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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Manuel de Barros

Fotografia do Professor Manuel de Barros / Photo of Professor Manuel de Barros Manuel de Barros
1908-1971
Engenheiro, astrónomo, matemático e professor universitário

«Com o Prof. Dr. Manuel de Barros eu, aluno de Astronomia na Universidade do Porto, há cerca de 30 anos, aprendi a observar as
estrelas longínquas nos retículos dos instrumentos onde elas começaram a brilhar tanto, para mim, como brilhavam nos poemas
de Guerra Junqueiro e de Olavo Bilac. E aprendi que é tão maravilhoso, como o mundo recriado em beleza, dos artistas e dos poetas,
o mundo verdadeiro da ciência, onde as distâncias se medem em anos-luz. Distâncias finitas ou infinitas, que só a morte consegue
vencer. Porque, como diz Augusto de Castro, "A morte é a única distância que aproxima os homens"»

(Elogio Póstumo do Prof. Dr. Manuel de Barros por Paulo Pombo, seu antigo aluno, no jornal "O Primeiro de Janeiro", de 17 de
Fevereiro de 1971)



Fotografia do Professor Manuel de Barros / Photo of Professor Manuel de BarrosManuel Gonçalves Pereira de Barros nasceu em Esposende, a 29 de Maio de 1908. Era filho de João Gonçalves Pereira de Barros e de Etelvina de Barros Lima. Entre 1920 e 1927 fez os estudos secundários no Liceu de Sá de Miranda, em Braga, que concluiu com a classificação de dezassete valores.

Prosseguiu os estudos na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde frequentou Ciências Matemáticas e se diplomou em 1931 com dezassete valores. Frequentou o curso de Engenharia Civil entre 1931 e 1934 na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, obtendo a classificação final de quinze valores. Em 1944 foi-lhe conferido por unanimidade o grau de Doutor.

Ao ser nomeado por alvará de 18 de fevereiro de 1932 para assistente extraordinário do 1.º grupo da Secção de Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências, funções que já vinha exercendo desde 17 de Novembro do ano anterior, deu início a uma notável carreira de docente. Em 1933 foi contratado para assistente do 2.º grupo da Secção de Matemática e, em 1934, passou a assistente deste grupo, após concurso documental, sendo posteriormente renomeado nos anos de 1938 e 1941. Em 1945 ocupou o lugar de 1.º assistente, ficando a seu cargo a regência dos cursos teóricos de Desenho Rigoroso (1935-1936), Desenho aplicado às Ciências Biológicas (1935-1937), Desenho de Máquinas (1936-1937 e 1942-1943), Aperfeiçoamento de Astronomia (1937-1938 e 1961-1962), Astronomia (1952-1953 e 1961-1962), Topografia (1956-1958) e Geodesia (1960-1962).
Em 1957 concorreu com Manuel Gonçalves Miranda à vaga de professor extraordinário do 2.º Grupo - Mecânica e Astronomia, da 2.ª Secção – Ciências Matemáticas. Do júri, presidido pelo Reitor da U.Porto, faziam parte os professores Diogo Pacheco de Amorim e Manuel dos Reis, da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, e o Dr. Vítor Hugo Duarte de Lemos, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. As provas realizaram-se nos dias 18, 21 e 23 de janeiro de 1960, tendo o candidato Manuel de Barros sido aprovado por unanimidade. Foi nomeado por portaria de 29 de janeiro, publicada no Diário do Governo, 2.ª série, n.º 36, de 12 de fevereiro. Tomou posse a 15 de fevereiro.
Em 1961 apresentou-se como candidato único ao concurso para provimento do lugar de professor catedrático do 2.º grupo, 1.ª Secção da Faculdade de Ciências. Ainda durante o ano letivo de 1960-1961 foi-lhe conferido o título de professor agregado de Mecânica e Astronomia. Neste último ano, foi nomeado professor catedrático, por portaria publicada no Diário do Governo, 2.ª série, n.º 293, de 18 de dezembro. Tomou posse dois dias depois.

