António Correia da Silva 1880-1963 Arquiteto |
António Correia da Silva nasceu na rua de Camões, na freguesia de Santo Ildefonso, a 15 de março de 1880. Era filho do canteiro Fernando Correia da Silva e da costureira Maria Cristina da Conceição.
Em 1892 inscreveu-se em Arquitetura Civil e Desenho Histórico, na Academia Portuense de Belas Artes. Quatro anos depois concluiu o 5.º ano de Desenho Histórico e o 1.º de Anatomia Artística. Em 1897 terminou o 5.º ano de Arquitetura Civil. Em 1898 frequentou o 4º ano de Escultura e a cadeira de Perspectiva e Linhas.
No ano seguinte, com Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962) e Jaime Inácio dos Santos (1874-1942), concorreu ao lugar de pensionista do Estado na Classe de Arquitetura Civil. Em 1900, tendo conseguido o lugar desejado, partiu para Paris. Instalou-se no n.º8 da rua de Odessa em Montparnasse. Durante os três anos que aqui passou frequentou cursos matemáticos preparatórios à École des Beaux Arts. Foi aluno do arquiteto e professor Jean-Louis Pascal (1837-1920), em cujo ateliê externo trabalhou. Estudou desenho na Academia Colarossi. Frequentou o curso de Construção na Escola de Belas Artes e enviou para a APBA, um conjunto de desenhos, nomeadamente um projeto para um "Amphithéâtre de l’astronomie" e outro para um "Foyer d’une salle de musique".
Após o regresso ao Porto, foi nomeado, em 1911, arquiteto municipal na primeira vereação republicana de Elísio de Melo. Projetou, então, duas das mais simbólicas obras arquitetónicas da cidade - o Mercado do Bolhão e os novos Paços do Concelho. O Mercado o Bolhão, mandado edificar pela Câmara Municipal do Porto em 1837, começou a ser erigido em 1851, no local onde já funcionava um mercado precário. O edifício que hoje conhecemos, grandemente influenciado pela "École de Beaux-Arts" e com notórias afinidades com a obra do arquiteto José Marques da Silva, foi construído por Correia da Silva, entre 1914 e 1917.
Em 1916 foi aprovado o primeiro projeto para a nova sede da Câmara Municipal do Porto, integrado no plano de expansão do centro cívico da cidade, da autoria do arquiteto inglês Barry Parker. As obras iniciadas 1920 foram retomadas em 1947, depois da reformulação do plano arquitetónico pelo arquiteto e professor Carlos Chambers Ramos. A inauguração dos Paços do Concelho deu-se em 24 de junho de 1957.
No âmbito do trabalho desenvolvido na Câmara Municipal do Porto (1911-1950) o arquiteto projetou, entre outras obras, a ampliação da ala nascente do Hospital da Ordem da Trindade, o Matadouro Municipal em S. Roque da Lameira, o Posto dos Bombeiros na Foz do Douro, o Bairro Operário Manuel Laranjeira em Paranhos, a Escola Infantil de Praça da Alegria e o Internato Municipal no Monte Pedral.
Foi ainda autor de uma proposta para o Teatro de S. João (1909), preterida pelo projeto de Marques da Silva; da capela e do coreto do Parque de La Salette, em Oliveira de Azeméis, e do enquadramento arquitetónico do monumento a António Nobre (1927), no Jardim de João Chagas, com busto do homenageado de Tomás Costa e demais ornatos de Henrique Moreira.
Correia da Silva casou com Arminda Lopes Guimarães (1911), com quem se instalou no n.º 9 da rua dos lavadouros. Deste enlace nasceram três filhos: Vasco, Ilda e Olga. Com as demolições para a abertura da Avenida dos Aliados (então das Nações Aliadas), que destruiu a rua dos Lavadouros, a família mudou-se para a rua da Alegria. Daí transferiram-se para a rua Marechal Saldanha (1916) e, por fim, para o número 105 da rua Guerra Junqueiro, para uma residência desenhada pelo arquiteto.
Após a morte da mulher (1957) casou em segundas núpcias com a afilhada Arminda.
António Correia da Silva faleceu na consoada de 1963, no Hospital da Ordem da Trindade (da qual era irmão desde 1922) e foi sepultado no cemitério do Prado do Repouso, num jazigo que o próprio desenhara em 1921, após a morte da filha Olga.
Desde 1998 que dá nome a um arruamento da freguesia portuense de Ramalde, a rua António Correia da Silva.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2014)