Adães Bermudes 1864-1948 Arquitecto, pintor, professor e político |
Arnaldo Redondo Adães Bermudes nasceu em Santo Ildefonso, no Porto, a 1 de Outubro de 1864. Era filho de Félix Redondo Adães Bermudes e de Cesina Romana Bermudes, um casal galego residente na cidade.
Frequentou a Academia Portuense de Belas Artes entre 1880 e 1886, onde foi discípulo de José Geraldo da Silva Sardinha, embora tenha concluído o curso na Escola de Belas-Artes de Lisboa.
Em 1888 obteve uma bolsa que lhe permitiu aperfeiçoar os estudos em França com o mestre Pierre Blondel (1847-1897).
No regressou a Portugal, em 1894, iniciou a carreira de arquiteto. Nesse ano perdeu o concurso para o monumento ao Infante D. Henrique, no Porto, mas a sua qualidade ficou patente na obtenção da 2ª Medalha na Exposição do Grémio Artístico de Lisboa.
Durante a sua carreira exerceu diversos cargos na Função Pública. Foi adjunto na Direção-Geral de Instrução Pública (1899), responsável por projetos de construção de estabelecimentos escolares, diretor das Construções Escolares da Direção-Geral do Ministério do Reino (1901-1906), secretário da Comissão de Estudo das Construções nas Regiões Sísmicas (1909), vogal do Conselho de Arte e Arqueologia (1911), vogal do Conselho Superior de Instrução Pública (1911), secretário da Comissão dos Monumentos Nacionais (1911), chefe da 3.ª Repartição da Direção-Geral de Belas-Artes do Ministério da Instrução Pública (1926) e diretor dos Monumentos Nacionais, no Ministério do Comércio e Comunicações (1929-1933).
Entre 1917 e 1933, a par das atividades artísticas e da atividade na função pública, lecionou na Escola de Belas-Artes de Lisboa as cadeiras de Construção e Resistência dos Materiais, de Geometria Descritiva e Perspetiva, participou na vida política da capital (chegou a ser presidente interino da Câmara Municipal de Lisboa e senador independente na sessão legislativa de 1918-1919), colaborou em publicações periódicas de áreas da sua especialidade ("Anuário da Sociedade dos Arquitectos Portugueses", "A Construção", "Boletim da Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses" e "Arquitectura Portuguesa"), participou em congressos e comissões em representação dos arquitetos portugueses (nos VI, VII, VIII e IX congressos internacionais de arquitetos - em Madrid (1904), em Londres (1906), em Viena (1908) e em Roma (1911) - e foi membro da Real Associação dos Arquitetos Civis e Arqueólogos Portugueses, da Sociedade dos Arquitetos Portugueses, da Sociedade Nacional de Belas-Artes, do Royal Institut of Brithish Architects, da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, assim como da Sociedade dos Arquitectos da Argentina e do Uruguai.
Na sua eclética obra arquitetónica, na qual se misturam referências aos estilos manuelino e barroco, à Arte Nova e ao Design Moderno, podem destacar-se: o projeto-modelo para a construção de 184 escolas (1902-1912); a Escola Central Primária de Santa Cruz, em Coimbra (1905-1907); o Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, na Tapada da Ajuda (1910); a Escola Normal de Lisboa, em Benfica (1913), atual Escola Superior de Educação de Lisboa; os hospitais da Covilhã e de Oleiros; as agências do Banco de Portugal, em Coimbra, em Bragança, em Viseu, em Faro, em Évora e em Vila Real; as cadeias de Anadia e de Sintra; as igrejas de Espinho e de Amorim; o Hotel Astória, em Coimbra; o Cemitério do Alto de S. João e o palacete do Conde de Agrolongo, em Lisboa.
Adães Bermudes participou, também, em projetos de restauro e conservação de emblemáticos monumentos nacionais, como os palácios de Mafra, de Sintra e de Queluz, a igreja do Mosteiro dos Jerónimos e o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Foi autor do projeto vencedor do concurso para o Monumento o Marquês de Pombal em Lisboa, em parceria com António C. Abreu e o escultor Francisco dos Santos.
Ganhou o Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura em 1908, pela primeira vez atribuído a um edifício de rendimento, que faz gaveto na Avenida Almirante Reis, e uma Menção Honrosa (1909), no mesmo concurso, com o Palacete na Rua do Sacramento, do Conde de Agrolongo. Em 1900 fora premiado na Exposição Universal de Paris.
Casou com Albertina Bermudes de quem teve o filho Jorge, que seguiu a profissão do pai.
Adães Bermudes, arquiteto, homem de cultura republicano e maçon morreu a 18 de Fevereiro de 1948, em Paiões, Sintra.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2010)