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João Pina de Morais 1889-1953 Escritor, jornalista, político e militar |
João Pina de Morais nasceu a 6 de Janeiro de 1889 na freguesia de Valdigem, concelho de Lamego, distrito de Viseu. Ainda jovem, estudou no Colégio de Lamego e, na prossecução dos estudos, frequentou a Academia Politécnica do Porto onde, em 1911, concluiu o Curso Preparatório para a Escola do Exército na arma da Infantaria.
No mesmo ano de 1911 frequentou a Escola de Guerra e, posteriormente, assentou praça em Vila Real, no Regimento de Infantaria 13. Alguns anos mais tarde, em 1917, foi incorporado no Corpo Expedicionário Português, tendo participado na I Guerra Mundial. No regresso desta, em 1919, foi transferido de Vila Real para o Regimento de Metralhas no Porto, onde lutou ativamente contra a investida monárquica de Paiva Couceiro.
Ainda em 1919, a sua amizade por Leonardo Coimbra incitou-o a inscrever-se como voluntário na recém criada Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde frequentou o curso de Ciências Filosóficas.
Em 1922 foi eleito deputado, depois de uma tentativa falhada no ano anterior. A sua vida política ficou marcada pela ação contestatária em prol dos mais desfavorecidos. Em 1924 aderiu ao Partido Republicano Português, do qual acabou por ser expulso devido a incompatibilidades políticas com o ideário do partido.
Em 1926, após o golpe militar do General Gomes da Costa, participou ativamente no processo contra-revolucionário, razão pela qual foi obrigado a exilar-se entre os anos de 1927 e 1932. O regresso a Portugal após este episódio, e devido à ditadura vigente, foi marcado por uma ausência literária que havia de durar cerca de 20 anos.
Enquanto escritor, a vida de Pina de Morais ficou também marcada pela sua produção literária. A partir de 1917 colaborou ativamente com o jornal A Democracia; as crónicas que escreveu para este jornal resultaram no seu primeiro livro, Ânfora Partida (1917). Mais tarde, em 1919, regressado da guerra, lançou o seu segundo livro, Ao Parapeito, onde descreveu as vicissitudes da guerra vividas na pele de homens comuns, com medos, fragilidades e receios próprios da natureza humana. Na senda de Ao Parapeito, lançou, ainda, O Soldado-Saudade na Grande Guerra, em 1921.
Um ano mais tarde, com a publicação de A Paixão do Maestro (1922), apresentou pela primeira vez a temática regionalista do seu Douro natal; este livro marcou ainda a transição ideológica do escritor que abandonou a estética saudosista e adotou o naturalismo. Os inícios da década de vinte marcaram, ainda, a colaboração literária de Pina de Morais com os grupos culturais da Seara Nova e da Renascença Portuguesa.
Após um interregno de vinte anos, em 1942, Pina de Morais publicou o seu livro mais consagrado, Sangue Plebeu. É um conjunto de novelas que se distingue pelo seu realismo e veracidade, misturados com uma profunda humanidade e riqueza pictóricas. Já em 1949, publicou o seu último livro, Vidas e Sombras, que narra as vicissitudes da natureza humana numa linguagem rica e ilustrativa.
No início de 1950 foi vítima de um acidente vascular cerebral que o deixou física e intelectualmente incapacitado. Os anos que se seguiram foram marcados pela degradação do seu estado de saúde. Morreu no dia 29 de Janeiro de 1953, vítima de mais um acidente cardio-vascular.
(Texto de Tiago Santos Reigada, 2008)