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Proposta: Faculdade de Belas Artes |
Fernando Resende da Silva Magalhães Lanhas nasceu na freguesia da Vitória, na cidade do Porto, a 16 de Setembro de 1923.
Desde criança que se inquietou com as origens do Homem e com o conhecimento do Universo, temas que motivaram os primeiros trabalhos artísticos e as primeiras pesquisas científicas.
Frequentou o Curso Especial de Arquitectura e, posteriormente, o Curso Superior de Arquitectura, da Escola de Belas Artes do Porto. Terminou estes estudos em 1947 com a apresentação de um projeto sobre a construção de um museu, que lhe valeu a classificação de dezanove valores.
Pintou quadros figurativos, que rapidamente se transformaram em obras abstratas, envolveu-se na organização das exposições independentes dos alunos da ESBAP, em 1944, e colaborou na página "Arte" do jornal diário do Porto, "A Tarde", em 1945. Viajou até Paris, onde visitou e desfrutou de certames de Arte.
Nos anos 70, na atual Escola Secundária Garcia de Orta, criou a Sala de Cosmografia, a primeira sala deste género no país, reconhecida pela NASA devido à sua importância didática e que motivou o convite feito a um aluno para estar presente no lançamento da nave Apollo14.
Homem de múltiplos interesses, arquiteto de formação, é igualmente pintor, desenhador, poeta, arqueólogo, astrónomo e colecionador por vocação.
Como arqueólogo amador também deixou a sua marca, realizando o "Inventário dos lugares com interesse arqueológico", que começou a ser publicado em 1965 em colaboração com D. Domingos de Pinho Brandão. Em ligação com a Arqueologia também se interessou pela Paleontologia, Biologia e Geologia. Elaborou estudos arqueológicos, publicou artigos a propósito das investigações por si realizadas, participou em congressos e jornadas arqueológicas. Das suas descobertas arqueológicas podem destacar-se, entre outras, o Castro de S. Paio, em Labruge (1967), e a gravura rupestre no Monte da Luz, na Foz do Douro (1972).
Na área da Museologia, projetou e executou montagens de coleções no Museu Municipal da Figueira da Foz, no Museu Monográfico de Conímbriga, no Museu Militar do Porto e na Biblioteca-Museu Municipal de Paredes. Planeou, também, o Museu de Mineralogia da Faculdade de Ciências do Porto e o Centro de Arte e Cultura Popular, em Via Nova de Famalicão.
Enquanto arquiteto, aprecia projetar moradias urbanas, modernas e respeitadoras da tradição, assim como espaços museológicos de forte pendor pedagógico.
É tido como um dos pioneiros da abstração geométrica em Portugal. Numa época em que muitos artistas seguiam a corrente neo-realista, Lanhas escolheu um caminho revolucionário. A sua obra pictórica é feita de aguarelas, serigrafias, pinturas sobre seixos rolados, colagens e xilogravuras. Na área do desdenho, insere-se na família dos grandes desenhadores modernos, aliando a capacidade de expressão ao virtuosismo da forma.
Enquanto poeta, é autor de composições caracterizadas por um grande rigor formal e pela contenção da ideia. Desde muito cedo que se preocupou em registar os sonhos do próprio sonhador.
O interesse pela arqueologia e pela astronomia decorre da sua busca incessante pelas origens, que estendeu ao colecionismo. É um colecionador de fósseis, seixos, areias de diversas partes do mundo, rochas, brinquedos, rótulos, anúncios, etc. Reúne e cria coleções devidamente rotuladas e também se interessa por fotografia, sobretudo fotografia antiga.
A Universidade do Porto distinguiu-o com o título de doutor honoris causa a 29 de novembro de 2005, por proposta da Faculdade de Belas Artes.