Resumo (PT):
De acordo com a tendência, que os tempos recentes têm
largamente consolidado, de pensar as obras do teatro grego como
espetáculo, cabe perguntar se uma análise centrada no cenário, nos
figurinos, nos objetos de cena e na movimentação das personagens nos
pode ajudar a interpretar mais claramente estas obras. É certo que as
informações essenciais sobre estes elementos nos advêm do próprio
texto, criando um potencialmente nocivo efeito de circularidade, mas
torna-se produtivo verificar que, tratados com os necessários cuidados, nos permitem, muitas vezes, alimentar linhas de leitura ao lado do texto ou até mesmo, em determinados momentos, confrontar o
próprio texto e, portanto, tornar a sua leitura mais ampla e mais rica.
A minha proposta, neste artigo, é a de trabalhar a dimensão visual
(entendida como aquilo que, durante a representação, seria oferecido
ao olhar dos espectadores) de uma peça tão variada e desafiadora
como a Helena de Eurípides. Se há uma indiscutível riqueza, a este
nível, quer nos figurinos, quer na movimentação, ela torna-se ainda
mais decisiva numa obra que, desde o início, nos propõe que desconfiemos daquilo que os olhos veem e nos ensina que o olhar pode não ser a fiel testemunha que nos permite encarar o mundo sem desconfiança.
Abstract (EN):
The tendency, now well consolidated, of thinking about Greek
theatre plays as performance and not just as text intended to be read,
opens way to ask how an analysis centred on scenery, costumes,
props, and movement can help us to clearly understand these works.
It is true that the essential information about these elements comes
from the text itself, creating a potential circularity, but it is important
to verify that, when treated with the necessary care, they often allow
us to build some parallel reading, or even to confront the text itself,
widening the ways in which it can be understood.
My aim, in this paper, is to work on the visual dimension (I mean,
everything that, during the performance, was under the eyes of the
audience) of a play as diverse and challenging as Euripides’ Helen.
If there is much to say about props, costumes, and movement, all
these become even more important in a play that, from the beginning,
keeps repeating eyes are not the faithful witnesses that allow us to
face the world without suspicion.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific