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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

António Silva Porto

Retrato de António Silva Porto António Silva Porto
1850-1893
Pintor e professor



Busto de Silva Porto, de Costa Mota, Benfica,  c.1960António Carvalho da Silva nasceu na freguesia da Sé do Porto a 11 de Novembro de 1850. Era filho de António da Silva Carvalho, latoeiro e cinzelador, e de Margarida de Silva Carvalho, bordadeira premiada pela Associação Industrial do Porto, e irmão de Adelina Branca.
A família Carvalho da Silva vivia no mais antigo bairro da cidade. Primeiro, na Rua da Ponte Nova e, depois, na Rua de Santo António do Penedo, locais onde o reservado jovem - segundo o definem os seus biógrafos - seguiu as orientações educativas e morais do progenitor.

Diz-se que por causa do seu bairrismo, de moto próprio terá adotado o apelido "Porto". Depois de terminado o ensino primário, Silva Porto ingressou na Escola Industrial. O diretor desta escola, Guilherme Correia, ao reconhecer o seu talento apresentou-o ao irmão, João António Correia, futuro professor do aspirante a artista.

Em 1865, matriculou-se na Academia Portuense de Belas Artes, instituição onde frequentou vários cursos, sempre com excelente aproveitamento (obteve dezoito valores a Escultura e Pintura Histórica e vinte a Arquitetura) e foi discípulo dos pintores João Correia e Thadeo d' Almeida Furtado. Em 1869, participou na X Exposição Trienal da Academia Portuense de Belas Artes.

O nascimento de Venús, de Alexandre Cabanel, 1863Aos vinte e três anos de idade inscreveu-se no Concurso de Pintura de Paisagem para o Pensionato em Paris, sendo aprovado por unanimidade em Agosto de 1873, na sequência da desistência do candidato Artur Loureiro.

A 29 de Outubro partiu para Paris na companhia do pensionista de Pintura Histórica, João Marques de Oliveira. Na capital francesa recebeu aulas de reputados mestres como: Yvon, Alexandre Cabanel e Beauveri, Grosseillez e Daubigny, na Escola Nacional e Especial de Belas Artes.

Charles DaubignyNeste período, o pintor francês que mais o marcou foi Charles Daubigny, membro da Escola de Barbizon de Pintura ao Ar Livre e um dos precursores do Movimento Impressionista. Tal como muitos dos seus pares, pintou as paisagens dos arredores do bosque de Fontainebleau e também procurou inspiração em Auvers-sur-Oise, lugar onde conheceu o filho de Daubigny e executou um quadro retratando a vista do rio e da igreja locais.

A influência desta escola pictórica esteve bem patente na XI Exposição Trienal da Academia Portuense de Belas Artes, em 1874, onde expôs duas paisagens das cercanias parisienses. Em 1876 habitava perto do Museu de Luxembourg, que amiúde visitava, tal como Auvers-sur-Oise. Nesse ano participou no Salon de Paris.

Em 1877 viajou pela Itália com Marques de Oliveira, tornando a Paris em 1878. Apesar de fixar residência em Montparnasse, realizou pequenas visitas a Inglaterra, à Holanda e à Bélgica. Participou na XII Exposição Trienal da Academia Portuense de Belas Artes com um desenho e onze óleos, expôs no Salon e integrou a comitiva portuguesa na Exposição Universal de Paris com a tela "Un petit malheur".

A Charneca de Belas, Silva Porto, 1879Após a estada em Paris (1874-1879) e depois de uma rápida passagem por Espanha, regressou ao Porto. Mas por pouco tempo. Logo de seguida partiu para Lisboa na sequência do convite que lhe foi endereçado pelo Vice-inspetor da Academia de Belas Artes, Delfim Guedes (Conde de Almedina), para aí reger a cadeira de Paisagem, durante dois anos. Essa nomeação viria a ser, mais tarde, transformada em lugar permanente. Enquanto se instalava na capital recebeu a visita de Ramalho Ortigão no atelier da academia, uma vez que este ilustre escritor da "Geração da 70" fora encarregado de fazer a apresentação pública do pintor. Ainda nesse ano foi nomeado Académico de Mérito pela Academia Portuense de Belas Artes, juntamente com Marques de Oliveira, com quem renovou a pintura nacional.

