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Memória U.Porto

Edifício do Largo do Professor Abel Salazar

Nota biográfica do escultor João da Silva (1880-1960)

“(…) Distingue-se pela pureza da sua arte neoclássica, estuante de harmonia e graça. De técnica poderosa, ele sabe descobrir o encanto secreto das coisas e dos seres.”
(PAMPLONA, Fernando)

Fotografia de João da Silva (Ilustração Portuguesa) / Photo of João da Silva (Portuguese Illustration)João da Silva nasceu em Lisboa a 1 de Dezembro de 1880.

No início de carreira trabalhou como aprendiz de cinzelador e joalheiro nas oficinas da casa Leitão & Irmão (cerca de 1893), enquanto frequentava o curso de cinzelador na Escola Afonso Domingues, e posteriormente estudou na Escola Industrial do Príncipe Real (depois renomeada Escola Industrial Machado de Castro).

Na viragem do século prosseguiu os estudos no estrangeiro, na Escola de Artes Industriais de Genebra, onde cursou cinzelagem, e na Escola Superior de Belas-Artes de Paris, na qual se diplomou em Escultura e de Medalhística.

De volta a Portugal (1906) desenvolveu as atividades de escultor, ourives e medalhista e lecionou Arte Aplicada, Ourivesaria e Desenho na Escola Marquês de Pombal, entre 1911 e 1914. Foi classificado em primeiro lugar, num concurso para Professor de Desenho e Modelagem, mas preferiu voltar a Paris, cidade onde permaneceu até 1932.

Apesar do regresso definitivo ao país, não deixou de fazer constantes visitas de trabalho à capital francesa.

Enquanto escultor destacou-se como medalhista, mas também se dedicou ao estudo de animais. Memoráveis são, por exemplo, a primeira moeda de ouro da República (1916), e a medalha comemorativa do 1.º centenário do nascimento de Silva Porto (1950), por encomenda do Grémio dos Industriais de Ourivesaria do Norte de Portugal.

Medalha de João da Silva / Medal of João da SilvaDa sua vasta obra escultórica podem destacar-se: o Busto da República, esculpido para a Assembleia Constituinte e inaugurado no Parlamento em 1911 (mais tarde desaparecido), o trabalho Aux Morts de la Guerra 1914-1918 (Pouliguen, França, 1919), dois monumentos Aos mortos da guerra 1914-1918 (Évora -1933 e Valença do Minho - 1951), os monumentos evocativos a Augusto Gil (Guarda, 1935)e ao Barão do Rio Branco (Rio de Janeiro, Brasil, 1917), o Fons Vitae, alto-relevo em bronze das Termas do Luso e a Fonte da Juventude do Pavilhão de Portugal da Exposição de Sevilha de 1929.

São, também, da sua autoria, o epitáfio, em prata, dedicado ao General Don José Henrique Varela Iglésias, que se encontra no cemitério de Toledo, a pena e o tinteiro em prata oferecidos a Afonso Costa, a Floreira duas Pátrias presenteada ao Presidente Brasileiro Hermes da Fonseca aquando da sua visita a Portugal, em 1912, e a escultura representativa da vencedora do prémio A mais bela mulher de França, instituído pelo jornal francês Le Monde.

Fotografia do busto de Júlio Dinis - Largo do Professor Abel Salazar, Porto / Photo of the bust of Júlio Dinis - Professor Abel Salazar Square, PortoPara a Universidade do Porto realizou uma medalha de bronze comemorativa do I Centenário da Régia Escola de Cirurgia (1825-1925), antecedente da Escola Médico-Cirúrgica do Porto (1836-1911) e da Faculdade de Medicina (1911); o Memorial a Júlio Dinis / Joaquim Guilherme Gomes Coelho, erigido por meio de subscrição pública, aberta pela FMUP em 1923, e inaugurado em 1926; o busto de Alfredo Magalhães, descerrado na Faculdade de Medicina (1926), num tributo ao antigo diretor desta Escola, promovido por João da Silva, Óscar Moreno, António Breda, Amândio Guimarães e Alberto Saavedra; uma medalha comemorativa do I Centenário da Escola Médico-Cirúrgica do Porto (1836-1936)/ Academia Politécnica do Porto (1837-1937), de 1938; o monumento em memória dos estudantes da Universidade do Porto falecidos na guerra de 1914-1918, conhecido como A Santa ou A Sabedoria, inaugurado no edifício que hoje é sede da Reitoria da U.Porto, em 1948, e a medalha da inauguração do Hospital Escolar do Porto (1959). Fez ainda a escultura de máscara post-mortem de Abel Salazar (1946), sita na Casa Museu Abel Salazar.

