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Daniel Barbosa 1908-1986 Economista, professor universitário e governante |
Daniel Maria Vieira Barbosa nasceu no Porto a 13 de Julho de 1908.
Nesta cidade cursou Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde foi discípulo de Ezequiel de Campos. Em 1935, concluiu o curso com a mais alta classificação do seu ano, o que lhe valeu um prémio da Câmara Municipal do Porto. Depois da licenciatura, estudou em vários centros universitários europeus, designadamente alemães, suíços e franceses.
Em 1936 começou a trabalhar como engenheiro-adjunto na Direção Técnica da Administração dos Portos do Douro e de Leixões e, no ano seguinte, integrou o corpo docente da faculdade que frequentara, inicialmente como assistente, depois como professor auxiliar (1941) e, por fim, como professor catedrático (1948), lecionando disciplinas de Engenharia, de Finanças e de Economia Política.
Entre 1950 e 1951, realizou um curso no Centro de Estudos Económicos e Financeiros da Associação Industrial do Porto e, em 1952, transferiu-se para o Instituto Superior Técnico, de Lisboa, onde chefiou o ensino da Economia como professor catedrático. Aqui, lecionou as cadeiras de Organização e Administração e de Economia, e desenvolveu os estudos que conduziram à publicação de "Análise Económica" (1960), tida como a sua grande obra de economia teórica.
A par da sua carreira no ensino desenvolveu atividades nos sectores público e privado. Foi apontado pelo Ministério da Economia para estudar a reforma da indústria do papel, em Dezembro de 1941 e, no início de 1942, foi escolhido para presidir à Comissão Organizadora da Indústria do Papel. Entre 1945 e 1947 exerceu o cargo de Governador do Distrito Autónomo do Funchal. Foi deputado à Assembleia Nacional (1949-1957), bastonário da Ordem dos Engenheiros (1953-1956), governador do Banco de Fomento Nacional (1965-1974) e, ainda, Ministro da Economia (1947-1948) e Ministro da Indústria e Energia (1974), no último governo de Marcelo Caetano. Desempenhou também funções no mundo empresarial.
Como economista, produziu apontamentos sobre as teorias da produção e do salário, assim como um estudo inovador sobre o mercado negro, inserido na obra "Realidades Económicas" (1952), no qual apresentou estudos de economia aplicada. Rejeitou o socialismo como modelo organizativo, não aderiu entusiasticamente à economia corporativa e defendeu um capitalismo autoritário de cariz nacionalista e intervencionista. Desde os tempos em que escrevia sobre economia no "Diário Popular", que perfilhava que a modernização da economia portuguesa passava, essencialmente, pelo desenvolvimento industrial: lançamento de indústrias pesadas, criação de um sistema de produção e distribuição de eletricidade, reorganização e modernização das indústrias, etc. no entanto, ao contrário da elite do Estado Novo, advogava que as finanças ativas deveriam ultrapassar o rigor orçamental.
Durante a sua atuação política, sobretudo como Ministro da Economia, não respeitou as bases doutrinárias, pois procurou, acima de tudo, regularizar o abastecimento público pela importação de bens de consumo e estabilizar os preços, esquecendo, em grande medida, as pretendidas criação de indústrias e reestruturação do sistema bancário.
Daniel Barbosa faleceu a 12 de Maio de 1986.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2010)