A Quinta do Gólgota foi adquirida pela Universidade do Porto, que nela instalou a Faculdade de Arquitectura, carenciada de instalações próprias desde há algum tempo. O Palacete Braguinha, na Avenida Rodrigues de Freitas, onde esta Faculdade teve as primeiras instalações, esgotara a sua capacidade logística. O local de implantação da Casa do Gólgota tornava este imóvel ainda mais apetecível pois o Projecto de Planeamento Geral do Pólo 3 já se encontrava em curso nessa altura (início dos anos 80 do século XX) e, assim, as novas instalações da FAUP ficariam integradas nesta zona universitária.
O edifício foi adquirido pelo Ministério das Obras Públicas por escritura de compra e venda lavrada a 30 de Novembro de 1984. O imóvel tinha o nome de "Casa do Gólgota", ocupando o número 215 da rua com o mesmo nome: rua que "bifurca com a denominada via panorâmica, belo miradouro debruçado sobre a meia encosta da margem direita do Rio Douro, inserida no complexo rodoviário que serve a Ponte da Arrábida." (Memorando de 11 de Junho de 1984, incluído no [Processo de] aquisição de um prédio na Quinta do Gólgota: Avaliação promovida pela CEN do prédio denominado "Casa do Gólgota" (…). In Projectos de Obras, pasta 519 – Arquivo Central da Reitoria da U.Porto).
No processo de aquisição de um prédio na Quinta do Gólgota (In Projectos de Obras, pasta 519 – Arquivo Central da Reitoria da U.Porto), a casa é assim descrita:
"Velha mansão constituída por parcela ajardinada, cuidada, com arruamentos pavimentados, murada, com uma fonte em pedra e estufas, uma mina [que] abastece de água a rega, [um] anexo de um piso, com desvão do telhado aproveitado, para arrumos de jardim. Moradia de 4 frentes e 4 pisos – R/c – sala de estar, átrio, cozinha, arrumos, despensa, garrafeira e sanitário. 1.º andar – grande salão, sala de estar, sala de jantar, copa e sala de trabalho. 2.º andar – 5 quartos, um com saleta anexa e 2 quartos de banho. Águas furtadas – 6 divisões zona de serviço e acomodação de pessoal apoiada por um quarto de banho. Comunicações verticais – por 2 escadas (principal e de serviço).
A construção [do] anexo [foi feita em] cobertura de telha sobre armação de madeira. Paredes de alvenaria de pedra, areadas e pintadas. Pavimento de betonilha. [A] moradia – Grande habitação, antiga (próxima do início do século), sólida, de categoria média no mundo actual, mas sem dúvida, de luxo para a época em que foi levantada.
Sem nada de excepcional sob o ponto de vista construtivo, houve porém a intenção de criar ambiente confortável através do uso de pavimentos de mármore (átrio e casas de banho) e do guarnecimento de paredes interiores com madeira de qualidade. Cobertura de telha. Estrutura de madeira. Paredes de alvenaria de pedra areadas ou estucadas com papel, madeira ou pintura a guarnecer. Pavimentos de madeira (soalho, excepto no átrio e quartos de banho (mármore) e na cozinha (mosaico). Caixilharias e esquadrias de madeira pintadas.
Tem instalações de água canalizada (pública e de mina), de electricidade e de esgotos, desactualizadas.
Conservação – A manutenção tem sido atenta e cuidada pelo que o prédio mostra boa conservação e possibilidade de utilização imediata, só carecido de beneficiações e alterações específicas, exigidas pelos novos utentes."
Para autor da obra de recuperação da Quinta e Casa do Gólgota foi escolhido o arquitecto Álvaro Siza Vieira, também docente na Faculdade de Arquitectura. As novas instalações foram entregues à FAUP a 18 de Dezembro de 1984, o que permitiu que os trabalhos escolares do ano lectivo em curso decorressem já no Pólo 3.