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A recente conjuntura económica reservou um papel importante para o sector da construção. No plano europeu, entre outros fatores, a intersecção entre especulação imobiliária, incentivos públicos à construção, e acesso privilegiado a crédito bancário favoreceu, primeiro, o surto de construção verificado ao longo dos anos 1990 e, mais tarde, a súbita e vincada rutura económica que tem sido etiquetada como «crise». As consequências em Portugal foram magnificadas em virtude do peso que historicamente o sector da construção tem na economia nacional. Esta importância social e económica e as rápidas mudanças em curso tornam premente atualizar o conhecimento sociológico existente, em boa parte limitado aos anos 1990. Este estudo vai investigar a dinâmica, complexidades e tensões que caracterizam intrinsecamente esta esfera de ação, tratando-a como uma «configuração de relações de poder» nos termos de Norbert Elias. Aplicando heuristicamente a noção de «campo», este estudo vai objetivar a constelação de protagonistas económicos do sector. A acompanhar estas mudanças económicas, verificam-se também mudanças nos regimes de regulação institucional e nas iniciativas políticas e legais que enquadram o trabalho no sector, tanto ao nível europeu, como ao nível nacional. Existindo já estudos sobre a evolução das regulamentações institucional e legislativa a nível europeu, existem poucos estudos sobre os impactos que elas tiveram sobre as atividades concretas de empresários, funcionários públicos ou ativistas sociais. Por outro lado, é imprescindível saber como estas transformações económicas e políticas se projetam sobre os locais de trabalho e sobre as práticas dos trabalhadores. Para isso, este estudo vai promover uma «etnografia do contemporâneo», promovendo a observação direta da experiência vivida dos trabalhadores a partir de uma pluralidade de localizações sócio-territoriais (5 locais de observação selecionados pela equipa de investigação: 3 em Portugal, 2 no estrangeiro). |
Summary
A recente conjuntura económica reservou um papel importante para o sector da construção. No plano europeu, entre outros fatores, a intersecção entre especulação imobiliária, incentivos públicos à construção, e acesso privilegiado a crédito bancário favoreceu, primeiro, o surto de construção verificado ao longo dos anos 1990 e, mais tarde, a súbita e vincada rutura económica que tem sido etiquetada como «crise». As consequências em Portugal foram magnificadas em virtude do peso que historicamente o sector da construção tem na economia nacional. Esta importância social e económica e as rápidas mudanças em curso tornam premente atualizar o conhecimento sociológico existente, em boa parte limitado aos anos 1990. Este estudo vai investigar a dinâmica, complexidades e tensões que caracterizam intrinsecamente esta esfera de ação, tratando-a como uma «configuração de relações de poder» nos termos de Norbert Elias. Aplicando heuristicamente a noção de «campo», este estudo vai objetivar a constelação de protagonistas económicos do sector. A acompanhar estas mudanças económicas, verificam-se também mudanças nos regimes de regulação institucional e nas iniciativas políticas e legais que enquadram o trabalho no sector, tanto ao nível europeu, como ao nível nacional. Existindo já estudos sobre a evolução das regulamentações institucional e legislativa a nível europeu, existem poucos estudos sobre os impactos que elas tiveram sobre as atividades concretas de empresários, funcionários públicos ou ativistas sociais. Por outro lado, é imprescindível saber como estas transformações económicas e políticas se projetam sobre os locais de trabalho e sobre as práticas dos trabalhadores. Para isso, este estudo vai promover uma «etnografia do contemporâneo», promovendo a observação direta da experiência vivida dos trabalhadores a partir de uma pluralidade de localizações sócio-territoriais (5 locais de observação selecionados pela equipa de investigação: 3 em Portugal, 2 no estrangeiro). O seu carácter multi-situado e transnacional impõe-se pela envergadura e pela velocidade dos movimentos das empresas e dos trabalhadores, que não só se espalham por Portugal como, frequentemente, ultrapassam as fronteiras nacionais. |