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Memória U.Porto

Docentes e Estudantes da Primeira Faculdade de Letras da Universidade do Porto

José Augusto de Sant’Anna Dionísio


Fotografia de José de Sant’Anna Dionísio

1902-1991
Professor Liceal, Pedagogo e Filósofo



José Augusto de Sant’Anna Dionísio nasceu no Porto, em 23 de Fevereiro de 1902, filho de José de Oliveira Dionísio e de Maria Sant’Anna, realizando o seu percurso escolar como aluno interno em estabelecimentos do ensino particular da cidade. Os estudos primários decorreram no Colégio do Campo, tendo-se apresentado ao Exame de Instrução Primária na Escola de Cedofeita, em 1914; depois, o curso liceal foi completado no Colégio de S. Carlos. No Verão de 1919 obteve a aprovação no respetivo exame liceal, secção de Letras, realizado no Liceu de Alexandre Herculano, Porto, com a classificação de 14 valores. Face ao episódio da "Monarquia do Norte" em inícios desse ano e à subsequente agitação política, afirmou-se como republicano e jacobino, participando nos movimentos juvenis anti-monárquicos, ideário que defendeu ao longo de toda a sua vida.

Fotografia de José de Sant’Anna DionísioNo ano letivo de 1919-1920 matriculou-se na recém-inaugurada Faculdade de Letras do Porto, cursando Filologia Românica. A licenciatura foi concluída com 14 valores, a 13 de Novembro de 1924, após a defesa da dissertação "Vida e Pensamento de Nietzsche".
Contudo, o contacto com Leonardo Coimbra e com outros professores da instituição despertaram a sua verdadeira vocação para a especulação filosófica, matriculando-se no curso de Ciências Filosóficas e colaborando na imprensa e na "Renascença Portuguesa" com artigos literários e filosóficos. A 29 de Outubro de 1926 licenciou-se neste segundo curso, obtendo a classificação de 16 valores com a tese "Henri Bergson", uma reflexão pessoal sobre o pensamento filosófico do autor francês.

Colocado como professor contratado de Filosofia no Liceu de Martins Sarmento, em Guimarães, manteve a sua ligação aos antigos professores universitários através do ingresso no corpo diretivo das últimas duas séries da revista "A Águia". Nas páginas desta revista, num artigo assinado em 1928, levantou grande polémica ao demonstrar o plágio feito pelo Dr. Gustavo Cordeiro Ramos, Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, ao incluir a versão integral de lições de uma universidade francesa na sua dissertação de doutoramento sobre "Fausto", de Goethe. O teor das acusações contra o futuro Ministro da Instrução Pública resultou na suspensão temporária da revista e na proibição de novos artigos versando tal assunto.

Decidido a ingressar como professor efetivo no ensino liceal público, cursou a Escola Normal Superior de Coimbra e cumpriu o estágio pedagógico no Liceu Normal de José Falcão. No Verão de 1930 realizou em Lisboa o Exame de Estado para o 4.º Grupo liceal (História e Filosofia), defendendo a tese "Didáctica da Filosofia nos Liceus", que lhe mereceu a aprovação aquém das suas expectativas pelo teor controverso de algumas das reflexões. Já como professor liceal efetivo, foi colocado no Liceu do Funchal, sem que tal afastamento inviabilizasse a continuidade da sua produção cultural e ação política através da colaboração na "Seara Nova" e em periódicos continentais, chamando a atenção em conferências proferidas para as necessidades educativas dos arquipélagos insulares.

Desagradado com a classificação obtida no Exame de Estado de profissionalização docente, em 1933, regressou voluntariamente ao Liceu Normal de Lisboa para um novo estágio pedagógico, na qualidade de equiparado a bolseiro no país pela Junta Nacional de Educação. No ano seguinte, realizou novo Exame de Estado com a classificação de 15 valores, obtendo a transferência como professor efetivo para o Liceu de Vila Real, onde viveu entre 1935 e 1940. No Verão de 1935 dirigiu-se à Alemanha para uma visita de estudo, recolhendo, em Berlim e Hamburgo, material para as suas investigações literárias e pedagógicas, em parte relegadas para segundo plano devido à missão empreendida de compilar e difundir a obra do mestre Leonardo Coimbra, após o trágico falecimento deste em inícios de 1936. Esta tarefa saldou-se numa nova polémica com António Sérgio, que desprezara publicamente, em vida, o fundador da 1.ª Faculdade de Letras do Porto, a propósito do reconhecimento da originalidade e relevância do pensamento filosófico do mestre portuense.

Fotografia de José de Sant’Anna DionísioEm 1938 dedicou-se à análise do pensamento de Raul Proença, então já gravemente debilitado pela doença, trazendo à ribalta o valor da sua obra "Guia de Portugal". A convite do Estado Novo, ambos reuniram-se para a conclusão dessa obra, trabalhando em conjunto até à morte de Proença, em Maio de 1941. Então, Sant’Anna Dionísio assumiu a direção do 3.º volume, sendo-lhe concedida uma bolsa de quatro anos pelo Instituto da Alta Cultura. No ano letivo de 1947-1948 conseguiu a transferência para o Liceu D. João de Castro, em Lisboa, a que se seguiu nova transferência, no ano imediato, para o Liceu de Pedro Nunes, onde fundou a revista "Palestra" (1958).

Apesar de afastado do grupo da "Filosofia Portuguesa", que compreendia parte de antigos colegas dos cursos universitários no Porto, não deixou de aprofundar as suas especulações filosóficas e de reavivar a memória de Leonardo Coimbra, através de artigos publicados na imprensa e da participação em conferências nacionais e internacionais. Desde 1956, e durante dezasseis anos, integrou anualmente o júri dos Exames de Aptidão a Filosofia para a matrícula na Faculdade de Direito de Lisboa.

Em 1969 usufruiu da equiparação a bolseiro no país patrocinada pela Fundação Calouste Gulbenkian, para poder concluir o 4.º volume do "Guia de Portugal", ao qual se dedicou nos quatros anos seguintes. Com o anúncio da criação da 2.ª Faculdade de Letras do Porto, homologada pelo Decreto-Lei n.º 43 864, de 17 de Agosto de 1961, requereu provas públicas para o lugar de Professor Extraordinário em Ciências Pedagógicas, perante a indignação dos antigos alunos que não reconheciam a sucessão magistral entre as duas instituições universitárias. Ao concurso, que decorreu em meados de 1962, apresentou a dissertação "Pedagogia Culminante dos Gregos". Reprovado pelo júri do concurso, viu-se obrigado a voltar ao magistério liceal no Liceu de Pedro Nunes.

Fotografia de José de Sant’Anna DionísioRegressou ao Porto após a jubilação, em 1972, continuando a sua obra científica e jornalística e intervindo ativamente em organismos culturais como a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto e integrando a Comissão de Honra da "Nova Renascença". Faleceu aos 89 anos nesta cidade, a 5 de Maio de 1991.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

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