Nas imediações do Hospital de Santo António, do Palácio da Justiça, da Igreja de São José das Taipas e da casa onde nasceu Almeida Garrett, fica uma área da zona histórica de Miragaia, dotada de excelente vistas para o rio Douro e genericamente denominada Virtudes.
No n.º 11 da rua das Virtudes encontramos o Antigo Clube Inglês (Imóvel de Interesse Público), junto do elegante chafariz neoclássico da rua das Taipas, um edifício burguês do mesmo estilo, dos séculos XVIII e XIX, que tem o terraço assente numa das torres da muralha gótica da cidade. A casa foi adquirida em 1834 pelo comerciante portuense José Alexandre Ferreira Brandão e depois vendida pelos seus herdeiros ao Oporto British Club, em 1923, dando assim origem à atual designação.
Hoje funcionam aqui os Serviços de Assistência das Organizações de Maria (SAOM), responsáveis pelas obras de restauro dos anos noventa do século XX, que mantiveram os seus tetos pintados a fresco.
No século XIX, o jardim da casa esteve ocupado por umas das posições estratégicas durante o Cerco do Porto (1832-1833).
No número 1 da rua Azevedo Albuquerque, arruamento que atravessa, na direção norte-sul, o Passeio das Virtudes - alameda virada a ocidente e decorada pelas esculturas Cavaleiros do Apocalipse e Serpente de Gustavo Bastos - surgem a Casa e a Quinta das Virtudes.
A quinta recebeu uma bateria durante o Cerco do Porto (1832-1833), tal como o vizinho Clube Inglês e, em 1844, a casa e a quinta foram adquiridas pelo horticultor e floricultor José Marques Loureiro (1830-1898) que nelas explorou o Horto das Virtudes, depois transformado na Real Companhia Hortícola-Agrícola Portuense, em 1890.
Em 1965 a quinta foi vendida à Câmara Municipal do Porto, que a converteu no Parque Municipal das Virtudes. Aqui habita a maior gingko biloba de Portugal, uma bicentenária árvore classificada de Interesse Público, e que acolhe projetos culturais e de animação.
Em 1990, Mário Cláudio escreveu o romance A Quinta das Virtudes que conta a história romanceada de várias gerações de ocupantes deste lugar.
A casa barroca, de planta em U, edificada em 1767 por ordem de José Pinto Meireles, cavaleiro da Ordem de Cristo, foi comprada, em 1989, pela Cooperativa Árvore para sede da instituição remodelada segundo projeto do arquiteto Alcino Soutinho.
Adossada a um socalco deste jardim municipal, disposto em socalcos e com vistas para o Douro e Vila Nova de Gaia, sob o paredão das Virtudes (construído em 1787 e reconstruído entre 1797-1799) e no fundo da Calçada das Virtudes, subsiste a imponente Fonte do rio Frio ou das Virtudes (Monumento Nacional), de gosto maneirista, patrocinada pela edilidade portuense, para aproveitamento de águas de minas, e erigida no lugar de enterramento dos membros da comunidade judaica do século XVI. Atribuída a Pantaleão de Seabra e Sousa, fidalgo da Casa Real e Regedor da Cidade, terá servido de modelo para o pórtico seiscentista da Casa da Quinta da Prelada, depois intervencionado por Nicolau Nasoni na centúria seguinte.
Numa cartela no centro do espaldar da fonte, uma inscrição latim fala-nos das suas águas: Aqui flui abundante a fonte dita das virtudes, quem tiver sede já pode beber sem receio. Estas águas nasciam de uns penedos cavernosos e andavam por ali perdidas em charcos imundos e sombrios. A câmara municipal as expôs, como vedes, fazendo esta majestosa fábrica, e para lhe dar maior realce abriu esta estrada e fez estes assentos. No ano de 1619.
(Universidade Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2018)