silva e os pintores Sousa Lopes, Acácio Lino e Amadeo Souza Cardoso), esculpiu, expôs e visitou museus. Em 1908, o busto Sorriso foi premiado no Salon e produziu Ida para o dispensário, um conjunto escultórico em argila, hoje pertença do Museu do Chiado, em Lisboa. Também enviou obras para a Exposição dos Trabalhos Escolares da Escola Portuense de Belas-Artes: Cabeça de mulher, Estudo ao natural, Cabeça desenhada do gesso e Mercúrio.

Em 1909, em colaboração com o irmão e arquiteto Francisco de Oliveira Ferreira, participou no concurso para o Monumento à Guerra Peninsular, a erigir em Lisboa, com o projeto vencedor intitulado Aspirantes portugueses. O triunfo neste concurso obrigou-o à interrupção da bolsa de estudo. Regressou, então, a Portugal (de dezembro de 1910 a janeiro de 1911), na companhia da uma jovem modelo francesa.

De volta a Paris, expôs no Salon a estátua feminina em gesso Muscat-gourmande, que recebeu uma menção honrosa, e foi muito elogiada por Aquilino Ribeiro nas páginas da “Ilustração Portuguesa”. Na Sociedade Nacional de Belas-Artes apresentou a estatueta de D. Afonso Henriques.

Em julho de 1911 deixou Paris. Para a EBAP enviou a estátua premiada, que integrou a 20.ª Exposição de Trabalhos Escolares, juntamente com outras obras.

Em 1912, ocupou-se da construção da casa-oficina de Miramar (Vila Nova de Gaia), que ele próprio projetara, e onde veio a residir e a trabalhar, a partir de 1913.

Impossibilitado de viver exclusivamente da escultura, passou a lecionar na Escola Industrial Faria Guimarães (depois Soares dos Reis).

Em 1913 exibiu o bronze Per mio figlio na Exposição dos Artistas Portuenses que teve lugar no Ateneu Comercial do Porto. Em 1914 integrou a exposição de solidariedade para com a viúva e filhos de Joaquim Gonçalves da Silva com a obra Abandonadas.

Em 1915 concorreu ao Monumento a Camões, a construir em Paris.

Em 1916, ocupou, a título temporário, o lugar deixado por Teixeira Lopes na EBAP.

Em 1924 foi inaugurado o seu Monumento aos Mortos da Grande Guerra, no Jardim Carlos Alberto, no Porto. Todavia, não tendo este trabalho agradado aos portuenses, foi substituído por uma obra de Henrique Moreira.

Em 1925 participou no concurso destinado a erigir um monumento a Camilo Castelo Branco.

O melhor sono da nossa vida, no Jardim das Mães em ViseuEm maio do ano seguinte montou uma exposição individual no Salão Silva Porto, na qual apresentou obras em bronze, barro e gesso (moedas, escultura funerária, projetos de monumentos, bustos, etc.) e desenhos. Também concorreu ao Monumento a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, a ser erigido no Brasil.

Em 1928 executou figuras de anjos para o Cemitério de Agramonte, no Porto.

Em 1930 participou na XXVII Exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes, tendo alcançado a segunda medalha com o bronze O melhor sono da nossa vida, dedicado às mães, obra que veio a ser colocada em Viseu, terra natal da mãe do escultor. Nesse ano, e em parceria com o irmão Francisco, participou no concurso para o Monumento aos mortos da Guerra, a erguer em Luanda.

Em 1931 ganhou a primeira medalha na XXVIII Exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes.

Dois anos depois, em 1933, foi inaugurado o Monumento à Guerra Peninsular e o escultor foi distinguido com o grau de comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada. Durante esse ano produziu, ainda, uma maqueta do Monumento a António José de Almeida.

Em 1940 levou à Exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes os seus trabalhos O melhor sono da nossa vida e a estatueta de "D. Afonso Henriques".

José de Oliveira Ferreira foi membro do Conselho de Arte e Arqueologia do Norte do País.

Morreu em Miramar, Vila Nova de Gaia, a 3 de Outubro de 1942.

Diogo de Macedo, na sua obra "Notas de Arte", referiu-se ao escultor como sendo um guia para a sua geração, pela arte e humildade que o haviam caracterizado.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2010)

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