Resumo (PT):
A infertilidade tem consequências pessoais e sociais no indivíduo e no casal.
Especificamente, o tratamento com recurso à doação de gametas provoca dor e sofrimento
e pode ter um impacto negativo no bem-estar pessoal e relacional. Apesar de ser,
atualmente, uma opção de tratamento comum, pouco se sabe acerca do processo de
tomada de decisão na transição dos casais para o mesmo. Este estudo tem como objetivo
avaliar as experiências e preferências dos pacientes de doação reprodutiva no processo de
tomada de decisão, com o objetivo de informar os esforços futuros de auxílio deste
processo. Foi desenvolvida uma abordagem qualitativa através das entrevistas
semiestruturadas de 9 pacientes em relações heterossexuais. Com base na Grounded
Theory, os dados foram analisados com o software NVivo 12. Da análise resultaram duas
grandes categorias: facilitadores, dos quais foram encontradas onze categorias; e
barreiras, dos quais foram encontradas seis categorias. Em relação aos facilitadores, as
categorias foram: tomada de decisão partilhada (SDM), estar informado, ajuda
psicológica, rede de apoio, sucesso do tratamento, plano de parentalidade, ter apenas uma
opção disponível, “pais são quem cuida”, relação médico-paciente, acordo entre o casal
e idade materna avançada. Quanto às barreiras, as categorias foram: luto da parentalidade
genética, relação médico-paciente, receios pelo futuro da criança, isolamento, custos do
tratamento e lista de espera do SNS. Descobrimos que o processo de tomada de decisão
para a utilização de gametas doados é extremamente complexo e pode ser auxiliado pela
intervenção psicológica e implementação de SDM.
Language:
English
No. of pages:
54