Resumo (PT):
Os territórios de fronteira partem da raia seca, no Noroeste Peninsular, para a reflexão
sobre a importância dos lugares de encontro.
Mais do que uma linha acutilante, a fronteira é entendida como um espaço
permeável, de proximidade e solidariedade. Entre pontes, portelas, rios, caminhos e
terreiros, revelam-se formas de habitar que resistem às políticas centralizadas,
desenhando possibilidades para um futuro mais colaborativo.
A investigação estuda três casos: o Couto Misto e Tourém; os Povos Promíscuos; e Rio de
Onor e Rihonor de Castilla — lugares que estruturam quotidianos históricos de
cooperação. Aqui, a fronteira atravessou e é atravessada, pela paisagem, pela
comunidade, pela economia e pela língua, desafiando a ordem instituída e o limite
implementado.
A visão descolonizada da fronteira permite à arquitetura — na prática, na investigação
e na pedagogia — ultrapassar a abstração dos mecanismos de separação,
promovendo uma desconstrução de barreiras — físicas, culturais, sociais ou
simbólicas.
Nesta perspetiva, a investigação propõe a análise do território a partir da arquitetura,
reconhecendo a sua necessária articulação disciplinar com outras áreas de estudo —
como a antropologia, a geografia e a biologia, com as comunidades local,
internacional e científica, de diversas natureza, como a Fundación RIA.
A dissertação constrói a narrativa em quatro partes — territórios, fronteira, lugares e
encontro — sustentando a hipótese de que a cooperação transfronteiriça, enquanto
prática local e não programa institucional, pode ser a chave para (re)pensar o
planeamento e a arquitetura dos territórios nas margens.
Habitar a fronteira é, assim, criar lugares de encontro — mais justos, partilhados e
equilibrados —, como forma de resistência às lógicas de separação e desagregação,
na procura (contínua e ativa) de práticas de cooperação.
Abstract (EN):
The border territories extend from the 'raia seca'1 in the north-west of the Iberian
Peninsula, inviting reflection on the significance of places of encounter. Rather than
a sharp line, the border is conceived as a permeable space of proximity and
solidarity. Amid bridges, gates, rivers, paths, and terraces, ways of life emerge that
resist centralized policies, and suggest more collaborative future.
This research analyzes three cases: the Couto Misto and Tourém; the Povos Promíscuos;
and Rio de Onor and Rihonor de Castilla — places where historical, everyday
practices of cooperation shape the local landscape. Here, the border is crossed by
landscape, community, economy, and language, challenging imposed order and
questioning the legitimacy of the defined limit.
A decolonized understanding of the border enables architecture — in practice,
research, and pedagogy — to move beyond the abstraction of separation
mechanisms and toward the dismantling of barriers — whether physical, cultural,
social or symbolic.
From this perspective, the research approaches the territory through architecture,
while recognizing the essential need for disciplinary articulation with other fields —
such as anthropology, geography, and biology — with the local, international and
scientific community, as well as institutions of different kinds, for example,
Fundación RIA.
The dissertation is structured in four parts — territories, border, places, encounter —
supporting the hypothesis that cross-border cooperation, understood as a local
practice rather than an institutional program, can be key to (re)thinking planning
and architecture in border regions.
To inhabit the border is to create places of encounter — fairer, more inclusive, and
more balanced spaces — as a form of resistance to separation and disaggregation, in
an ongoing and active search for cooperative practices.
Language:
Portuguese