Fotografia do Observatório de Greenwich / Photo of Greenwich ObservatoryNo decurso da sua carreira recebeu várias bolsas de estudo, atribuídas, nomeadamente, pelo Instituto de Alta Cultura. Uma delas, para trabalhar no Observatório Astronómico de Uccle de Bruxelas, ficou cancelada devido à recusa da Faculdade de Ciências que não prescindiu de Manuel de Barros, como ao deflagrar da Segunda Guerra Mundial. Outra bolsa de estudo permitiu-lhe estagiar no Observatório de Greenwich entre Outubro e Novembro de 1946, onde conheceu o Dr. R. d'E. Atkinson.

A sua carreira incluiu, também, outras atividades ligadas à Astronomia. Concorreu ao posto de astrónomo de 2.ª classe do Observatório Astronómico de Lisboa em 1937, ficando aprovado em mérito absoluto, e ao de diretor do Observatório João Capelo, em Luanda, em 1942 – apesar de classificado em primeiro lugar, desistiu da nomeação.
Em 1948, foi nomeado vogal da Secção Portuguesa das Uniões Internacionais Astronómica e Geodésica e Geofísica (Diário do Governo, 2.ª série, n.º 189, de 14 de agosto de 1948). Participou na 7.ª, 8.ª, 9.ª e 11.ª assembleias-gerais da União Astronómica Internacional, que tiveram lugar em Zurique (1944), em Roma (1952), em Dublin (1955) e em Berkeley (1961). Mercê do seu empenho no desenvolvimento tecnológico do Círculo Meridiano de Espelho (1957), colaborou com diversos Observatórios Astronómicos, nomeadamente o de Greenwich, o de Pulkovo e o de Ottawa onde trabalhou em setembro de 1961.

Fotografia de Sir Harold Spencer Jones / Photo of Sir Harold Spencer JonesFundou e dirigiu o Observatório Astronómico, edificado em Vila Nova de Gaia, na Alameda do Monte da Virgem, local visitado e aprovado em 1943 pelo astrónomo real britânico, Sir Harold Spencer Jones (1890-1960). Neste observatório coordenou a instalação do equipamento e concebeu instrumentos de astronomia, como um zigómetro e um examinador de micrómetros, dos quais não existem referências publicadas.

Apresentou diversas comunicações ao Congresso Luso-espanhol para o Progresso das Ciências realizado no Porto em Junho de 1942, as quais foram publicadas no ano seguinte no Tomo III dos trabalhos do IV Congresso da Associação Portuguesa para o Progresso das Ciências - "Um aparelho para a determinação da equação pessoal nas observações meridianas de hora", "Dispositivo para movimento mecânico dum micrómetro registador", "As coordenadas do observatório da Serra do Pilar", "Sobre o projecto do Observatório astronómico da Faculdade de Ciências do Porto".

Drawing of Professor Manuel de Barros Astronomical ObservatoryEm 1944, Manuel de Barros publicou a sua dissertação doutoral denominada "Registo fotográfico das observações meridianas", na qual estudou um micrómetro fotográfico para o círculo meridiano da Faculdade de Ciências que, todavia, não chegou a ser construído; e editou trabalhos científicos nos Anais da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, nomeadamente: "Small transit instrument without pivot erros" (Tomo XLI, p.5), "A teoria do instrumento de passagens" (Tomo XLII, p.137) e "On the flexure of a transit instrument" (Tomo XLIII, p.113), para além da dissertação apresentada ao concurso para professor extraordinário da Faculdade de Ciências do Porto ("O círculo meridiano da Faculdade de Ciências do Porto").

Fotografia de Sir Richard Woolley / Photo of Sir Richard WoolleyDurante os últimos anos de vida prosseguiu os contributos para a modernização do equipamento do Observatório e para o estudo da Astrofísica, tendo, para o efeito, criado na Universidade do Porto um curso neste domínio e organizado o "Summer Institute on Stellar Evolution and Variable Stars". Este curso de verão teve a direção científica do astrónomo Sir Richard Woolley e foi financiado pela NATO. Decorreu em Ofir, em Setembro de 1970, numa altura em que Manuel de Barros já sofria de uma doença incurável. Dias depois de proferir a palestra inaugural deu entrada no hospital, acabando por falecer no Porto a 31 de Janeiro de 1971. Após a sua morte, o observatório que criou recebeu o seu nome.

Habituado ao mar, Manuel de Barros interessou-se também pelo desenho de construção naval, tendo criado barcos para Esposende, a sua terra natal.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2010)

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