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Armanda Passos 1944-2021 Pintora |
Armanda Passos nasceu em 17 de fevereiro de 1944, no Douro, na quinta da família no Peso da Régua. Residiu sempre no Porto.
Licenciou-se em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto), com a classificação de 19 valores em Pintura, disciplina então regida por Júlio Resende. Ainda como aluna foi convidada por Ângelo de Sousa para sua assistente e aceitou o convite. Expôs regularmente desde 1976, ano em que fez a sua primeira exposição no Museu de Aveiro.
Das suas exposições individuais em Portugal e no estrangeiro, destacam-se Paintings and drawings (Londres, 1989); "Ibériques", Galerie du Cygne (Genebra, 1993); "Reservas", na Casa Andresen e "Obra Gráfica", na Reitoria da Universidade do Porto, as únicas dedicadas a um artista plástico por ocasião das comemorações do Centenário da U.Porto (2011); Sublinhe-se ainda "Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas", realizada por ocasião do seu do seu 75.º aniversário, no edifício histórico da Universidade do Porto, (2019). Representou Portugal em vários certames internacionais, de que são exemplo a exposição Portuguese Contemporary Artists, no World Trade Center (Nova Iorque, 1985), a V Biennal of European Graphic Art (Heidelberg, 1988), a Exposition Internationale de la Gravure – Intergrafia 91 (Katowice, Polónia, 1992) e a mostra no Centre de la Gravure et de l’Image Imprimée, (La Louvière, Bélgica, 1992).
A sua obra suscitou textos de escritores e historiadores, como José Saramago, Vasco Graça Moura, Urbano Tavares Rodrigues, Eduardo Prado Coelho, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Mário Cláudio, Armando Silva Carvalho, Mia Couto, Raquel Henriques da Silva, Luís de Moura Sobral ou José-Augusto França.
Está presente no Museu Nacional de Arte Contemporânea, Centro de Arte Moderna Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Champalimaud, Fundação Oriente, Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Coleção Millennium BCP, Reitoria da Universidade do Porto, Museu FBAUP, Museu de Serralves, Museu do Douro, Assembleia da República, Tribunal de Contas, Tribunal Constitucional, Procuradoria Geral da República e a Presidência da República.
Distinguida com o Prémio Ministério da Cultura, entregue pelo Primeiro Ministro Mário Soares (Lisboa, 1984), e com a atribuição da Comenda da Ordem do Mérito, pelo Presidente da República Cavaco Silva, no Dia de Portugal, (CCB, 2012).
Em 2005, idealizou e construiu a ‘Casa Armanda Passos’, projetada por Álvaro Siza, destinada a conservar a coleção guardada pela pintora ao longo da sua vida. "Enquanto viveu – a Casa era a Armanda. E assim continuará." (Álvaro Siza, 2022).
Independente, solitária, alheia a modismos, a sua obra foi resiliente e nas palavras de Lídia Jorge (2022), Armanda Passos "não tinha modelo, não pertencia a movimentos, não alimentava estratégias, não tinha outra finalidade que não entregar-se ao mundo que a habitava”.
Antes de morrer, Armanda Passos fez doações de grande significado. Deixou obras de várias técnicas ao Museu do Douro, sediado no Peso da Régua, lugar do seu nascimento, e à sua cidade do Porto, deixou óleos de grande presença no Museu Serralves, óleos que estimava e mantinha expostos na Casa.
Armanda Passos encontrou-se com o cancro. Lutou sem uma queixa. Uma mulher estóica. A 19 de outubro de 2021 deixou de respirar. Estava rodeada pelos seus companheiros inseparáveis, a filha e o cão. O último desenho foi gravado na parede principal da capela onde se encontra sepultada, no Cemitério da Lapa, Porto.
A título póstumo, Armanda Passos foi condecorada Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada, pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém (2022).
A primeira retrospetiva não aconteceu em vida. Foi em Lisboa, na Fundação Champalimaud, que uma monumental exposição mereceu o aplauso do público. "A primeira retrospetiva de Armanda Passos confirma a força da sua obra e o que perdemos em não a termos visto até hoje assim", (Cristina Margato, ”Além do Cérebro Racional", Expresso, 2022).
Os 80 anos da artista foram assinalados na ‘Casa Armanda Passos’ com uma retrospectiva anos 80. O arquiteto desenhou, para a ocasião, um mastro e uma bandeira, mais altos do que a própria casa. "Porque a tua Mãe era maior do que a casa", respondeu Siza (2024).
(Reitoria da U.Porto / Unidade de Cultura, Fabíola Passos, 2025)