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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Manuel Teixeira Gomes

Fotografia de Manuel Teixeira Gomes Manuel Teixeira Gomes
1860-1941
Estadista, diplomata e escritor



Placa existente na fachada da Casa Manuel Teixeira GomesManuel Teixeira Gomes nasceu em 27 de Maio de 1860, em Portimão. Era filho de José Libânio Gomes, proprietário endinheirado, exportador de frutos secos e cônsul da Bélgica no Algarve, e de Maria da Glória Teixeira Gomes.
Viveu a infância em Portimão onde fez a instrução primária no Colégio de S. Luís Gonzaga. Aos dez anos mudou-se para Coimbra com o propósito de estudar no liceu do Seminário Diocesano. Nesta instituição fez os estudos liceais e travou conhecimento com José Relvas.

Passados cinco anos, inscreveu-se nos preparatórios da Faculdade de Medicina, para seguir a carreira pretendida pelo pai, sendo colega de Eduardo Abreu e de Eduardo Burnay. Aos dezassete anos, no entanto, abandonou o curso, contra a vontade familiar, transferindo-se para Lisboa que o seduzia pela vida boémia e literária.

Manuel Teixeira Gomes por Marques de Oliveira, 1881Depois de cumprido o serviço militar fixou-se no Porto, em 1881.
Nesse ano frequentou a Academia Politécnica do Porto (1831-1832), conviveu com intelectuais e artistas como Soares dos Reis, Marques de Oliveira e Basílio Teles e fundou, juntamente com Joaquim Coimbra e Queirós Veloso, o jornal de teatro Gil Vicente. Seguidamente, colaborou em diversas publicações periódicas da cidade, como "O Primeiro de Janeiro" e "Folha Nova".
Nos anos de 1885 e 1886 visitou Argel e a Itália, respetivamente.

Em 1890 reatou as boas relações com a família e voltou a Portimão para se dedicar ao negócio familiar, ficando responsável pela pesquisa de mercados estrangeiros. Para tal, visitou diversos países como a França, a Bélgica, a Holanda, a Alemanha, o Norte de África e o Próximo Oriente.
Ocasionalmente, visitava o Porto e Lisboa, mantendo o contacto com os meios artísticos e literários de ambas as cidades.

Retrato de Manuel Teixeira GomesA partir de 1899 passou a viver com Belmira das Neves, filha de pescadores, com quem teve duas filhas.
Na viragem do século publicou Inventário de Junho, em 1900, Cartas sem Moral Nenhuma, em 1903, Agosto Azul, em 1904, Sabina Freire, em 1905, Gente Singular, em 1909, etc.
Em Portimão, paralelamente à atividade comercial, continuou a escrever e interessou-se pela atividade republicana local, participando em reuniões e comícios e colaborando n' A Lucta.

Com a implantação da República, em 1910, foi nomeado Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário de Portugal em Londres, durante o 1º Governo Provisório, em substituição do Marquês de Soveral, tornando-se, assim, o primeiro representante da República em Londres.
No exercício da ação diplomática evidenciou-se nas negociações anglo-germânicas relativas à questão das colónias portuguesas e na cooperação com os governos portugueses na Primeira Guerra Mundial. O facto de defender a entrada do país na guerra trouxe-lhe bastantes inimizades. Por consequência, pediu a demissão do cargo, mas só veio a ser afastado em 1918 durante a ditadura de Sidónio Pais, que o mandou regressar ao país e o encarcerou durante um mês, no Hotel Avenida Palace.
Em 1919, José Relvas, chefe do novo governo republicano, nomeou-o Ministro Plenipotenciário em Madrid e representante da nova delegação portuguesa à Conferência de Paz, em Paris. Em Abril desse ano foi transferido para Londres. E, em Agosto, o seu nome foi discutido entre os potenciais candidatos à presidência da República. No entanto, a escolha dos seus pares recaiu em José de Almeida.

Retrato de Manuel Teixeira Gomes pelo pintor Columbano, 1925No ano de 1922 foi nomeado delegado de Portugal junto da Sociedade das Nações, ocupando uma das vice-presidências desta organização.

A 6 de Agosto de 1923 foi, por fim, eleito Presidente da República, vencendo o principal oponente, Bernardino Machado, do Partido Nacionalista. Tomou posse do cargo a 5 de Outubro.
Durante o seu mandato debateu-se com a instabilidade governativa e a divisão partidária. Dececionado com a política, renunciou à Presidência a 10 de Dezembro de 1925, alegando motivos de saúde. Passados dois dias regressou à sua casa na Gibalta, na Cruz Quebrada, e a 17 desse mês partiu de Lisboa rumo ao Norte de África.

Durante um período de seis anos viajou pela França, pela Itália, pela Holanda, por Marrocos, pela Argélia e pela Tunísia, fixando-se em Bougie (atual Bejaia), na Argélia, em 1931. Nesta cidade, escreveu obras literárias como Cartas a Columbano (1932) ou Novelas Eróticas (1935).

Bougie (actual Bejaia)Entre 2 e 4 de Fevereiro de 1939, o público português ficou a par da vida e pensamento de Teixeira Gomes no seu "retiro" argelino, através das entrevistas que lhe foram feitas por Norberto Lopes.

Morreu a 18 de Outubro de 1941, no quarto n.º 13 do Hotel l'Étoile, sendo sepultado no cemitério cristão de Bougie, no jazigo dos Berg, proprietários daquele hotel. Por vontade da família, os seus restos mortais foram trasladados para Portimão, em 1950, tendo sido transportados no contra torpedeiro Dão. Na pátria, o funeral deu azo a uma grandiosa manifestação republicana.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

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