Resumo (PT):
Não obstante as evoluções legislativas que se têm verificado no que diz respeito
aos direitos civis das pessoas LGBT, o preconceito e a discriminação em função da
orientação sexual e da identidade de género continuam a persistir. Considerando-se que
o contexto escolar deve ser promotor do bem-estar e da saúde dos jovens, achou-se
pertinente explorar a incidência deste preconceito no contexto educativo. Uma vez que
os intervenientes do contexto educativo como os diretores, os professores e os
funcionários deverão ser os principais responsáveis da transmissão deste bem-estar,
pretendeu-se averiguar as atitudes dos mesmos no que diz respeito à diversidade sexual e
de género, levando-se a cabo dois estudos.
Sendo assim, o primeiro estudo teve como objetivo explorar os discursos de
diretores/responsáveis de 24 escolas da região do Porto e Lisboa, de forma a analisar a
sua perceção do clima escolar no que diz respeito à diversidade sexual e de género.
Concluiu-se que nas escolas analisadas parece existir um clima maioritariamente
heterossexista, fomentado frequentemente pelos próprios intervenientes escolares. A
idade e o sexo, tanto dos emissores, como das vítimas, são também apontados como os
principais preditores deste preconceito homofóbico e transfóbico. Observou-se ainda que,
embora a maioria dos professores não pareçam fomentar a diversidade sexual e de género,
as relações amorosas e a sexualidade/orientação sexual são as temáticas mais abordadas
no currículo escolar.
Num segundo estudo pretendeu-se explorar as atitudes face a lésbicas e gays de
professores e funcionários (N = 111) de escolas da região do Porto. Os resultados
sugeriram que o género do alvo do preconceito (gay vs. lésbica), o contacto interpessoal
com pessoas não heterossexuais e a formação académica estão associados ao preconceito
homofóbico. Ou seja, os homens têm maior tendência para atitudes discriminatórias
perante gays do que perante lésbicas; já os indivíduos que têm contacto interpessoal com
lésbicas e gays têm níveis inferiores de atitudes negativas relativamente a esta população.
Por fim, também os professores, que exibem maior formação académica, demonstram
atitudes menos homofóbicas comparativamente aos funcionários. Os presentes estudos
sugerem que o preconceito homofóbico se encontra ainda bastante presente no contexto
educativo, sendo o discurso vigorado nos estabelecimentos de ensino maioritariamente
heterossexista, praticado pelos diversos intervenientes – estudantes, professores e
funcionários.
Language:
Portuguese
No. of pages:
45