Resumo (PT):
A subnotificação dos impactos do trabalho na saúde continua a ser um problema atual,
mesmo quando estes não são discretos - são até mesmo conhecidos e tangíveis para um
diagnóstico, sem reservas, sobre o nexo de causalidade com o trabalho. Falamos da silicose,
considerada a doença profissional mais grave do século XX, que apesar de poder ser prevenida,
sendo as suas causas há muito conhecidas, continua a ter uma prevalência significativa nos
trabalhadores das pedreiras, e grande expressão nos territórios onde estas têm lugar. Este estudo
tem como objetivo explorar a doença profissional silicose no concelho de Penafiel, a partir do
ponto de vista dos seus principais protagonistas - trabalhadores das pedreiras -, bem como de
outros atores representantes de instituições/entidades com responsabilidade nesta matéria. O
estudo contemplou um total de 11 participantes, e envolveu a realização de entrevistas junto de
sete (ex-)trabalhadores e quatro pessoas de diversas esferas de intervenção na regulação deste
problema de saúde no trabalho, designadamente, da esfera patronal, sindical, médica, e política.
Os resultados mostram que a silicose tem implicações sociais e psicológicas na vida dos
trabalhadores, bem como no seu percurso profissional, levando a que enfrentem uma reforma
precoce, por motivo de saúde. Para além disso, o período de espera até ao reconhecimento da
silicose como doença profissional é muito longo, ficando estes trabalhadores ainda mais
vulneráveis, completamente desprotegidos, entregues a si próprios, mesmo quando os sintomas
“falam por si” e há outros colegas em situação semelhante. Se o trabalho é um local onde se
ganha a vida, e não onde esta é perdida, urge compreender melhor os diferentes pontos de vista
em análise, tendo em vista o reforço da vigilância e intervenção neste domínio, com a
mobilização de esforços conjuntos e coordenados de todos os envolvidos na problemática.
Language:
Portuguese
No. of pages:
64