Raimundo Joaquim da Costa 1778-1862 Desenhador, gravador e professor |
“R. J. da Costa desenhava com muita graça, tanto cópias por estampas, como países pelo natural, e tinha particular talento para preparar países e aguadas de Nanquin, que depois banhava de côres”.
(“Necrologio”, 1862)
Raimundo Joaquim da Costa, filho de Manuel Costa Simões e de Maria de Jesus, nasceu em Lisboa a 31 de agosto de 1778.
Na Academia de Lisboa, onde foi um aluno premiado, estudou desenho com Eleutério Manuel de Barros, arquitetura com Germano Xavier de Magalhães e aprendeu gravura com o mesmo mestre Eleutério Barros e Joaquim Carneiro da Silva.
Trabalhou na Typografia Chalcrographica e Litteraria do Arco do Cego, mas foi no Porto que desenvolveu a sua carreira.
Em 1803 foi nomeado Lente substituto da Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto (por carta régia de 1 de outubro de 1803) e depois da morte de José Teixeira Barreto, por nomeação de 22 de outubro de 1811, exerceu funções como lente proprietário da mesma cadeira, que lecionou até 1831. Em 1832 abandonou a Academia por motivos políticos e após o fim do Cerco do Porto (1832-1833) passou a ministrar aulas particulares de desenho.
Em 1836 pediu a exoneração do lugar de lente de gravura histórica da Academia Portuense de Belas-Artes, para o qual fora nomeado por decreto de 3 de dezembro daquele ano, mas viu o seu pedido ser rejeitado (portaria de 28 de dezembro de 1836).
Jubilou-se em 1843 com dois terços do ordenado (carta régia de 27 de setembro).
Raimundo Costa deixou uma significativa obra de gravura, da qual se podem destacar: Alegoria à Aclamação de Sua Alteza Real o Príncipe Regente na cidade do Porto a 18 de junho de 1808, realizada a partir de um quadro de José Teixeira Barreto; o Retrato da Infanta D. Isabel Maria, a partir de um desenho de João Baptista Ribeiro; A cidade do Porto pobremente vestida e consternada entre cadeias, recusa aceitar a mortífera bandeira, que a França lhe intenta fazer tomar, com desenho do pintor José Teixeira Barreto, que reproduz uma gravura de Nicolas Trant com uma alegoria à entrada das tropas francesas e ao desastre da Ponte das Barcas, em 29 de março de 1809 (integrou a Edição comemorativa da inauguração da Ponte da Arrábida: cinquenta vistas do Porto) e o retrato do Marechal Silveira, conde de Amarante, a partir de obra de João Baptista Ribeiro (1811).
Escreveu, mas não publicou, o Tratado de perspectiva que usava nas suas aulas.
Morreu no Porto a 8 de abril de 1862. O seu “Necrológio” foi escrito por João Baptista Ribeiro, discípulo e colega na Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto, e por Manuel José Carneiro, também discípulo e professor da Academia Portuense de Belas-Artes. O Necrológio foi publicado no Diário Mercantil de 4 de junho de 1862.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2013)