João Carrington da Costa 1891-1982 Geólogo, professor universitário e político |
João Carrington Simões da Costa nasceu na Figueira da Foz a 21 de abril de 1891.
Ainda jovem, interrompeu os estudos para combater em França na Primeira Guerra Mundial, tendo sido feito prisioneiro na Batalha de La Lys, a 9 de abril de 1918. No ano seguinte, enquanto ajudante de campo do Ministro da Guerra, bateu-se pela derrota da contrarrevolução monárquica liderada por Paiva Couceiro.
Finda a guerra, retomou os estudos e formou-se em Ciências Histórico-Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (1931), e pela Escola Normal Superior de Lisboa e doutorou-se em Geologia na FCUP, em 1931, com a apresentação da tese intitulada "O Paleozoico Português: síntese e crítica".
Durante um largo período de tempo exerceu o magistério no ensino liceal, tendo sido responsável pela aprovação de vários compêndios escolares pelo Ministério da Educação, nomeadamente para as áreas de Mineralogia, de Petrologia e das Ciências Geológicas.
Em 1936, o então professor efetivo do Liceu Rodrigues de Freitas e naturalista do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da FCUP desde 1928, integrou o corpo docente desta Faculdade, onde foi nomeado, sucessivamente, professor auxiliar contratado (1937), professor catedrático contratado (1939), professor catedrático (1941) e professor catedrático de nomeação definitiva (1942). Em 1952 foi transferido para Lisboa em comissão de serviço, como vogal da "Comissão de Estudos de Energia Nuclear", não tendo regressado mais à Universidade do Porto.
No âmbito da Geologia, disciplina que contribuiu para renovar, chefiou as missões de estudos geológicos à Guiné (1946-1947) e presidiu à Sociedade Geológica de Portugal e à Comissão Executiva da Junta das Missões Geográficas e de Investigação do Ultramar, para que havia sido nomeado em 1955. Dirigiu o Centro de Mineralogia e Geologia da Comissão de Estudos de Energia Nuclear do Instituto para a Alta Cultura. Foi membro de várias associações científicas, nacionais e estrangeiras, como a Academia das Ciências de Lisboa e a Real Academia de Ciências de Madrid (eleito sócio correspondente em 1956).
Proferiu diversas conferências, entre as quais uma sobre a evolução da orografia do solo português, numa sessão presidida pelo Vice-reitor da Universidade do Porto, Adriano Rodrigues, em 1934, e que teve lugar na sala de Física da Faculdade de Ciências. Foram seus discípulos Carlos Teixeira e João Manuel Castelo Neiva.
Carrington da Costa desempenhou outros cargos de relevo, nomeadamente políticos - foi chefe de gabinete do Ministro da Agricultura, em 1921, Governador Civil de Braga entre 15 de fevereiro e 16 de novembro de 1923 e Ministro da Instrução em 1925. Em 1958 foi vogal da Comissão Ultramarina do V Centenário da morte do Infante D. Henrique, vogal da comissão nacional promotora da adesão portuguesa à Reunião Internacional da História das Ciências e membro da Comissão Nacional da Conferência Internacional dos Africanistas Ocidentais e, em 1961, presidente da Comissão Nacional da "Union Internationale d’Histoire des Sciences".
Atingiu o limite de idade a 21 de abril de 1961 e jubilou-se em junho deste ano.
Pela sua participação na Primeira Guerra Mundial foi agraciado com as medalhas da Vitória das Campanhas da França. Foi também agraciado com o grau de comendador da Ordem da Instrução Pública, em 1955, e com o grau de oficial da Ordem do Império em 1961.
Carrington da Costa era republicano e maçon. Em 1913, ingressou na Loja Madrugada de Lisboa com o nome "Enjolras", mudando-se depois para a Loja Renascença.
Faleceu na Parede, Cascais, a 20 de abril de 1982.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2011)