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José Joaquim Teixeira Lopes (Teixeira Lopes, Pai) 1837-1918 Escultor e ceramista |
José Joaquim Teixeira Lopes nasceu em S. Mamede de Ribatua, concelho de Alijó, em 24 de Fevereiro de 1837. Era filho de um modesto proprietário rural.
Na sua infância não recebeu uma educação adequada à sensibilidade artística que nele cedo se manifestou. Porém, com o passar do tempo, o pai acabou por admitir a sua vocação e, após algumas resistências, permitiu-lhe que entrasse como aprendiz na oficina de Manuel da Fonseca Pinto, no Porto.
Assim, com 13 anos encetou uma carreira artística, orientada pelo "professor Fonseca", artista que nessa altura dirigia os trabalhos escultóricos de decoração dos barcos nos estaleiros de Vila Nova de Gaia.
Terminado o período de aprendizagem voltou a S. Mamede de Ribatua. Na aldeia natal casou com a prima Raquel Meireles, em 1857, com quem teve dois filhos: António Teixeira Lopes (1866 – 1942), Escultor, e José Teixeira Lopes (1872-1919), Arquiteto.
Passados três anos vendeu a propriedade que o sogro lhe dera, para puder voltar ao Porto e aí prosseguir os estudos. Nesta cidade instalou-se na Praça da Alegria e ingressou na Academia Portuense de Belas Artes, onde foi aluno do mestre João Correia. Nesse período da sua vida estudava de dia e à noite produzia pequenas imagens, que a mulher vendia nas feiras de Gaia e de Matosinhos.
A 4 de Fevereiro de 1862 o júri de "Os Artistas Portuenses" escolheu a sua estátua de D. Pedro V para a Praça da Batalha, aprovada depois, a 13 desse mês, pela Câmara Municipal do Porto. Com esta obra, na qual colaborou com o canteiro António Almeida e Costa e que constitui um dos pioneiros exemplares de monumentos de rua na Invicta, alcançou o reconhecimento público. Recebeu uma condecoração do governo português e ainda uma bolsa para aperfeiçoamento do estudo de Escultura, em Paris, concedida pela Sociedade Brasileira de Beneficência D. Pedro V, do Rio de Janeiro.
Durante a curta estada em França (1864-1865) recebeu aulas de Jouffroy, da Escola Imperial de Belas-Artes de Paris, produziu o grupo escultórico "A União faz a Força", depois exposto no Ateneu Comercial do Porto, e aprendeu tecnologia da telha Marselha, que introduziu em Portugal.
Em 1865 regressou ao país. Embora tivesse intenção de voltar a Paris, nunca o chegou fazer.
Passou então a dedicar-se inteiramente à produção cerâmica. Associou-se, durante um curto espaço de tempo (1866), a Francisco Correia Breda, conhecedor da indústria, em especial da vidreira, e trabalhou na Fábrica de Cerâmica das Devesas fundada por volta de 1865, em Vila Nova de Gaia, por António Almeida da Costa, natural de S. Domingos de Rana. De funcionário tornou-se sócio e na dita fábrica fundou, em 1881, uma escola de ensino de desenho e modelação, em horário noturno, que esteve na origem da Escola Industrial Passos Manuel, também em Gaia.
Da sua obra podem destacar-se, além das esculturas já citadas, o "Baptismo de Cristo", baixo-relevo em bronze para a capela batismal da Sé Catedral do Porto; as "Alminhas da Ponte", baixo-relevo em bronze colocado nos arcos da Ribeira do Porto e que representa o desastre da Ponte das Barcas, de 29 de Março de 1809; "A Caridade", grupo em mármore para o Cemitério do Prado do Repouso; "Calvário", bronze da capela funerária da Família Emília Cabral; "Nossa Senhora do Rosário", da Igreja de Cedofeita; "Nossa Senhora da Graça", para S. Mamede de Ribatua, etc.
Morreu em Vila Nova de Gaia em 16 de Março de 1918.
Foi um ceramista criativo e um inovador pedagogo, justamente considerado como o primeiro impulsionador da "Escola de Gaia" de escultura.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)