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Proposta: Faculdade de Arquitetura |
Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu no Porto, a 11 de dezembro de 1908. Filho de Francisco de Oliveira, o primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal, e de Cândida Pinto, teve dois irmãos - Francisco e Casimiro - e dois meios-irmãos.
Estudou no Colégio Universal, no Porto, e no Colégio Jesuíta de La Guardia. Praticou ginástica, natação, atletismo e automobilismo e cedo se deixou encantar pelo cinema.
Aos 20 anos, ingressou na Escola de Atores de Cinema, de Rino Lupo, e participou como figurante no filme “Fátima Milagrosa” (1928). No ano seguinte começou a rodar a sua primeira película, "Douro, faina fluvial", com uma câmara oferecida pelo pai e com a ajuda do fotógrafo António Mendes. A versão muda deste filme, que estreou no V Congresso Internacional da Crítica (1931) e foi alvo de apreciações negativas em Portugal, mereceu bom acolhimento no estrangeiro.
Em 1933, participou como ator no filme "Canção de Lisboa", de Cottinelli Telmo, e em 1934 estreou, fora de portas, a versão sonora de "Douro, faina fluvial". Em 1942 realizou a sua primeira longa-metragem - "Aniki-bóbó".
Nos anos 50 dedicou-se à vitivinicultura no Douro e estagiou nos laboratórios da AGFA em Leverkussen, Alemanha, para estudar a cor aplicada ao cinema (1955). Após o regresso ao Porto começou a rodar "O pintor e a cidade", filme mais tarde premiado no Festival Internacional de Curta Metragem de Cork.
Nos anos 60 foi homenageado no Festival de Locarno (1964), em Itália, e a sua obra foi exibida na Cinemateca de Henri Langlois, em Paris (1965). A partir dos anos 70, realizou, entre outros filmes, "O Passado e o Presente", "Benilde ou a Virgem Mãe" (1974-1975), "Amor de Perdição" (1978), "Francisca" (1981), "Le Soulier de Satin" (1985), "Os Canibais" (1988), "Non, ou a Vã Glória de Mandar" (1990), "A Divina Comédia" (1991), "O Dia do Desespero" (1992), "Vale Abraão" (1993), "O Convento" (1995), "Viagem ao Princípio do Mundo" (1997), "A Carta" (1999), "Palavra e Utopia" (2000), "O Princípio da Incerteza" (2002), "O Quinto Império" (2004), "Cristóvão Colombo – O Enigma" (2007), "Singularidades de uma Rapariga Loura" (2009) e "O Estranho Caso de Angélica" (2010) e "O Velho do Restelo" (2014).
Ao longo da sua carreira, Manuel de Oliveira recebeu múltiplos prémios e foi agraciado com numerosas distinções. Foi-lhe atribuída a Medalha de Ouro do CIDALC (1980), pelo conjunto da sua obra, o "Leão de Ouro", do Festival de Veneza, pelo filme Le Soulier de Satin (1985), o Prémio Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores (1995) e o Prémio de Melhor Realizador (1997) da SIC/Caras. Foi distinguido com a Comenda da Ordem de Mérito da República Italiana (1982), a Comenda da Ordem de Artes e Letras de França (1983), a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (1989) e o grande oficialato de Mérito Nacional pela República e do Governo Francês (1997). Foi homenageado em vários países, designadamente em Itália (Veneza, em 1991, e Roma em 1994), no Japão (Tóquio, 1993) e nos E.U.A. (S. Francisco, 1994).
Manuel de Oliveira foi figura de destaque nos "Encontros com o Cinema Novo" da Videoteca de Lisboa (1996). Participou num livro sobre diálogos para os Cahiers du Cinéma com Antoine de Baecque. Em 1989, foi-lhe atribuído o título de doutor honoris causa pela Universidade do Porto, por proposta da Faculdade de Arquitetura. Recebeu o título equivalente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em 2011, ano em que esta instituição comemorava o seu 25.º aniversário.
Casou com Maria Isabel Brandão de Carvalhais em 1940.
Morreu a 2 de abril de 2015, tendo sido sepultado no jazigo da família no Cemitério de Agramonte, no Porto.
Na tarde de 4 de maio seguinte, no auditório do Teatro Rivoli, no Porto (batizado com o nome de Manoel de Oliveira), estreou-se o seu filme inédito Visita ou Memórias e Confissões, rodado em 1982 para ser mostrado ao público depois da morte do cineasta.
(Universidade do Porto Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2015)