Resumo (PT):
Introdução: A demência é um problema de saúde pública devido à sua crescente prevalência, à elevada sobrecarga dos cuidadores e custos financeiros. Atualmente, os fármacos antidemenciais visam apenas o controlo sintomático. A prescrição destes medicamentos em fases avançadas é um tema de controvérsia, com diferentes países a proporem diferentes recomendações.
Métodos: Realizou-se um ensaio clínico piloto, pragmático, unicêntrico, com alocação randomizada (1:1), aberto com avaliadores cegos para avaliar a segurança e eficácia da retirada de fármacos antidemenciais em doentes com demência avançada. Os resultados funcionais e comportamentais, índices de qualidade de vida (tanto para o doente como para os seus cuidadores), custos financeiros e efeitos adversos foram avaliados durante um período de 24 semanas.
Resultados: 14 doentes foram incluídos no estudo. Os doentes alocados à continuação do tratamento, mostraram um melhor desempenho funcional nas atividades de vida diárias às 12 semanas e uma melhor qualidade de vida às 24 semanas, avaliado pelo EQ-5D. A taxa de eventos adversos e o tempo médio até ao evento adverso grave/retirada foi semelhante em ambos os grupos de tratamento. Em geral, os cuidadores consideraram que a condição do doente se manteve inalterada durante o seguimento e que a taxa de sintomas neuropsiquiátricos graves não diferiu entre os grupos. A análise custo-utilidade demonstrou um custo mais elevado e um menor ganho de QALY no grupo de retirada.
Discussão: O nosso estudo sugere que a continuação do tratamento com fármacos antidemenciais em pessoas com doença de Alzheimer avançada poderá proporcionar melhores resultados funcionais e de qualidade de vida. Ainda assim, a interpretação dos nossos resultados deverá ser cuidadosamente interpretada à luz do reduzido tamanho amostral, ausência de um grupo de controlo com placebo e da subjetividade dos resultados avaliados.
Conclusão: O nosso estudo acrescenta evidência relativamente à retirada de fármacos antidemenciais em demência avançada. É o primeiro estudo deste tipo em Portugal a fornecer uma visão da qualidade de vida e dos custos financeiros em doentes e cuidadores. Consideramos que, como estudo-piloto, o nosso trabalho poderá servir como base para novos estudos com amostras de maior tamanho e períodos de seguimento mais longos.
Abstract (EN):
Introduction:Dementia is a major public health concern due to its increasing prevalence, substantial caregiver burden, and high financial costs. Currently, antidementia drugs provide only symptomatic effect. The subject of prescribing these drugs in advanced stages is a matter of substantial debate, with different countries making distinct recommendations.
Methods:We conducted a pilot, pragmatic, unicentric, parallel randomized (1:1) open clinical trial with blinded assessors to assess the safety and efficacy of withdrawing antidementia drugs in patients with severe dementia. Functional and behaviour outcomes, quality of life indexes (both for the patient and their caregivers), financial costs and adverse events were evaluated for a period of 24 weeks.
Results:14 patients were included in the study. Patients assigned to drug continuation showed better functional performance of activities of daily living at week 12 and better quality of life at week 24 as assessed by EQ-5D. Rate of adverse events and mean time to serious adverse event/withdrawal was similar in both treatment groups. Overall, caregivers considered the patient’s condition to be unchanged during the follow-up and the rate of severe neuropsychiatric symptoms did not differ between groups. Despite costs were not statistically different, the incremental cost-utility ratio supports treatment continuation, given a higher cost and lower QALY gain in the withdrawal group.
Discussion:Our study suggests that continuing antidementia drugs in people with advanced Alzheimer’s disease may provide better functional outcomes and quality of life. The interpretation of our findings needs to be carefully considered in light of reduced sample size, absence of a placebo-controlled group and subjective nature of the outcomes evaluated.
Conclusion:Our study improves the evidence regarding the withdrawal of antidementia drugs in advanced dementia. It is the first of its kind in Portugal to provide insight into quality of life and financial costs in patients and caregivers. We consider that, as a pilot study, our work could lay the foundations for further studies with higher sample sizes and longer follow-up periods.
Idioma:
Inglês
Nº de páginas:
49
Tipo de Licença: