Resumo (PT):
A psicopatia tem sido definida como uma desordem da personalidade marcada por
uma constelação de características afetivas, interpessoais e comportamentais, incluindo o
egocentrismo; a impulsividade; a irresponsabilidade; as emoções superficiais; falta de
empatia, culpa, ou remorsos; mentira patológica; manipulação; e a persistente violação das
normas sociais e expectativas (Hare, 1998). Os estudos têm demonstrado que os psicopatas
processam a informação emocional significativamente diferente de indivíduos saudáveis
(e.g., Intrator et al., 1997). Para além disso, falham nos processos básicos fulcrais para uma
efetiva socialização, apresentam indiferença ao sofrimento dos outros, ausência de empatia e
manifestas dificuldades respeitantes a questões morais e à aquisição da consciência moral
(Cleckley, 1941). Neste estudo procura-se analisar de que forma os processos de
categorização social, empáticos e morais diferem em relação com o grau de psicopatia.
Centrando-se na problemática descrita, são testadas quatro hipóteses: 1) os níveis de
psicopatia estão negativamente correlacionados com a empatia; 2) a intuição moral Harm é a
que se encontra menos presente em indivíduos com maiores níveis de psicopatia; 3) sujeitos
com scores mais elevados naquela intuição apresentam maior modulação dos componentes
N170 e N250 pela visualização de dor do que sujeitos com scores mais baixos; 4) sujeitos
com scores mais baixos de psicopatia apresentam maior modulação dos componentes N170 e
N250 pela visualização de dor em comparação com visualização de estimulação neutra em
sujeitos do endogrupo. Os mesmos não apresentam este efeito de modulação para os sujeitos
do exogrupo. Já os sujeitos com scores mais elevados de psicopatia não apresentam qualquer
efeito de modulação.
Os resultados sugerem que sujeitos com níveis mais elevados de psicopatia
apresentam respostas fisiológicas e comportamentais diferentes à informação com conteúdo
emocional. Os dados apontam na direção de uma capacidade reduzida para a experiência
emocional. Assim, a habilidade de experienciar emoções pode ser considerada uma força
motriz para a correta aquisição de capacidades ou características como a socialização,
empatia e a moralidade. O comprometimento da amígdala, estrutura envolvida naquelas
capacidades, parece justificar os défices encontrados nos psicopatas (Blair, 2005).
Idioma:
Português
Nº de páginas:
71