Matricula-se na Academia Portuense de Belas Artes, em 1882, onde será aluno do Arquitecto Silva Sardinha, do Escultor Soares dos Reis e do Pintor Marques de Oliveira. Ainda em Paris participará nos concursos do Monumento a Afonso de Albuquerque e da conclusão das Obras do Mosteiro dos Jerónimos, ambos em Lisboa, no do Monumento ao Infante D. Henrique, no Porto, e é encarregado das Obras de S. Torcato, em Guimarães, e das primeiras obras da Associação Comercial do Porto, de que virá a ser arquitecto até 1910. Na viragem do Século é arquitecto da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, onde explorará as fontes neo- românicas, do pioneiro Bairro Social de "0 Comércio do Porto", no Monte Pedral (Porto), e é-lhe cometido o projecto da Igreja de Cedofeita, que há-de ser levado inconclusivamente até aos anos 30. Académico de mérito da Academia Portuense de Belas Artes e da Academia Real de Belas Artes de Lisboa, autor dos primeiros projectos de moradias particulares e palacetes (a Casa Ramos Pinto, na Granja), é arquitecto da Câmara Municipal do Porto, de 1904 a 1906, ingressando neste último ano na Academia Portuense de Belas Artes, como Professor de Arquitectura. |
JOSÉ MARQUES DA SILVA (PORTO, 1869-1947) Havia já refeito os projectos da Gare de S. Bento de Avé-Maria (até ao projecto final de 1904) cuja construção prosseguirá até 1916. Faz deslocações a Paris, já preocupado com a problemática dos teatros, vindo a projectar, entre outros, o Teatro de S. João (1909), tal como acontecerá com o Monumento aos Heróis das Guerras Peninsulares, elevado na Rotunda da Boavista. Em 1913 é nomeado Director da Escola de Belas Artes do Porto, podendo dizer-se que, desde então até 1925, um novo período balizará a obra do Arquitecto, marcado por viagens à Bélgica, Alemanha e Paris, pela realização dos Armazéns Nascimento, pelos concursos e começos de realização dos Liceus Alexandre Herculano e Rodrigues de Freitas, pela intervenção no centro cívico da cidade do Porto (futura Avenida dos Aliados), impondo aqui uma imagem forte, veiculadora de um gosto burguês, óbvio nos edifícios de arranque da Avenida dos Aliados e na Zona VI da mesma Avenida (com o edifício do Jornal de Notícias e outros). |
O mesmo desenho forte fica expresso no Palácio Conde de Vizela, preenchendo o quarteirão leste das Carmelitas, obra que iniciará as relações duradouras com a família Cabral (o primeiro e segundo Conde de Vizela). Após esta data e, ainda, por influências de atelier, aproxima-se das Artes Déco e de uma contida racionalização, fazendo e refazendo projectos no Porto, Guimarães (o mercado e a Igreja da Penha) e Santo Tirso. No Porto são sintomáticas as reformulações dos projectos da Casa de Serralves onde concorrem, necessariamente, o gosto culto e exigente do próprio Conde e o contributo dos decoradores, mormente os ligados à Casa Ruhlmann, de Paris. Participou nas principais reformas do Ensino Artístico, nas Comissões ligadas ao Património Nacional e ao da Cidade (Comissão de Estética e Comissão de Arqueologia) e instalou definitivamente a Escola de Belas Artes do Porto no Palacete de S. Lázaro. Deixou-nos, como legado, uma arquitectura que se estende aos seus discípulos, tais como Rogério de Azevedo, Manuel Marques, Viana de Lima, Ricca Gonçalves, Arménio Losa, Januário Godinho, David Moreira da Silva e sua filha Maria José. [A.C.] |