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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

António Patrício

Fotografia de António Patrício António Patrício
1878-1930
Escritor e diplomata



António Patrício nasceu a 7 de Março de 1878, no Porto, filho de António José Patrício, armador e proprietário de uma agência funerária, e de Emília Augusta da Silva Patrício, doméstica.
Estudou no Liceu Nacional Central do Porto e, em 1893, com 15 anos, matriculou-se na Academia Politécnica do Porto, como aluno voluntário. Não teve muito sucesso neste seu primeiro percurso como estudante do ensino superior e, em 1897, abandonou a Academia sem ter obtido qualquer grau académico.
Em Setembro de 1898 foi cumprir o serviço militar e, alguns meses depois, casou-se com Alice Minie Josephine d'Espiney. No ano seguinte, nasceu o seu primeiro filho.
Partiu do Porto para estudar na Escola Naval, em Lisboa, mas, em 1901, já tinha regressado. Aqui, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Durante os primeiros tempos, os resultados académicos não foram melhores do que os da Academia Politécnica, mas, a partir do ano letivo de 1903-04, a situação modificou-se. António Patrício ficou aprovado em diversas cadeiras do curso, com resultados que, na sua maioria, se situaram entre os 12 e os 14 valores. Concluiu o Curso de Medicina em 8 de Janeiro de 1908, com a defesa da dissertação de licenciatura "Assistência aos Alienados Criminosos", tendo obtido a classificação final de 14 valores.
Ainda estudante na Escola Médico-Cirúrgica, em 1905 publicou o seu primeiro livro, "Oceano", numa altura em que já era conhecido como poeta de talento nos meios intelectuais do Porto. Mas a sua consagração, especialmente entre as hostes republicanas, deu-se com a peça de teatro "O Fim", que profetizava a queda apocalíptica da Monarquia.

Meses antes da implantação da República, entrou para a carreira diplomática como Cônsul de 2ª classe. Nesse mesmo ano publicou "Serão Inquieto", um livro de contos. A sua primeira missão diplomática teve lugar na Galiza, onde conseguiu impedir que importantes carregamentos de armas chegassem às mãos dos monárquicos de Paiva Couceiro. A ação de Patrício contribuiu significativamente para o fracasso da incursão monárquica que se deu pouco depois.
Da Galiza seguiu para o Consulado de Cantão. Em 1913, envolveu-se com Lídia Carvalho, membro de uma importante família portuguesa residente em Hong Kong, o que lhe valeu um processo disciplinar e a destituição do cargo que ocupava.

Pedro, o Cru - peça de António PatrícioFoi também nesse ano que escreveu a peça de teatro "Pedro, o Cru", que seria publicada em 1918.
Estava em Bremen nas vésperas da I Guerra Mundial e aí ficou retido quando, em 1916, se deu a declaração de guerra entre a Alemanha e Portugal. No entanto, conseguiu regressar a Portugal um ano depois.

Em 1920 faleceu o seu filho António Patrício Júnior. Patrício ficou muito afetado por este acontecimento e, praticamente, deixou de escrever. Entre essa data e 1929, altura em que voltou a sentir o impulso da escrita, publicou apenas um livro, em 1924. Tratou-se de "D. João e a Máscara", a sua obra mais negra.
Em 1927 viajou para a recém-criada Legação de Caracas, sendo já Chefe de Missão de 2ª classe. As relações com os venezuelanos revelaram-se excelentes e o tempo que passou em Caracas foi uma época feliz. Mas um ano depois, o Ministro das Finanças, Oliveira Salazar, mandou fechar a Legação em Caracas devido a cortes orçamentais. De modo que, depois desta experiência, Patrício regressou a Lisboa com um novo alento para escrever. No entanto, as obras que iniciou nesta época ficaram inacabadas, devido à sua morte, em Macau, em 1930, quando seguia para assumir uma nova missão diplomática em Pequim.

Patrício foi um homem marcadamente irreverente, irónico, com muito sentido de humor, mas também impertinente, sarcástico e desdenhoso. Uma personalidade que lhe valeu algumas inimizades, mas que, por outro lado, lhe permitiu reunir, no seu grupo de amigos, alguns vultos destacados da política e da literatura portuguesas. Esta personalidade "pública" serviu-lhe de máscara para esconder uma alma sensível e impressionável, que lhe permitiu criar uma obra literária notável. Tal como muitos dos seus amigos, Patrício foi um escritor simbolista e decadentista.
(Texto de Marco Paulo Mendes Dias, 2008)

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