Construir a Cidade Continuada: Processos e Imaginários

• Type: Academic Work
• Date: 2021

Authors

Nuno Travasso (Author) FAUP

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Resumo (PT): Como agir, hoje, nos contextos de urbanização extensiva, face à perda do modelo, à descrença na regra e à ausência de uma ideia de conjunto? O presente estudo parte do reconhecimento da falta de ferramentas de planeamento ajustadas aos contextos de urbanização extensiva, largamente maioritários, não só em extensão, mas também em número de residentes e de postos de trabalho. Considera-se que esta falta fica a dever-se, em grande parte, a um desfasamento entre, por um lado, as ferramentas de análise, avaliação e intervenção estabelecidas no âmbito das disciplinas de arquitectura e urbanismo, e, por outro lado, a heterogeneidade dos contextos urbanos e as reais condições da sua transformação. Partindo do caso da ocupação difusa do Médio Ave, o trabalho visa perceber melhor esse desfasamento e contribuir para o desenvolvimento de práticas de planeamento e gestão urbanística mais adequadas e operativas. Isto faz-se em dois domínios: O primeiro prende-se com os instrumentos de planeamento, ainda devedores da doutrina modernista, pouco aptos a gerir um processo de urbanização que se faz agora, essencialmente, pela sucessiva adição de fragmentos autónomos de iniciativa privada. Procuram-se práticas alternativas, já não assentes no desenho fixo do todo, mas sim numa prática de gestão quotidiana capaz de guiar a integração de cada fragmento no conjunto, assegurando a sua participação na conformação de um sistema mais amplo e coerente. O segundo prende-se com os modelos urbanos que dominam o conhecimento disciplinar e que são alheios aos cenários da urbanização alargada. Procuram-se modos de olhar os territórios menos dependentes de modelos prefigurados e mais aptos a reconhecer os valores e recursos endógenos. E defende-se a promoção de uma conversa alargada e inclusiva em torno das paisagens que contribua para a construção colectiva de imaginários dos territórios, necessários à mobilização e coordenação dos múltiplos actores da sua transformação. No final, as reflexões e propostas desenvolvidas são reequacionadas face às mais recentes alterações de contexto, procurando encontrar caminhos úteis – para o planeamento e para a investigação – face aos desafios que se adivinham.

Abstract (EN): How to act, today, in the contexts of extensive urbanization, given the loss of the model, the disbelief in the rule and the absence of an idea of whole? This thesis starts by acknowledging the lack of appropriate planning tools to act in the extensive urbanization contexts, which are the majority, not only in size but also in residents and jobs. We argue that this lack of tools is mainly due to a mismatch between, on the one hand, the analysis, assessment and intervention apparatuses established by the architecture and urbanism disciplines, and, on the other hand, the heterogeneity of urban contexts and the real conditions for their transformation. Using the diffuse urbanization of the Ave Valley (NW of Portugal) as a laboratory, the thesis aims at better understanding this mismatch and contributing to the development of more appropriate and operative municipal planning practices. This is done in two domains: The first relates to the spatial planning culture and framework, still indebted to the modernist doctrine, which has shown to be unable to steer the most common urbanization processes, which are mainly the result of the successive addition of autonomous private developments. The thesis seeks alternative practices, no longer based on determining the form of the whole, but on a daily urban management capable of guiding the integration of each new fragment into the whole, ensuring its participation in the construction of a broader and more coherent system. The second relates to the urban models that dominate the disciplinary culture, which are alien to the extensive urbanization scenarios. The search is for new ways of seeing the territories, less dependent on predetermined models and more able to recognize endogenous values and resources. We argue for the promotion of a broad and inclusive discussion about the landscapes, supporting the collective construction of new spatial imaginaries, which are necessary to mobilize and coordinate the multiple actors involved in the territories’ transformation. In the end, the reflections and proposals presented along the thesis are reframed in light of the most recent changes in our socioeconomic context, aiming to point useful paths – for both planning and research practices – in view of the challenges that lie ahead.

Type (Professor's evaluation): Scientific