O projeto AGRO-CIRN está enquadrado no Domínio Prioritário "Sistemas Agroambientais e Alimentação" nomeadamente bases empresariais: Agricultura, Silvicultura e Produção Animal e ainda Água e Gestão de Resíduos" e localiza-se na área metropolitana do Porto que possui um nível de especialização elevado QL >= 1, no domínio em causa.
O projeto junta assim 5 entidades regionais do SCT, nomeadamente 5 Unidades de Investigação com classificação de Muito Bom a Excelente, que incluem investigadores e produtores de tecnologia. Além disso tem um plano de comunicação bastante desenvolvido para interagir com os produtores hortícolas desde o início do projeto. Na sua complementaridade estes participantes vão contribuir para que as empresas com SCSS, possam reduzir ao máximo o envio para aterro ou a queima dos seus substratos em fim-de-vida, reintroduzindo-os em processos regenerativos, através da compostagem, desinfeção e de posterior conversão em novos produtos de valor acrescentado, nomeadamente novos substratos com fortificação biológica, prontos a reentrar nos ciclos produtivos de hortícolas. Esta estratégia dará um contributo significativo para reduzir as necessidades de novos recursos orgânicos, de fertilizantes e pesticidas. As evidências, os produtos e a avaliações técnicas e económicas a desenvolver no AGRO-CIRN irão permitir suportar recomendações relativamente à necessidade de equipamentos de reciclagem destes substratos de maior ou menor dimensão, e sobre a necessidade de integrar informação relativa a estes resíduos nos sistemas de suporte à gestão de resíduos na Região Norte.
Complementarmente, o projeto AGRO-CIRN pode contribuir para o restauro da saúde solo e das suas funções ao complementar a avaliação e o tratamento dos substratos em fim-de-vida, de forma a garantir não apenas a sua segurança química, mas também micribiológca, para que os mesmos possam ser usados para melhorar a estrutura do solo e a sua biodiversidade. Os solos de explorações agrícolas intensivas, sujeitos a passagens frequentes de maquinaria, e em muitos casos a lavouras, tendem a apresentar níveis significativos de compactação, com alterações profundas da sua porosidade, da sua capacidade de infiltração de água, entre outras perturbações. Os efeitos da compactação do solo na biodiversidade estão descritos na bibliografia, tendo por base primeiramente efeitos na microbiota do solo e na sua atividade bioquímica (Nawaz et al., 2013). Os substratos de SCSS não compostados, onde dominam materiais lenhosos com taxas de C/N muito elevadas e de difícil mineralização, podem ser incorporados no solo melhorando a sua estrutura, aumentando a sua porosidade e o seu conteúdo em carbono.
Através das duas abordagens propostas o projeto AGRO-CIRN pode assim contribuir não só para a RIS3 como também para outros planos e políticas públicas como o Plano de Ação Regional de Economia Circula (https://www.ccdr-n.pt/storage/app/media/uploaded-files/PLANO%20DE%20AÇÃO_REGIONAL_EC_12_09_2022.pdf) onde é reconhecido que muito há a fazer no setor agroalimentar, devido ao elevado volume de resíduos que gera.
Neste contexto este projeto faz um enquadramento entre as tendências no domínio dos Sistemas Agroambientais com os desafios societais a enfrentar, nomeadamente a descarbonificação e a economia circular.
Face à descrição da ação proposta, o AGRO-CIRN tem como objetivos:
- Avaliar a segurança microbiológica de substratos provenientes de várias culturas, combinando hortícolas, frutícolas e flores de corte, através de análise do microbioma dos substratos usados dos SCSS, selecionando posteriormente microrganismos patogénicos indicadores que de futuro permitam uma avaliação mais expedita e menos dispendiosa da segurança microbiológica destes resíduos (Atividade 1);
- Avaliação de tratamentos avançados de desinfeção dos substratos (Atividade 2);
- Avaliação tecno-económica e de viabilidade da rentabilidade de processos de tratamento, reciclagem/compostagem, descontaminação e desinfeção dos substratos usados dos SCSS (Atividade 3);
- Avaliação do potencial de valorização dos substratos usados dos SCSS, após desinfeção e/ou compostagem, através da sua incorporação em misturas com outros componentes orgânicos ou como corretivos de solos contaminados (Atividade 4);
- Novas abordagens de avaliação da perceção do consumidor e de comunicação com os stakeholders (Atividade 5);
- Garantir um plano de disseminação eficiente de forma a maximizar o impacto do projeto (Atividade 6);
- Efetuar uma gestão dinâmica do projeto, de forma a maximizar a formação de jovens investigadores, com competências para alavancar o desenvolvimento sustentável do setor, assim como a potenciar os resultados do projeto tirando partido das competências diversificadas da equipa que integra (Atividade 7). |