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Memória U.Porto

Edifício da Reitoria da U.Porto - Projetistas

António Ferreira de Araújo e Silva

Fotografia de António Ferreira de Araújo e Silva / Photografy of António Ferreira de Araújo e Silva António Ferreira de Araújo e Silva
1843-1909
Engenheiro



António Ferreira de Araújo e Silva, filho do combatente liberal e farmacêutico Joaquim Ferreira de Araújo e Silva e de Margarida Rita do Carmo, nasceu em Oliveira de Azeméis a 9 de agosto de 1843.

Esboço Biographico, 1906 / Esboço Biographico, 1906Depois de ter estudado Latim e Francês seguiu para o Porto, em 1862, para fazer os preparatórios e ingressar na Academia Politécnica do Porto. Foi aluno particular de Azevedo Albuquerque, do Dr. Chaves de Oliveira, do padre Portella e de Augusto Luso. Realizou os exames em 1863, no Liceu do Porto, e, em outubro desse ano, matriculou-se nos cursos de Engenharia de Pontes e Estradas e de Engenharia de Minas da Academia Politécnica, durante os quais conquistou prémios e accessits e um diploma de louvor na cadeira de Arquitetura Civil.

Nos tempos de estudante frequentou a aula noturna de Desenho do Instituto Industrial e Comercial do Porto e o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Participou na IX Exposição Trienal da Academia Portuense de Belas Artes (1866), enquanto estudante obrigado da aula d’Architectura para completar o curso d’Engenheiros de pontes e estradas da Academia Polytechnica. Projecto d’hum theatro (…) Obra (…) julgada digna do 2.º premio em conferencia geral de 31 d’agosto de 1866.

Depois de diplomado em Engenharia (1868), foi nomeado Engenheiro da Repartição Distrital de Obras Públicas de Aveiro (1869), de seguida promovido a Engenheiro-chefe da mesma repartição (1870) e depois a Diretor das Obras Públicas do Distrito de Aveiro (1875).

Nesta cidade foi um cidadão fortemente ativo. Participou na exposição comemorativa do centenário do Marquês de Pombal (1882), promovida pelo Grémio Moderno, sociedade de instrução e de recreio da qual era membro. Integrou o opúsculo oferecido por escritores e jornalistas no 75.º aniversário de Manuel José Mendes (1884). Escreveu o folheto O mosteiro de Arouca: lenda histórica (1886), após a morte da última religiosa deste mosteiro. Escreveu nos periódicos Campeão das Províncias, Districto de Aveiro e Locomotiva. Foi correspondente d’O Comércio do Porto, jornal com o qual continuou a colaborar depois de fixar residência no Porto e publicou artigos sobre o Porto de Leixões no Eco de Portugal e Brazil, depois compilados em 1879.

Foi membro da Comissão de Viação, do Conselho de Agricultura Distrital, da Comissão Executiva da Junta Geral do Distrito, e da Junta de Paróquia de Vera-Cruz. Presidiu ao Colégio Eleitoral, nas Eleições de Pares do Reino de 1885, e ao Grémio Moderno, em 1883.

Projetou muitas obras, a maioria das quais realizada, como as igrejas de S. João da Madeira, de Ossela, de Vera-Cruz e da Misericórdia de Vagos; pontes como a ponte metálica sobre o Douro, em Entre-os-Rios (1881), e a ponte de pedra do Loureiral, sobre o Paiva; o quartel de Infantaria e o quartel de Cavalaria n.º10; estabelecimentos de banhos de S. Jorge e de S. Pedro do Sul; o projeto de abastecimento de águas de Aveiro e de Ovar; o hospital de Alquerubim; o Teatro da Anadia e as linhas férreas de Ovar ao Furadouro e a 1.ª de S. Jacinto, entre outras obras.

Em 1888 transferiu-se para a Direção das Obras Públicas do Porto, associando-se a inúmeros projetos como as pontes metálicas de Ermida, sobre o Douro, e de Vila do Conde, a ponte de pedra de Caninhas, sobre o Paiva; o Hospital do Bonfim (depois Hospital de Joaquim Urbano) e o Hospital Misericórdia de Penafiel; o Dispensário da Rainha D. Amélia no Porto; projetos de quartéis e Casas de Despacho na Estrada da Circunvalação; os edifícios das Irmãzinhas dos Pobres, do Asilo das Águas-Férreas e do Novo Aljube (Porto); o Laboratório Químico-Agrícola; obras no Teatro de S. João e oficinas de O Comércio do Porto; projetos do edifício da Creche da Afurada e da Escola Industrial Faria de Guimarães.

A 15 de dezembro de 1890 Araújo e Silva apresentou ao Ministro da tutela o projeto de conclusão do edifício da Academia Politécnica do Porto. A execução da obra realizar-se-ia em quatro empreitadas e custaria 200 000$00 reis. O Parlamento aprovou o Projeto de Lei que o rei D. Carlos transformou em Carta de Lei de 1 de agosto de 1899, publicada no Anuário da Academia Politécnica do Porto: Anno Lectivo de 1901-1902. Ainda em 1899 foi incumbido pelo Ministro das Obras Públicas de proceder a melhoramentos no edifício da Academia Portuense de Belas Artes (novas aulas e ateliês de Pintura).

Membro da Sociedade Nacional Camoneana, foi autor do poema Camões e a História, recitado pelo conde de Samodães na sessão desta Sociedade de 10 de junho de 1888 e depois impresso numa edição de 56 exemplares, tantos quantos os anos de vida do poeta. Nas comemorações dos 325 da morte de Luís Vaz de Camões editou A dor suprema : Camões e Nathercia.

Em 1889 foi condecorado, por proposta do Ministério da Guerra, com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Sant’Iago, pelo projeto e construção do quartel de cavalaria de Aveiro; e ainda agraciado, sob proposta do Ministério das Obras Públicas, com a Carta de Conselho, em 1892, pelos serviços prestados no exercício das suas funções; e com a Comenda da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em 1900, proposta pelo Ministro do Reino, em reconhecimento pelos serviços civis prestados na direção das obras do Monumento ao Infante D. Henrique.

Foi ainda premiado com a medalha de prata pela cooperação na Exposição Industrial Portuguesa de 1890. Recebeu duas portarias de louvor do Ministério das Obras Públicas, em 1899, pela sua atuação no Porto e arredores da cidade durante o surto de Peste (respetivamente de 8 de setembro e de 6 de dezembro desse ano) e foi nomeado Académico Honorário da Academia Portuense de Belas Artes em 1901, pelos serviços relevantes prestados àquela instituição.

Hospital da Misericórdia de Penafiel de 1894 (foto do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa) / Penafiel Mercy Hospital, 1894 (photo Hospital Center of Tâmega and Sousa)Na inauguração do Hospital da Misericórdia de Penafiel - obra que projetou e dirigiu – a 24 de junho de 1894, foi descerrado o seu retrato, e no I aniversário deste edifício foi inaugurada a Avenida Araújo e Silva, na cidade de Penafiel. A 15 de março de 1903 foi inaugurado um novo retrato seu, desta vez na Associação de Classe dos Operários Tecelões no Porto.

Araújo e Silva era benemérito das Ordens da Lapa, da Trindade (para a qual delineou a Tribuna da Igreja, depois executada pelos entalhadores Zeferino José Pinto e filho) e de Nossa Senhora do Carmo, no Porto, e da Associação das Creches de Vila Nova de Gaia, da Associação Protetora da Infância do Porto e da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel.
(Universidade do Porto Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2016)

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