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António Joaquim de Sousa Júnior 1871-1938 Médico, político e professor universitário |
António Joaquim de Sousa Júnior nasceu na Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores, a 16 de Dezembro de 1871. Era filho de António Joaquim de Sousa, comerciante, e de Maria Júlia de Sousa Lemos.
Estudou no Seminário e Liceu de Angra e, já no Porto, frequentou a Academia Politécnica e a Escola Médico-Cirúgica (1892-1898). Obteve o grau de bacharel em 1898 e o de doutor em Medicina no ano de 1900, com a apresentação da dissertação inaugural "Contribuição para o diagnóstico da tuberculose urinária: clínica, cystocospia, uroscopia e bacterioscopia". Esta tese foi orientada por Agostinho António do Souto e dedicada, entre outros, à família, aos professores Ricardo Jorge e Alberto de Aguiar, ao corpo docente da Escola Médico-Cirúrgica, em particular ao Professor Augusto Brandão, e aos professores da Academia Politécnica, sobretudo ao Conde de Campo Belo e ao Dr. Ferreira da Silva.
Exerceu atividades como médico, político e professor na Escola Médico-Cirúrgica do Porto entre 1903 e 1915 e entre 1918 e 1928. Em 1903 foi nomeado lente substituto da Secção Cirúrgica, em 1911 professor extraordinário de Cirurgia com a regência da cadeira de Terapêutica e Técnica Cirúrgica e, em 1921, regente da cadeira de Anatomia Patológica.
António de Sousa Júnior fez parte da complexa e polémica campanha de erradicação da peste bubónica do Porto. Em 1902 assumiu o cargo de médico-chefe do Hospital do Bonfim e, em 1904, quando se deu o surto de gripe pneumónica no bairro da Sé, no Porto, era o único médico do Hospital do Bonfim. O trabalho então desenvolvido valeu-lhe a medalha de ouro da Real Sociedade Humanitária do Porto, distinção até então apenas atribuída a D. Pedro V pela dedicação demonstrada aos doentes de cólera-morbus.
Na sua qualidade de perito no combate às epidemias, Sousa Júnior regressou à terra natal, comandando a missão sanitária à Ilha Terceira durante o surto de peste bubónica que, em 1908, flagelou esta ilha açoriana. Vitorino Nemésio haveria de demonstrar publicamente a sua admiração por Sousa Júnior, confessando o seu embaraço por "combinar o impulso que me levaria a falar de António Joaquim de Sousa Júnior sem protocolo nem pauta, com pura abundância de alma, e a obrigação de ser cortês e reconhecido com quem me permite hoje fazê-lo".
De regresso ao Porto, Sousa Júnior dirigiu a Escola Médico-Cirúrgica (decreto de 1 de Novembro de 1910) e também o Laboratório de Anatomia Patológica (decreto de 26 de Junho de 1926). No âmbito universitário, desempenhou, em 1924, os cargos de Vice-reitor da Universidade do Porto (decreto de 29 de Janeiro) e de Reitor da Universidade de Coimbra (decreto de nomeação de 21 de Junho e de exoneração, a seu pedido, de 21 de Agosto).
Sousa Júnior escreveu numerosos artigos científicos na "Gazeta Médica do Porto", no "Porto Médico", na "Gazeta dos Hospitais", de que foi redator. Editou trabalhos sobre temas como a História Social, as pestes que assolaram o país, a alegada falsificação dos vinhos e o abastecimento de águas no Porto e coordenou a obra "Censo Eleitoral da Metrópole" (1916). Escreveu sobre temas republicanos e teve uma ação marcante na promoção das artes e das letras em Portugal.
No campo político, foi deputado e senador (1911), o primeiro-ministro da Instrução da República (1913-1914 e 1924-1925), Presidente da Junta Autónoma do Porto, Diretor-geral da Estatística (1915-1918) e Presidente do Senado da Câmara Municipal do Porto entre 14 de Outubro de 1921 e 22 de Outubro de 1924.
Participou na 1.ª Guerra Mundial como chefe dos serviços de saúde do Corpo Expedicionário Português (1916-1918).
Sousa Júnior foi membro filiado do Partido Progressista e do Partido Republicano Português, integrando o Diretório deste partido em 1913. Pertenceu à Maçonaria a partir de 1909. Foi, ainda, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia de Bruxelas, da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais e da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Porto e recebeu a Grã-cruz da Ordem de Cristo. Na sua qualidade de Ministro da Instrução, foi um dos principais responsáveis pela criação da primeira "Escola da Arte de Representar" criada em Portugal.
António Joaquim de Sousa Júnior foi casado com Rosário Fernandes de Sousa. Por motivos de saúde, aposentou-se em 1928. Faleceu 10 anos mais tarde, a 7 de Junho de 1938.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2011)