O seu último trabalho foi a medalha comemorativa do Infante D. Henrique. João da Silva fez o reverso, mas a face foi terminada por Vasco da Conceição (1914-1992).

Máscara post-mortem de Abel Salazar / Mask post-mortem of Abel SalazarParticipou e foi premiado em inúmeras exposições em Portugal e no estrangeiro. Recebeu uma 3.ª medalha na V Exposição Sociedade Nacional de Belas-Artes, em 1905, e uma medalha de segunda classe na mostra dessa instituição, decorrida em 1917. Ganhou o 1.º prémio ex-aequo com o joalheiro e escultor de virdro René Lalique (1860-1945) na Exposição do Rio de Janeiro de 1908, uma menção honrosa no Salon de Paris de 1908 e uma menção honrosa e a medalha de ouro no Salão de Lisboa de 1911. Em 1949 foi distinguido com o Prémio "Soares dos Reis" do Secretariado Nacional de Informação (SNI), o qual declinou.

Na Academia Nacional de Belas-Artes foi eleito vogal em 1933, sob proposta Do crítico e historiador de arte e museólogo José de Figueiredo (1872-1937), sendo o único artista mencionado pela profissão e especialidade – vogal efectivo o Senhor João da Silva, escultor e medalhista, tinha o número 18. Nesta Academia convivia com os escultores Teixeira Lopes, Diogo de Macedo, Simões de Almeida Sobrinho (1880-1950), Francisco Franco (1885-1955), Leopoldo de Almeida (1898-1975) e Barata Feyo (1899-1990).

Nos 30 os arquitetos franceses R. Fildier e P. Meige edificaram a sua casa-ateliê em Lisboa, ampliada no final da década, numa obra pensada pelo escultor e projetada pelo sobrinho, o Engenheiro João Correia de Magalhães Figueiredo. Num azulejo colocado na nova fachada voltada para o pátio interior, da autoria do proprietário e do pintor Conceição Silva (1869-1958), foi assinalada a data desse acrescento -1938 - e inscrito o lema de João da Silva: SPRETAE INJURIA FORMAE.

Em 1941, a emoção causada pela estátua equestre de D. João IV, de Francisco Franco, em Vila Viçosa, levou-o a publicar o estudo Canon das Estátuas Esquestres, que posteriormente desenvolveu e deixou num manuscrito, inédito, intitulado A Secção Áurea nas Estátuas Equestres.

Em 1952, por testamento, João da Silva e a sua última mulher, Maria do Pilar Sérgio da Silva, reputada pianista (falecida a 22 de outubro de 1960) doaram a Casa-ateliê - Casa-Museu Mestre João da Silva, à Sociedade Nacional de Belas-Artes para a constituição de um museu.

João da Silva foi militante republicano e maçon, iniciado na loja José Estêvão de Lisboa, em 1910, com o nome de Cellini.

Era pai de Gabriela Silva (falecida em 2003) e Ruy Ribeiro da Silva (falecido em 1965).

Morreu a 6 de março de 1960, na sua Casa-museu, e foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

Pela sua morte, Henrique Medina sucedeu-lhe como vogal da Academia Nacional de Belas-Artes e depois deste Júlio Resende.

Em 1980 o centenário do seu nascimento foi invocado na ANBA.

Universidade do Porto Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2018.

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