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Os avanços na vigilância pré-natal e cuidados intensivos neonatais das últimas décadas resultaram na diminuição da morbilidade e mortalidade, com repercussão mais evidente no grupo dos recém-nascidos com prematuridade extrema. Anualmente, os nascimentos muito pré-termo (entre as 22 e as 31 semanas de idade gestacional) correspondem a 1-2% do total. Estes recém-nascidos requerem cuidados especiais que devem ser criteriosamente planeados e executados no sentido de manter a estabilidade geral, apesar da insuficiente maturidade de várias funções vitais. Ainda assim, o risco de morte e de perturbações no desenvolvimento neurológico associadas a estes RN é elevado.
O projecto MOSAIC (Models of OrganiSing Access to Intensive Care for very preterm births in Europe), uma amostra Europeia de base populacional de recém-nascidos muito pré-termo recrutada em 2003 verificou existirem diferenças significativas entre os países da região ao nível da mortalidade e morbilidade neurológica e respiratória destas crianças. Foi possível observar disparidades em termos de organização dos cuidados prenatais e de apoio neonatal bem como na utilização de procedimentos clínicos como o recurso à cesariana ou os diferentes mecanismos de suporte respiratório. Estes resultados levantam questões relativas à forma como o melhor conhecimento médico é aplicado na prática clínica e se os recém-nascidos muito pré-termo recebem o tratamento baseado na melhor evidência científica.
O EPICE surge da necessidade de se obterem informações actualizadas e comparáveis de gravidezes que resultam em parto muito pré-termo, nomeadamente no que respeita às práticas clínicas, à tendência nos resultados da saúde a curto e a médio prazo e ainda à eficácia das novas tecnologias.
Pretende-se investigar como e em que medida o conhecimento científico é efectivamente aplicado no acompanhamento de recém-nascidos muito pré-termo. |