Resumo (PT):
A segregação socio espacial é um dos grandes desafios estruturais das cidades contemporâneas, ao mesmo tempo reflexo e mecanismo de perpetuação das desigualdades históricas. Na cidade do Rio de Janeiro, esta realidade manifesta-se de forma contundente, onde a fragmentação territorial e a distribuição desigual de bens comuns limitam o acesso de grande parte da população ao pleno direito à cidade. Diante deste cenário, esta dissertação propõe uma reflexão sobre o papel social da arquitetura na construção de uma cidade mais justa, analisando de que forma, quando aliada a políticas públicas e intervenções sociais, pode atuar enquanto dispositivo no combate dessas desigualdades.
Mais do que uma procura por respostas e soluções absolutas, pretende-se, sobretudo, levantar questões sobre as diferentes ferramentas, estratégias e dimensões da arquitetura na contribuição de uma cidade mais inclusiva e una. Através da análise crítica de políticas urbanas e intervenções espaciais, confrontam-se intenções e impactos, discursos e práticas, evidenciando os desafios e as possibilidades de uma atuação verdadeiramente comprometida com a equidade.
Neste percurso, torna-se evidente que, embora a arquitetura tenha o poder de reconfigurar dinâmicas urbanas, a sua atuação isolada é insuficiente. Uma transformação efetiva e sustentável requer abordagens multidisciplinares, continuidade, diálogo e a participação ativa daqueles que habitam e constroem a cidade diariamente. Entre contradições e possibilidades, esta dissertação observa uma cidade onde a exclusão ainda se impõe, mas onde a resistência e a reinvenção continuam a redefinir os seus territórios.
Abstract (EN):
Socio-spatial segregation is one of the great structural challenges facing contemporary cities, serving both as a reflection and a mechanism for perpetuating historical inequalities. In the city of Rio de Janeiro, this reality is particularly evident, where territorial fragmentation and the unequal distribution of common goods restrict large portions of the population from fully exercising their right to the city. In light of this scenario, this dissertation explores the social role of architecture in building a fairer city, analyzing how, when combined with public policies and social interventions, it can function as a device in combating these inequalities.
Rather than seeking for absolute answers and solutions, the aim is to to raise questions about the various tools, strategies, and dimensions of architecture in contributing to a more inclusive and cohesive city. Through a critical analysis of urban policies and spatial interventions, intentions and outcomes, discourse and practice are confronted, highlighting both the challenges and the possibilities of a truly committed approach to equity.
Along the way, it becomes evident that although architecture has the power to reshape urban dynamics, its impact remains limited if acting alone. Achieving effective and sustainable transformation requires multidisciplinary approaches, continuity, dialogue, and the active participation of those who inhabit and shape the city on a daily basis. Between contradictions and possibilities, this dissertation examines a city where exclusion still prevails, yet where resistance and reinvention continue to redefine its territories.
Language:
Portuguese