Em 1880, expôs, com sucesso, vinte e nove óleos na XIII Exposição da Sociedade Promotora de Belas Artes. Esta estreia em Lisboa granjeou ao artista entusiastas aplausos e surpreendentes vendas. A título de exemplo, o quadro "A Charneca de Belas" foi comprado pelo rei D. Fernando II pela soma de 300$00 reis e o lucro total amealhado ascendeu aos 750$00. Para o festival camoniano, comemorativo do tricentenário da morte do poeta e dirigido por Ramalho Ortigão, Marques de Oliveira contribuiu com o desenho do Carro de Guerra destinado ao cortejo festivo. Entretanto, enamorara-se de Adelaide Torres, com quem veio a casar após a morte do pai desta, em 1882.

Grupo do Leão de Columbano, 1885Em 1881, Silva Porto era um habitué da cervejaria Leão d' Ouro, na antiga Rua do Príncipe (atual Rua 1º de Dezembro), em Lisboa, um estabelecimento frequentado por homens de letras e artistas. E, não obstante a sua maneira acanhada de ser, figurava entre os principais convivas do "Grupo de Leão", composto, entre outros, por Rafael Bordalo Pinheiro, José Malhoa, Columbano Bordalo Pinheiro, João Vaz e António Ramalho.
Nesses anos, participou na Exposicion General de Bellas Artes de Madrid, na XIII Exposição Trienal da Academia Portuense de Belas Artes, na I Exposição do Centro Artístico Portuense e na I Exposição de Quadros Modernos do "Grupo de Leão".

Na II Exposição de Quadros Modernos, apesar do renovado sucesso, foi alvo de comentários maldizentes que o acusavam de sacrificar a qualidade da arte ao lucro. Nesse evento, vendeu cinquenta e três quadros.

Em 1883, alcançou a nomeação definitiva como Professor de Paisagem da Academia de Belas Artes de Lisboa; participou na III Exposição de Quadros Modernos e depois de passar férias na região do Entre Douro e Minho, como aliás fazia todos os anos, recebeu o escritor Monteiro Ramalho no seu atelier.
No ano seguinte participou no XIII Salão da Sociedade Promotora de Belas Artes, com dois óleos, e no IV Salão de Quadros Modernos, com vinte e seis óleos, entre os quais se contava o aclamado quadro "A Salmeja", vendido ao Visconde de Franco pela avultada quantia de 600$00 reis.

Em 1885, o companheiro Columbano pintou o mítico "Grupo de Leão", quadro que retratava aquele clube de intelectuais. O Correio da Manhã de 20 de Abril descreveu Silva Porto da seguinte forma: "O Cristo daquela ceia chocarreira não sorri, e parece longe (...) imerso na doce melancolia poética que ninguém lhe arranca, e com o espírito flutuando em mundo cor de safira e luar!". Nesse ano, participou no V Salão de Arte Moderna do Grupo de Leão e na Exposição do Depósito da Fábrica das Caldas da Rainha, na Avenida da Liberdade.

Guardando o rebanho, Silva Porto, 1893Em 1886, numa fase em que pintava frequentemente rebanhos e cavalos, propôs à Academia de Belas Arte de Lisboa a implementação do tratamento de temas animais para os Pensionistas do Estado no Estrangeiro e expôs no VI Salão de Arte Moderna "A volta do Mercado".
Em 1887 participou no XIV, e último, Salão da Sociedade Promotora de Belas-Artes, na Exposição de Arte do Ateneu Comercial do Porto e no Salão de Pintura Moderna.
Em 1888, expôs, de novo, no Ateneu Comercial do Porto, na Exposição Industrial de Lisboa e na última edição do Salão de Arte Moderna (VIII). Nos anos subsequentes, expôs no Ateneu Comercial do Porto (1889 a 1893) e no Grémio Artístico (1890 a 1893), sucessor do Grupo de Leão.

Macieiras em Flor, Silva Porto, 1893A 4 de Maio de 1893 nasceu-lhe a filha Maria Irene. Pouco depois adoeceu gravemente, vindo a morrer na noite de 11 de Junho, vítima de uma tiflite. Deixou sete filhos e o pai, morador desde sempre no bairro que o viu nascer. Mas acima de tudo, legou um indispensável contributo para a renovação da Pintura Portuguesa do final de Oitocentos, ao introduzir, com Marques de Oliveira, a Pintura de Ar Livre no nosso país, aprendida com os artistas de Fontainebleau. A sua obra está patente no Museu do Chiado, em Lisboa, e no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, onde, aliás, é um dos artistas mais representados.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

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