"Ora eu nasci no Porto e criei-me em Gaia"
(Almeida Garrett, no prefácio do romance "O Arco de Sant’Ana")
João Baptista da Silva Leitão, segundo filho de António Bernardo da Silva e de Ana Augusta de Almeida Leitão, nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799. Foi batizado passados seis dias na Igreja Paroquial de Santo Ildefonso, tendo recebido por padrinhos João Baptista da Silva e Antónia Margarida Garrett. A partir de 1818 adotou em definitivo os apelidos Almeida Garrett, pelos quais ficou para sempre conhecido.
Em 1804, com 5 anos de idade, foi viver para Vila Nova de Gaia, onde a família tinha propriedades. Numa primeira fase, habitou a Quinta do Castelo, no lugar do Candal, freguesia de Santa Marinha, sita nas proximidades das ruínas do Castelo de Gaia. Terá sido aqui que ouviu pela primeira vez a lenda de Gaia que, mais tarde, integraria o seu universo literário. Numa segunda fase, fixou-se na Quinta do Sardão, em Oliveira do Douro, imponente propriedade rural servida de água pelo aqueduto dos Arcos do Sardão, construído pelo avô materno de Almeida Garrett.
Em 1809, com a aproximação das tropas napoleónicas, a família deslocou-se para Lisboa, de onde seguiu para Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. Nesta ilha açoriana, João Baptista foi educado por D. Frei Alexandre da Sagrada Família, Bispo de Angra e seu tio.
Em 1816 regressou ao continente para estudar Leis em Coimbra. Durante o tempo passado no meio académico coimbrão dedicou-se à literatura e conviveu com novas correntes políticas.
Depois de concluir o curso em 1821, Almeida Garrett procurou fazer carreira em Lisboa, como funcionário público e escritor. Entretanto, casou com Luísa Midosi, de quem se viria a separar em 1836.
A viragem de regime resultante da Vilafrancada (1823) conduziu-o ao exílio, como a tantos outros. Primeiro em Inglaterra, depois em França, onde deu à estampa a obra "Camões", pioneira da literatura romântica portuguesa.
Em 1826 regressou a Portugal, mas por pouco tempo, pois esteve novamente exilado. Em 1832 juntou-se ao exército liberal organizado por D. Pedro na Ilha Terceira e que desembarcou triunfalmente na praia do Mindelo. O soldado Garrett integrava o famoso Batalhão Académico.
Durante o Cerco do Porto, Almeida Garrett esteve aquartelado com o n.º 72 no Colégio de S. Lourenço (actual Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição), como voluntário do Batalhão Académico. Nessa altura começou a escrever o romance histórico "O Arco de Sant’Ana (Crónica Portuense). Manuscrito achado no convento dos Grilos no Porto, por um soldado do Corpo Académico", publicado em dois volumes, entre 1845 e 1851.
A vitória dos liberais na guerra civil proporcionou-lhe o desempenho de vários cargos políticos, como o de Encarregado de Negócios e Cônsul-Geral na Bélgica, de Inspetor-Geral dos Teatros e Espetáculos Nacionais, de deputado e de responsável pela Pasta dos Negócios Estrangeiros. Recebeu, também, várias distinções como o título de Visconde e a eleição de Par do Reino.
Almeida Garrett teve uma vida sentimental atribulada. Manteve relações amorosas com Adelaide Pastor Deville, de quem teve uma filha, Maria Adelaide, nascida em 1841, e com a viscondessa da Luz, que inspirou muitas das suas poesias.
Almeida Garrett abandonou a vida pública aos 53 anos. Pouco depois faleceu em Lisboa, a 9 de Dezembro de 1854.
Na Praça do General Humberto Delgado, Porto, em frente aos Paços do Concelho, foi erguida uma estátua da autoria do mestre Salvador Barata Feyo para comemorar o 1.º centenário da morte de Almeida Garrett.