Resumo (PT):
Em aberta rejeição dos valores que informavam a política, a economia, a sociedade e a cultura sob a égide do imperador germânico Wilhelm II e do imperador austríaco Franz-
-Joseph I, os expressionistas de língua alemã não apenas se perspetivaram como «antibourgeois», como arrojaram «épater le bourgeois». No seu impulso provocatório, que gritantemente assomava nas aparições públicas e nos escritos teoréticos, mas sobretudo nas criações estéticas, não se apercebeu a geração expressionista alemã de que o almejado corte com a tradição, não só não lograva despegar os jovens escritores e artistas plásticos do enquadramento epocal, como, ademais, os dilacerava interiormente.
Inseridos na massificação e no anonimato da grande cidade, que se vinha impondo desde a segunda metade do século XIX, sem inabalável sustentação metafísica, em confronto com as figuras masculinas de autoridade e fascinados por fenómenos de marginalidade social, os expressionistas alemães e austríacos deixaram perceber, sobretudo nas suas obras literárias e pictóricas, os interstícios de solidão, que, se, por um lado, lhes alimentava a convicção elitista de genialidade e a esperança messiânica numa humanidade purificada, por outro lado, lhes robustecia obsessivas ânsias de mortífera, apocalítica guerra.
No presente texto crítico-literário, proponho-me abordar a problemática da solidão no expressionismo de língua alemã, recorrendo a exemplos literários, com breve referência a obra pictórica, suscetíveis de melhor a ilustrarem.
Abstract (EN):
Rejecting the values that oriented politics, economics, society, and culture under the German Emperor Wilhelm II and the Austrian Emperor Franz-Joseph I, the German-speaking Expressionists considered themselves as «antibourgeois» and wanted to «épater le bourgeois». In its provocative impulse, which emerged in their public appearances, theoretical writings, and aesthetic works, the German-speaking Expressionists did not realize that the rejection of the traditional political, social, and cultural values, far from meaning that writers and artists could live outside the epochal framework, brought them a feeling of social and metaphysical loneliness.
Experiencing the massification and anonymity that characterized the European urban space in the second half of the 19th century, without metaphysical background, in confrontation with male figures of authority and fascinated by phenomena of social marginality, the German and Austrian Expressionist poets and painters addressed the problem of loneliness, a feeling that nourished their conviction of civilization decadence, their longings for an apocalyptic war and their hope in a new humanity.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific